Era pra ser uma safra lucrativa, mas os pés de repolho apodreceram na lavoura porque o agricultor Edilson Burik não tinha para quem vender.
Em Prudentópolis, no sul do Paraná, 300 agricultores estão na mesma situação. Eles estavam inscritos no Programa de Aquisição de Alimentos do Governo Federal, o PAA, programa criado para garantir a compra de parte dos alimentos produzidos por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades indígenas e outros povos tradicionais. Em troca dos alimentos, cada um recebia uma cota anual de R$ 6,5 mil.
O programa está suspenso desde setembro, quando 11 pessoas foram presas na Operação Agrofantasma, da Polícia Federal. As investigações que começaram em 2011 concluíram que houve desvio de dinheiro dos projetos. No Paraná, toda a cúpula da Conab, órgão que gerencia os recursos, foi afastada. Um dos diretores nacionais do órgão foi indiciado por estelionato.
A suspensão dos programas atinge também as instituições que recebiam, de graça, os alimentos, como escolas e creches. Desde que parou de receber as frutas, verduras e legumes, um hospital está tendo um custo de R$ 8,5 mil a mais por mês para manter o cardápio dos pacientes.
Só no Paraná, as investigações de desvio de verba, na Conab, provocaram a suspensão de outros 19 projetos de compra de alimentos de pequenos produtores.