Economia

Vale busca austeridade para reduzir custos e ser mais eficiente, diz Murilo Ferreira

Executivo destacou a redução de 42% nas despesas gerais e administrativas e a economia de 47% em pesquisa & desenvolvimento
O presidente da Vale, Murilo Ferreira Foto: Renzo Gostoli / BLOOMBERG
O presidente da Vale, Murilo Ferreira Foto: Renzo Gostoli / BLOOMBERG

RIO - O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse nesta quinta-feira que a empresa está buscando austeridade e simplicidade para trazer mais eficiência e reduzir os custos para a companhia, durante conferência com analistas e jornalistas. O executivo destacou a redução de 42% nas despesas gerais e administrativas e a economia de 47% em pesquisa & desenvolvimento. Nas conferências, a companhia disse que existe a possibilidade de os investimentos para o ano de 2013 serem menores que o previsto inicialmente, de US$ 16,3 bilhões.

— É um esforço do nosso time. Estamos ainda trabalhando muito forte na venda de ativos não core. Serão feitos alguns anúncios. Estamos focados (na venda). E isso faz com que a companhia tenha uma dívida controlada. De ponta a ponta, é um desempenho muito bom. Queremos ser mais eficientes e vamos continuar trabalhando com muita austeridade. Queremos uma companhia mais ajustada, mais competitiva. Isso é perseguido diariamente — disse Ferreira.

Segundo o presidente, existem ainda oportunidades (de corte de custos e despesas) nas áreas de engenharia, suprimentos, custo de produção, administrativo e em investimentos em pesquisa. Nos primeiros nove meses deste ano, a Vale informou ter conseguido acumular cortes na ordem de R$ 5 bilhões.

— No ano que vem será abaixo disso (R$ 5 bilhões) — disse Ferreira.

Vendas maiores para a China e o aumento do preço do minério de ferro fizeram a Vale registrar lucro líquido de R$ 7,949 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O resultado é 139% maior em relação ao mesmo período de 2012 e 855% superior ao segundo trimestre deste ano. O número veio acima da expectativa dos analistas, que projetavam ganhos de cerca de R$ 7 bilhões entre os meses de julho e setembro. José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale destacou que o crescimento das vendas de minério para a Ásia surpreenderam, citando, especialmente, a China e o Japão.

— Esperávamos que a produção de aço na China crescesse 3%, mas cresceu 8%. Foi muito acima do que havíamos planejado. A China é assim: quebra a cara dos pessimistas e surpreende os otimistas. Estive lá há algumas semanas e há um otimismo para o ano que vem, com expectativa de mais aumento na produção de aço.

A Vale disse ainda, durante a teleconferência com os analistas, que a entrada em produção dos novos projetos da empresa — como a expansão de Carajás — o Brasil, ao lado da Austrália, vão ganhar mais peso na oferta mundial de minério. Hoje, segundo a companhia, estes dois países respondem entre 65% a 70% da oferta mundial de minério e a expectativa é que chegue a 80%.

— No último trimestre, esperávamos uma oferta de minério maior que a demanda, mas isso não ocorreu. O mercado continua absorvendo a oferta.

Murilo Ferreira disse que a companhia vai definir, nas próximas semanas, se vai ou não aderir ao parcelamento de dívidas tributárias. O prazo para aderir ao novo Refis, de refinanciamento de dívidas ligadas a coligadas e controladas no exterior, vai até o dia 29 de novembro. Murilo disse que a decisão é difícil e, após ter o conhecimento da legislação, será preciso mais dez dias para estudar e apresentar uma proposta para o Conselho de Administração.

— Temos que analisar todo o assunto de uma forma única e a decisão será tomada pelo conselho de forma única. Os méritos e deméritos serão analisados.

A Vale — que discute no Superior Tribunal de Justiça (STJ) as multas bilionárias aplicadas pela Receita Federal sobre o resultado de coligadas no exterior — espera que uma nova Medida Provisória sobre o tema seja sancionada.

— Fomos informados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) que a nova MP é iminente — disse Clóvis Torres, consultor-geral da Vale.