Economia

Saiba como são os aeroportos mundo afora dos concorrentes ao Galeão e Confins

Cinco consórcios encabeçados por grandes grupos nacionais dos setores de construção e infraestrutura disputam a privatização com empresas estrangeiras
Avião aterrissa no aeroporto de Frankfurt, operado pela Fraport Foto: Hannelore Foerster / Agência O Globo
Avião aterrissa no aeroporto de Frankfurt, operado pela Fraport Foto: Hannelore Foerster / Agência O Globo

LONDRES, PARIS, BERLIM e TÓQUIO - Cinco consórcios encabeçados por grandes grupos nacionais dos setores de construção e infraestrutura disputam a privatização do aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, no leilão desta sexta-feira. Destes consórcios, pelo menos três deverão apresentar propostas também para o Aeroporto Internacional Trancredo Neves (Confins), em Minas Gerais.

As propostas foram entregues nesta segunda-feira numa romaria de advogados que, munidos de caixas e malas com rodinhas cheias de documentos, foram à sede da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para deixar toda a documentação exigida pelos editais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Anac anunciará na quinta-feira quem poderá de fato participar do leilão. Para o Galeão, o lance mínimo estipulado é de R$ 4,828 bilhões, com investimentos estimados em R$ 5,7 bilhões. Em Confins, os valores são, respectivamente, R$ 1,096 bilhão e R$ 3,5 bilhões.

Amsterdã - Aeroporto de Schiphol ( Participa em consórcio formado por Schiphol, ADP e Carioca Engenharia)

Terceiro maior do mundo, o aeroporto de Schiphol é que que cresce mais depressa na Europa, de acordo com dados do escritório de estatísticas da União Europeia (UE), o Eurostat. Com 51 milhões de passageiros e 1,5 milhão de toneladas transportados por ano, é origem de 423,4 mil voos para 317 destinos diferentes.

No páreo também para o leilão do Galeão nesta sexta-feira, os donos do aeroporto (o majoritário Estado holandês, municipalidades de Amsterdã e Roterdã, além da francesa Aéroports de Paris) além das operações em solo nacional (que ainda inclui os aeroportos de Roterdã, Haia, Eindhoven e Lelystad) também tem presença direta e indireta nos Estados Unidos, Austrália, Itália, Hong Kong, Aruba e Suécia. E ainda detém 8% da Aéroports de Paris. Em 2008, a holandesa e a francesa compraram participação exatamente do mesmo tamanho uma da outra.

Paris - O aeroporto Paris-Charles de Gaulle (CDG) é o segundo no ranking europeu em volume de tráfego de passageiros (atrás apenas de Heathrow, em Londres), e o sétimo no mundo (mas ao final deste ano deverá cair para o oitavo posto, superado por Dubai, nos Emirados Árabes Unidos). Em 2012, circularam pelos seus terminais 61,6 milhões de passageiros, uma média de 168.800 por dia, num aumento de 1,1% de frequentação em relação ao ano anterior. Roissy-Charles de Gaulle, como é comumente chamado por estar localizado na municipalidade de Roissy-le-France, se estende numa área de 3.257 hectares a vinte e cinco quilômetros ao norte de Paris. Com uma capacidade total de 79,3 milhões de passageiros anuais, foi selecionado como hub mundial da companhia Air-France-KLM e hub europeu da aliança SkyTeam (formada por 19 companhias). Também serve como hub europeu para as empresas de frete FedEx e La Poste, capaz de encaminhar 3,5 milhões de toneladas de carga por ano. A média do número de decolagens e aterrissagens diárias em 2012 foi de 1.346.

Cingapura - Aeroporto de Changi (Participa em consórcio formado por Changi e Odebrecht)

Ao anunciar recentemente um projeto de expansão do Aeroporto Internacional de Changi, o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, classificou-o como um reflexo da imagem da cidade-estado - um lugar que prospera como centro mundial de negócios, comércio e turismo. Não era pura retórica política. O Changi foi eleito este ano o melhor aeroporto do mundo numa votação da consultoria Skytrax, que ouviu 12 milhões de passageiros ao redor do planeta. É a quarta vez que o aeroporto fica com o primeiro lugar da lista, desbancando a concorrência asiática e europeia.

