Edição do dia 30/03/2012

30/03/2012 22h45 - Atualizado em 30/03/2012 22h45

Pacientes aguardam cirurgia no chão em hospital público de Rondônia

A Unidade de Urgência e Emergência recebe pacientes de todo o estado. São 150 leitos. Hoje, 260 pessoas estão internadas.

Em 2011, a equipe do Jornal Nacional no Ar mostrou a situação de caos no principal hospital público de Rondônia, em Porto Velho. Na época, o governo do estado chegou a decretar calamidade na saúde. Nesta sexta-feira (30), a equipe retornou ao hospital João Paulo Segundo.

A recepção, que virou ambulatório, está lotada. Corredores cheios. Os pacientes são atendidos no chão mesmo. Um menino está debaixo de uma cama, sobre um colchonete. “Isso aqui é desumano, parece que cuidam de bichos”, diz uma mulher.


A Unidade de Urgência e Emergência recebe pacientes de todo o estado. São 150 leitos. Hoje, 260 pessoas estão internadas. “O paciente deveria, depois de ser atendido, ser encaminhado para algum lugar porque aqui é muito pequeno, o hospital é pequeno”, diz diretor do hospital, Sérgio Mello.

E não para de chegar gente. A maioria vítima de acidentes de trânsito.

Só em um corredor, em uma das alas do pronto-socorro João Paulo Segundo, seis pacientes aguardam por cirurgias ortopédicas. Eles estão na unidade há 15, 20 dias, até um mês, no chão. “O que ocorre é que nos últimos 15, 20 dias, o secretário de Saúde atual suspendeu os pagamentos das próteses e de diversos insumos que são utilizados na realização de cirurgias ortopédicas. Com essa postura, ocorreu um congestionamento de cirurgias, as cirurgias pararam de ser realizadas”, diz o promotor público Hilson Chaves.

Segundo o promotor, mais de 200 pessoas estão na fila da cirurgia. Setenta e quatro são crianças. Um homem está com a perna fraturada: “Estou esperando pela cirurgia há 30 dias”, diz.

Nem os funcionários suportam mais a situação. “A tomografia eles estão prometendo há mais de um ano que vai funcionar e não funciona. Ou seja, prolonga ainda mais e o paciente, às vezes, acaba indo ao óbito por conta disso”, diz a técnica em enfermagem Simone Galvão.

Em janeiro de 2011, o Jornal Nacional no Ar mostrou a precariedade do atendimento no único hospital de pronto-socorro em Porto Velho. Nos dias seguintes, pacientes foram transferidos para aliviar a superlotação, mas um ano e dois meses depois a situação de caos se repete.

O secretário adjunto de Saúde, Orlando Ramires, diz que o fornecimento de materiais ortopédicos deve voltar ao normal em um prazo de dez dias e que estão sendo negociados leitos com hospitais privados para diminuir o problema da superlotação do pronto-socorro: “Com a construção do nosso hospital de Urgência e Emergência, que está já na fase licitatória; com alguns leitos, uns 150, 100, mais ou menos, que estamos criando a mais dentro do hospital de base, a gente coloca essa situação em níveis aceitáveis”.

Segundo a secretaria de Saúde de Rondônia, até a metade do mês que vem, 170 leitos novos estarão disponíveis em todo o estado.
 

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