Economia

Governo eleva limite de participação de estrangeiros no BB

Autorização para mudança saiu por decreto presidencial, que entrou em vigor esta sexta-feira

RIO e BRASÍLIA - Um decreto presidencial elevou o limite permitido de participação estrangeira no capital total do Banco do Brasil. A fatia que pode ser destinada a investidores do exterior foi de 20% para 30%. Na contramão do mercado, que começou o dia em baixa ,  as ações ordinárias do Banco do Brasil chegaram a subir mais de 2% e registrar a maior alta do pregão.

A informação foi divulgada por meio de fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No “Diário Oficial da União”, o texto diz que “é do interesse do governo brasileiro a participação estrangeira” até esse total.

O aumento foi pedido pelo próprio  Banco do Brasil, por prever maior demanda por papéis da instituição financeira com as novas regras do índice Bovespa.

- Se o banco ganhar mais presença no índice, os fundos que acompanham o Ibovespa precisarão comprar mais ações da instituição - explicou o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, Ivan Monteiro, à Reuters, por telefone.

Segundo o executivo, a participação estrangeira no capital esteve nos últimos meses muito próxima do limite anterior, de 20%.

- Em maio, essa participação chegou a 19,97%.

O limite já havia sido elevado em setembro de 2009 de 12,5% para 20%, na mesma ocasião em que foi autorizada pelo governo a emissão de American Depositary Receipts (ADRs) da instituição financeira.

A emissão dos recibos de ações negociados no mercado americano ocorreu em dezembro de 2009, quando o banco informou que a iniciativa permitiria a diversificação da base acionária e o aumento da liquidez da ações.

Segundo o documento assinado pela presidente Dilma Rousseff, o Banco Central tomará as providências necessárias para executar essa decisão. O decreto entra em vigor a partir desta sexta-feira.

O vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil (BB), Ivan Monteiro, explicou que o objetivo da ampliação da fatia do capital estrangeiro para 30% é aumentar a liquidez das ações da instituição e assim, assegurar maior ganho aos acionistas. Ele destacou que a medida vinha sendo estudada pela direção do BB há seis meses, antes que a presença do investidor estrangeiro alcançasse o limite permitido, que era de 20%.  Em 2006 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou a participação do capital estrangeiro de 5,6% para 12,5% e em 2009,  para 20%.

- Quanto maior a liquidez, mais valorização e quanto mais valorização, maior a presença (do BB) no Índice da Bolsa - disse Monteiro, lembrando que, em 2014, haverá alterações na metodologia do Índice Bovespa, em que o valor da companhia passará a ter maior relevância.  - As ações do BB estão reagindo positivamente, numa demonstração de que o mercado aplaudiu a medida. É um selo de reconhecimento à melhoria da governança do banco - comemorou Monteiro.

Reforçando o discurso de ontem da presidente Dilma Rousseff, ele disse que o investidor estrangeiro é "muito bem-vindo" ao país, que oferece uma "plataforma"  de investimentos com alternativas para diversificar as aplicações.

Novas elevações não estão no horizonte, segundo ele, porque o Tesouro Nacional detém 58% das ações do banco e o fundo de pensão dos funcionários do BB (Previ), 10,48%. Os 30% restantes estão diluídos entre acionistas estrangeiros e nacionais.

Criação de valor para o banco

Para o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi, a iniciativa é uma forma de criar valor para o Banco do Brasil:

— A permissão para ter mais capital estrangeiro cria valor para o Banco do Brasil. A demanda sobe e as ações avançam, ajudando a aumentar o valor de mercado do banco. Hoje, por exemplo, os papéis estão subindo enquanto o resto do mercado cai ou está parado. É uma forma de tornar o valor de mercado do banco maior — diz Galdi.

Na sua avaliação, esta não é uma estratégia para buscar novos recursos. O decreto permite que os papéis que hoje estão nas mãos de investidores brasileiros passe a estrangeiros, diz Galdi, explicando que a base acionária do banco permanecerá a mesma.

Segundo dados disponíveis na BM&FBovespa, a composição atual do capital social do Banco do Brasil é formado pelas seguintes bases: Secretaria do Tesouro Nacional (50,73% das ações); Caixa FI Garantia Construção Naval (3,69%); Fundo Fiscal de Inv. e Estabilização, (3,86%); Fundo Garantidor Para Investimentos (0,26%); Caixa de Previdência Dos Funcionários Do Banco Do Brasil (10,38%); BB Fgeduc - Fundo de Investimento Multimercado (0,22%) e BB FGO - Fundo de Investimento em Ações (0,33%). A quantidade de papéis do banco em livre circulação no mercado é estimada em 29,82% e em Tesouraria (0,70%).