Administrado pelo Changi Airport Group (CAG), que se uniu à Odebrecht para participar do leilão de privatização do Galeão, o aeroporto de Cingapura ocupa o sétimo lugar no ranking dos mais movimentados do mundo, posição fenomenal se for levado em conta o tamanho da ex-colônia britânica, com cerca de cinco milhões de habitantes. O Changi atende 51,2 milhões de viajantes por ano e é uma das pedras fundamentais do plano cingapurense de se firmar como maior centro financeiro e tecnológico da Ásia. A cada cem segundos, um avião decola ou pousa no Changi. São 6,6 mil voos por semana, operados por 110 companhias aéreas que conectam Cingapura a 250 cidades em 60 países.

Londres - Aeroporto Internacional Heathrow (Participa em Consórcio formado por Ferrovial e Queiroz Galvão)

Principal aeroporto do Reino Unido e décimo maior do mundo, o britânico Heathrow - comandado pela espanhola Ferrovial, que participa nesta sexta-feira na disputa pelo Galeão - transporta nada menos que 191,2 mil pessoas por dia. Trata-se de cerca de 70 milhões de passageiros ao longo de um ano.

O grupo espanhol arrematou a operadora British Airport Authority (BAA), então dona de Heathrow, Gatwick, Stansted, Southampton, na Inglaterra, e Glasgow e Aberdeen, na Escócia - ainda em 2006 por 10,3 bilhões de libras, ou cerca de R$ 40 bilhões. Desde então, foi praticamente obrigada a se desfazer de Gatwick, o segundo maior aeroporto do país, depois de decisão da autoridade antitruste britânica que não queria um monopólio no setor.

Também realizou outros negócios importantes como a venda, no mês passado, de 8,65% da holding da Heathrow Airport Holdings (HAH) para um fundo de pensão britânico. A parcela indireta da Ferrovial na HAH passou a 25%, o que a manteve como principal acionista e parceiro industrial da empresa no longo prazo.

Zurique - Aeroporto Internacional de Zurique (Participa em consórcio formado por CCR e Flughafen)

Há dois meses, o aeroporto de Zurique, na Suíça - que também está no páreo na disputa pelo Galeão - recebeu o prêmio World Travel por ter sido considerado o melhor da Europa pelo décimo ano consecutivo. Sétimo maior do mundo, pertence à Flughafen Zürich AG, cujos sócios majoritários são o cantão de Zurique, com 33,33% das ações, e a cidade de Zurique, com 5%. Os outros acionistas são bancos, fundos de investimento e de pensão.

O campo de ação da Flughafen Zürich AG não está restrito ao território suíço. A empresa tem procurado aumentar sua participação em outros mercados, sobretudo na Índia e na América Latina, onde está presente no Chile, na Colômbia e em Honduras. Os 22,8 milhões de passageiros transportados a partir do aeroporto de Zurique usam 65 companhias áreas para chegar a 188 destinos diferentes.

Frankfurt - Aeroporto Internacional de Frankfurt (Participa em consórcio formado por Ecorodovias, Fraport, Invepar e OAS)

Menor do que Heathrow, mas assim mesmo gigantesco, o aeroporto de Frankfurt é o melhor do continente no que se refere a infra-estrutura. Além dos trens regionais que levam os passageiros de toda a Alemanha e paises vizinhos até perto do portão de embarque, Frankfurt é o único mega-aeroporto do mundo que tem uma estação própria para o trem-bala, com uma frequência de seis partidas ou chegadas por hora. Com isso, a aeroporto atrai passageiros de toda a Europa.

A história da origem do aeroporto de Frankfurt está ligada ao nome da primeira companhia aérea do mundo, a alemã DERAG, que começou a voar de Frankfurt já em 1912. Nas décadas seguintes, o futuro parecia está com as naves aéreas Graf Zeppelin, que tiveram em Frankfurt um importante centro de decolagem. A 120 km do centro de Frankfurt, o aeroporto é hoje o principal centro de conexões para o leste da Europa, com vôos que partem para 300 cidades diferentes de 70 paises do mundo. No lugar do Zeppelin, é o A-380 que entusiasma os admiradores de novos veículos aéreos.

Munique - Comparando com Frankfurt, Munique é menor mas de localização mais fácil para os passageiros porque lá é tudo mais organizado. O aeroporto de Munique, capital da Baviera, o estado mais rico da Alemanha, foi inaugurado em 1992. Ele é o sétimo maior da Europa e o 26. sexto do mundo mas em termos de conforto para os passageiros é o segundo melhor da Europa e o sexto do mundo. Isso é pelo menos o que indica o ranking da Skytrax, que fez uma pesquisa junto a seis milhões de passageiros.