Economia Defesa do Consumidor

Cinemas de quatro capitais têm falhas de segurança, diz pesquisa

Proteste avaliou 40 salas de Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Apenas duas estavam totalmente dentro das regras

Os problemas mais graves, de acordo com o levantamento da Proteste, foram identificados em Salvador /
Foto: André Coelho
Os problemas mais graves, de acordo com o levantamento da Proteste, foram identificados em Salvador / Foto: André Coelho

RIO - De 40 salas de cinema de dez redes no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Belo Horizonte e em Salvador, 38 têm ao menos um problema de segurança, segundo avaliação realizada pela Proteste - Associação de Consumidores. Durante o levantamento, foram encontradas falhas graves de segurança em locais que funcionam com o aval do Corpo de Bombeiros. Apenas o Centerplex Lapa, em São Paulo, e o Roxy, no Rio, não apresentam falha em termos de segurança.

Os problemas mais graves, de acordo com o levantamento, foram detectados em Salvador. As salas Center Lapa, Saladearte Museu e XIV não tinham porta com barras antipânico. Cinemark Salvador, Cinépolis Bela Vista e Center Lapa estavam com obstruções nas saídas de emergência ou no acesso aos extintores de incêndio. No Cine Vivo, não havia extintores na sala e o do lado de fora estava escondido sob uma escada. Além disso, no Center Lapa, havia poltronas quebradas e encardidas, além de lixo nos cantos, e no UCI Iguatemi, foram encontradas baratas na sala de exibição e nos banheiros.

Ainda em Salvador, não foram passadas as orientações de segurança antes do início do filme no Center Lapa, no Espaço de Cinema Itaú, na Saladearte Museu, na  UFBA e no XVI. Além disso, os mesmos cinemas – com exceção da Saladearte Museu – não tinham sinalizações de proibido fumar.

- É preocupante. Nesses locais onde verificamos problemas, o consumidor está mais vulnerável caso ocorra algum incidente. Encaminhamos os resultados para as redes de cinema, mas até o momento não obtivemos resposta. Também enviamos os dados também para as prefeituras e Vigilância Sanitária, porque também detectamos falhas na higiene em alguns locais - disse David Passada, advogado da Proteste, que acompanhou o levantamento.

Sem sinalização luminosa

No Rio de Janeiro, no Botafogo Artplex não havia porta com barra antipânico, mas a vinheta inicial do filme indicava que a sala possuía tal equipamento. As vinhetas com as medidas de segurança antes das sessões não foram exibidas no Cine Sesc Rio nem no Cine Center Shopping. Este último também não indicava a lotação máxima e não havia iluminação no piso. Ainda de acordo com a Proteste, no Cine Sesc Rio, foram encontrados trechos de escada sem corrimão e não havia indicação de saída de emergência. Mesmo problema detectado no Cinesystem do Shopping Via Brasil.

Em São Paulo, Cinépolis Largo 13, Cinemark Cidade Jardim, Kinoplex Itaim e Espaço Itaú Augusta também não exibiram as orientações de segurança. As salas de Reserva Cultural e UCI Shopping Anália Franco não tinham sinalização luminosa para as saídas de emergência e, no Moviecom Penha, ela estava queimada. O Espaço Itaú Augusta não apresentava sinalização de proibido fumar e o Kinoplex Itaim não indicava a lotação máxima.

Em Belo Horizonte, o Cinemark BH Shopping não tinha sinalização para as saídas de emergência. No Usiminas Belas Artes, a sinalização de proibido fumar estava queimada e no Cinemark Diamond Mall e BH Shopping não havia esta sinalização luminosa, informou a Proteste.

A entidade de defesa do consumidor ressaltou, ao divulgar o resultado da avaliação que “negligência na prevenção pode levar a tragédias como a do incêndio na boate gaúcha, no início do ano, que vitimou 242 jovens”, referindo-se à Boate Kiss, que funcionava na cidade de Santa Maria.

O que dizem as empresas

O Kinoplex informou que o processo de utilização das placas de sinalização começou pelo Rio de Janeiro e está sendo ampliado para todo o Brasil. As salas de São Paulo do Kinoplex estarão inteiramente sinalizadas até 15 de dezembro de 2013.

Marcelo Sá, diretor de Marketing da rede Saladearte, em Salvador, disse que providenciará imediatamente os informes com orientações sobre segurança antes do início de cada sessão. A instalação de portas com barras antipânico, segundo ele, já estão previstas no orçamento de 2014. Sá informou ainda que no Cine Vivo, pertencente à mesma rede, há um extintor de incêndio está em conformidade com as normas de segurança e que o equipamento localizado do lado de fora da sala já está visível para os usuários.

O grupo Multicine Gestão do Imaginário, responsável pelas salas do CineSesc, informou que a vinheta de segurança é exibida regularmente e os informativos luminosos de saída de emergência estão funcionando normalmente.

A rede UCI Cinemas informou que faz dedetizações mensais em todas as suas instalações, de acordo com as normas de regulamentação sanitária, e fará o reforço no procedimento. A rede informa ainda que todas as salas possuem saídas de emergência devidamente sinalizadas e iluminadas. No período da pesquisa em questão uma luz pode ter queimado, o que já foi regularizado pela equipe técnica da empresa.

A Cinesystem Cinemas disse que segue todas as orientações de segurança e que todas as salas do multiplex de Irajá possuem placas indicativas de saída de emergência. Quanto aos corrimãos, a rede informa que as salas 3 e 4 estão em reforma e que os trechos de escada sem o corrimão estão devidamente isolados. "Os corrimãos laterias, fixados nas paredes, já foram instalados há cerca de um mês", complementou.

O Circuito Itaú de Cinemas informou que suas salas possuem portas destravadas em todas as unidades. "Em Botafogo, as quatros salas que têm saída para a rua, possuem portas antipânico", afirma em comunicado. Informou ainda que está produzindo novas vinhetas de orientação de segurança. E acrescentou: "o saguão da unidade da Rua Augusta (em São Paulo) possui três avisos com a imagem Proibido Fumar e os complexos do circuito possuem certificado do corpo de bombeiros".

A rede Cinemark informou segue todas as normas de segurança vigentes e realiza manutenções periódicas em suas salas e complexos, com o objetivo de evitar desgastes e realizar os reparos necessários na sinalização e em outros equipamentos. "A rede já solicitou uma averiguação interna, para apurar e corrigir os problemas citados", acrescentou.

As demais salas avaliadas pela Proteste foram procuradas pelo GLOBO, mas não tinham porta-vozes imediatamente disponíveis para comentar o resultado da avaliação.