A taxa de inadimplência dos consumidores no comércio varejista recuou 1,17% em outubro, na comparação com igual mês do ano anterior, informou nesta terça-feira (12) a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Na avaliação de Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, a baixa observada em outubro reflete maior cautela e disciplina do consumidor em relação aos compromissos adquiridos no passado. Dados do SPC Brasil mostram que desde março a inadimplência do consumidor brasileiro vem avançando mais moderadamente, intercalando desacelerações com quedas.
"O atual momento em que os juros estão mais caros, reflexo dos recentes aumentos da Selic [taxa básica de juros], e em que a inflação alta diminui o poder de compra, faz com que o consumidor dê mais valor ao dinheiro e tenha mais disciplina ao pagar as prestações", avaliou Pellizzaro Junior.
De janeiro a outubro de 2012, porém, a inclusão de novos consumidores no cadastro de inadimplentes do SPC Brasil cresceu 3,56%. A projeção dos especialistas do SPC Brasil é de que a inadimplência continue em patamares moderados por conta da proximidade das festas de fim de ano, período em que tradicionalmente há uma maior recuperação de crédito, e volte a crescer com mais força no início de 2014.
Vendas a prazo
Mesmo com o encarecimento do crédito, resultado da alta dos juros básicos da economia pelo Banco Central, e com o consumidor mais cauteloso para tomar novos financiamentos, as vendas a prazo apresentaram crescimento de 4,11% em outubro, informaram a CNDL e o SPC Brasil. Trata-se do melhor resultado desde abril, quando haviam crescido 7,34%.
Os economistas do SPC Brasil avaliam que dois fatores foram fundamentais para o comportamento das vendas observado em outubro: as contratações temporárias de fim de ano, período em que os lojistas se preparam para atender a demanda aquecida do Natal, ampliando o quadro de funcionários, e o aumento do poder de compra com a injeção de capital extra, ocasionada pelos dissídios salariais de algumas classes trabalhadoras e pelo adiantamento no início do segundo semestre do 13º salário de aposentados e pensionistas.
No entanto, Pellizzaro Junior pondera que em 2013, o varejo nacional não conta com os mesmos fatores macroeconômicos que ajudaram a aquecer o setor nos anos anteriores, como os altos índices de crescimento de empregabilidade, expansão da renda real e a larga oferta de crédito mais barato.
No acumulado dos dez primeiros meses deste ano ano, as vendas a prazo registraram crescimento de 4,39%. “Este resultado está próximo da nossa projeção para 2013. O comércio varejista deve fechar o ano crescendo em torno de 4,5%, já descontada a inflação. É menor do que o resultado apresentado no ano passado e também inferior ao que prevíamos no começo do ano, mas o suficiente para apresentar, mais uma vez, um desempenho bastante superior ao PIB nacional”, avaliou Pellizzaro.