04/04/2012 08h40 - Atualizado em 04/04/2012 08h40

Polícia identifica mulher que ajudava enfermeira a aplicar silicone no RJ

Três mulheres tiveram infecções graves depois do procedimento.
Marido de vítima filmou auxiliar e enfermeira injetando o produto.

Do G1 RJ

A polícia já identificou a auxiliar de enfermagem que ajudava uma enfermeira a fazer aplicações de silicone líquido em pacientes na Baixada Fluminense, conforme mostrou o Bom Dia Rio. Pelo menos três mulheres estão internadas com lesões graves provocadas pela aplicação do produto.

A auxiliar de enfermagem ainda não foi ouvida pela polícia, mas outros depoimentos já estão marcados para esta quarta-feira (4). Já a enfermeira vai responder por lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da profissão, pois o procedimento que ela fez em várias mulheres só pode ser realizado por médicos.

A polícia investiga se a enfermeira, que chegou a ser presa na sexta-feira (30), mas foi liberada em menos de 24 horas, usava silicone industrial, que é fabricado para carros e até para limpeza de aviões, no lugar do material que é produzido especificamente para tratamentos estéticos.

Imagens gravadas pelo marido de uma das vítimas mostram a técnica e a auxiliar de enfermagem realizando a aplicação na paciente. Ela é uma das três mulheres atendidas que tiveram lesões graves provocadas por infecção. Duas foram internadas em estado grave no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste, e a terceira no hospital da Polícia Militar, no Estácio, Zona Norte. As três mulheres continuam internadas, com quadro de saúde estável.

Em depoimento, a enfermeira afirmou que usa o mesmo silicone injetável usado por médicos. Mas, pelas lesões provocadas, a polícia investiga se ela utilizou silicone industrial, usado em obras, em carros e para lubrificar aviões. Segundo os investigadores, ela cobrava R$ 600 por cada aplicação, que era feita na casa das pacientes e em uma clínica em Bangu. Em média, eram feitas três aplicações, ao custo de R$ 1,8 mil. Mas em clínicas de cirurgia plástica, o procedimento varia entre R$ 8 a R$ 10 mil.

Na casa da enfermeira a polícia encontrou fotos, cheques, material cirúrgico, notas fiscais e receituários que podem revelar a participação de médicos na compra de silicone usado nas cirurgias. “Vamos ouvir todos os médicos envolvidos e cujo nome também está colocado na nota fiscal de venda do produto”, afirmou o delegado Alexandre Ziehe, responsável pela investigação.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica alerta que procedimentos como a aplicação de silicone só podem ser feitos por médicos e disse que as pacientes da enfermeira foram vítimas de uma sucessão de erros.

“Procurar um não médico, fazer com material que não se sabe o que foi, em uma casa que não era ambiente hospitalar, tudo errado. Procure inicialmente um bom médico, que ele dará, a partir daí, o andamento adequado ao seu tratamento”, afirmou José Horácio Aboudib, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Shopping
    busca de produtoscompare preços de