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TV investe na arquitetura brasileira

Tema ganha destaque em canais por assinatura revelando o nosso jeito de morar

Série Habitar, da Sesc TV, vai mostrar diferentes tipos de moradia em 13 episódios. Num deles, as palafitas da região amazonense que garantem a sobrevivência da população numa área que passa metade do ano alagada
Foto: Divulgação/ Gonzalo Melgar
Série Habitar, da Sesc TV, vai mostrar diferentes tipos de moradia em 13 episódios. Num deles, as palafitas da região amazonense que garantem a sobrevivência da população numa área que passa metade do ano alagada Foto: Divulgação/ Gonzalo Melgar

RIO - Das belas casas desenhadas por alguns dos principais arquitetos brasileiros àquelas esculpidas, em barro e madeira, pelas mãos de seus moradores. A arquitetura brasileira, tão rica em estilos, formas e técnicas construtivas vem mostrando sua diversidade na TV por assinatura. E trazendo, com ela, o jeito de morar e de viver de brasileiros — ricos e pobres — espalhados pelos quatro cantos do país.

No último domingo, estreou na Sesc TV o mais novo programa dedicado ao tema. Em “Habitar”, o jornalista Paulo Markun explora algumas das soluções criadas pelos brasileiros para viver nas mais diferentes regiões do país: as palafitas de Manaus, as favelas cariocas, a maloca dos índios, o pau a pique do sertão nordestino, a sofisticada técnica do uso de madeira dos colonos japoneses do Vale da Ribeira, em São Paulo. São 13 episódios gravados ao longo de oito meses e cerca de 24 mil quilômetros percorridos, para revelar um Brasil, em parte, ameaçado de extinção.

— Fomos atrás das maneiras variadas de resolver o problema mais básico do ser humano: a moradia. E acabamos descobrindo que muitas dessas técnicas tradicionais estão, hoje, ameaçadas de sumir até pela evolução tecnológica — diz Markun, citando o caso do pau a pique, praticamente abandonado por ser considerado “moradia” também para os barbeiros.

Mas, apesar de todas as diferenças externas, Markun também notou semelhanças no interior dessas casas.

— A cozinha está sempre numa posição central. E mesmo tendo poucos objetos, essas casas têm muitas cores em seu interior, sobretudo as sertanejas, e tudo é limpíssimo e muito bem cuidado — conta o jornalista, que também vai mostrar casas de arquitetos.

Nesse quesito, está no ar há três anos, o “Casa brasileira”, também nas noites de domingo, no GNT. Com direção de Alberto Renault, o programa passeia pelo trabalho dos mais importantes arquitetos brasileiros, mostrando algumas de suas obras e a visão de seus clientes. Como por exemplo, o programa que mostrou a casa de campo do autor de novelas João Emanuel Carneiro, projetada por Miguel Pinto Guimarães.

— Mais que construções, o programa mostra pessoas. Mas o ponto de partida é sempre o arquiteto que desenhou aquela casa — diz Renault, que depois de preparar a temporada de férias do programa, passando por Paris e Uruguai, se dedica a uma nova série sobre o mesmo tema: “Morar”. — Agora, o ponto de partida é o morador e não o profissional e a maneira como aquela casa se insere no lugar onde está.

Serão oito episódios em regiões como o Cariri, no Nordeste, a Serra Gaúcha, e Diamantina. O programa, que estreia apenas em maio, ainda está sendo gravado, mas Renault, que faz a direção geral e acompanhou algumas das gravações, já percebe semelhanças entre esses dois estilos aparentemente tão distintos de viver, tanto no espaço físico, como na relação com ele:

— A TV perdeu a timidez e voltou a ocupar posição central. Onde ela está é o lugar em que a família se reúne. Por outro lado, a relação afetiva do morador com a casa é sempre muito parecida. Quem passa dois, três anos construindo uma casa, ama o lugar. É projeto de vida. A mesma paixão é muito presente nas casas que mostraremos no “Morar”.