Edição do dia 10/04/2012

10/04/2012 21h31 - Atualizado em 10/04/2012 21h41

Campanha em SC incentiva adoção de crianças com mais de três anos

Cerca de 80% das famílias que estão na fila de espera para "adoção" buscam meninas de no máximo três anos e sem irmãos.

Já faz mais de dez anos que o Jornal Nacional reserva um tempo para valorizar a ação de pessoas que ajudam outras pessoas. E você reconhece essas reportagens logo no início - porque elas sempre começam com uma marca forte, que tem as cores da bandeira do Brasil e uma frase musical do nosso hino.

A edição desta terça-feira (10) traz, mais uma vez, um exemplo desse Brasil bonito. Em Santa Catarina, a gente mostra o resultado de uma campanha que incentiva casais a adotarem crianças mais velhas e adolescentes.

Quando Mariá viu Juliana pela primeira vez ficou encantada. A menina tinha seis anos e morava num abrigo.  “Foi amor à primeira vista. Eu senti que aquela era a criança que eu queria adotar”, conta a professora Mariá Nascimento Pereira.

Mas aí veio a surpresa. “A Juliana correu para o meu colo e disse: ‘mas tem um problema’. Eu perguntei: qual é ? ‘tia, eu tenho mais três irmãs’", lembra.

O marido levou um susto. Fabio e Mariá já tinham dois filhos biológicos.

“Triplicar o time não é fácil, mas nós decidimos encarar”, afirma o professor Fábio Nascimento Pereira.

Hoje a família não tem dúvidas: o que triplicou foi o amor entre eles.

“Eu sinto vontade de falar para todo mundo que eu tenho a melhor família do mundo, a mais feliz, a mais alegre, a melhor família”, diz Mariá.

Histórias como esta são raras no Brasil. Cerca de 80% das famílias que estão na fila de espera para "adoção" buscam meninas de no máximo três anos e sem irmãos.

O desejo de encontrar uma criança "ideal" afasta os pais dos possíveis filhos adotivos. Para reduzir esta distância, Santa Catarina criou a campanha laços de amor.

Os vídeos produzidos e exibidos no estado incentivam a adoção de crianças que já passaram dos três anos de idade.

“Os pais imaginam que essas crianças que sofreram muito na sua vida até então, tenham numa nova vida marcas do passado. E isso, muitas vezes, preocupa e assusta. As experiências práticas mostram o contrário, mostram crianças sedentas de carinho que retribuem por dez aquilo que recebem dos pais adotivo”, explica o Deputado Gelson Merísio.

Gabriel já tinha sete anos e poucas esperanças de ser adotado quando Iria abriu os braços para ele.

“Foi crescendo o nosso amor, a nossa simpatia, a nossa afinidade e foi assim. Eu estou cuidando do Gabriel, ele está cuidando de mim, e nós somos felizes juntos porque é um momento especial para nós dois”, afirma a aposentada Iria Guterrez.

Amparadas, as crianças ganham confiança para construir o futuro: “Eu estou estudando muito porque eu quero ser juíza e o meu sonho é ajudar outras crianças a serem adotadas também”, diz Ana Claudia, de 15 anos.

“Não precisa esperar um filho, mas sim conhecer um filho”, acredita Juliana Nascimento Pereira, de 13 anos.

Essa campanha envolve o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Ordem dos Advogados e a Assembléia Legislativa de Santa Catarina.