Economia

Com taxa Selic a 10%, 392 mil cotistas de DI passam a ter fundos competitivos

Com alta, fundo DI com aplicação de R$ 1 mil bate inflação

Rafael Paschoarelli, professor da USP, diz que investidor precisa pesquisas taxas de administração para não “jogar dinheiro fora”
Foto: Eliária Andrade
Rafael Paschoarelli, professor da USP, diz que investidor precisa pesquisas taxas de administração para não “jogar dinheiro fora” Foto: Eliária Andrade

RIO - Com a volta da taxa básica de juro ao patamar de dois dígitos, a 10% ao ano, a vida dos investidores em renda fixa ficou um pouco menos complicada, especialmente para quem aplica em fundos DI, Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e títulos públicos pós-fixados. Essas aplicações, que passaram um longo período de parcos resultados, voltam a render mais do que a inflação, mesmo para quem tem pouco a investir. Para os fundos, aplicações de R$ 1 mil já se mostram mais vantajosas.

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, para 10% ao ano, dentro das expectativas do mercado financeiro. Foi a última reunião do Copom neste ano. Os membros da autoridade monetária voltam a se reunir em 14 e 15 de janeiro de 2014. Economistas espera uma nova alta da taxa.

Segundo Rafael Paschoarelli Veiga, professor da USP e responsável pelo sistema Comdinheiro, um fundo DI com taxa de administração de 2% passa a render 6,23% ao ano após a elevação dos juros ontem. É um retorno maior do que o projetado para o IPCA nos próximos 12 meses, de 6,14% no boletim Focus, do Banco Central (BC). Com a Selic anterior, esse rendimento seria menor, de 5,86% ao ano após o pagamento de impostos.

- O importante para ter uma aplicação com ganho real é pesquisar taxas de administração baixas. É preciso se informar sempre para não jogar dinheiro fora - disse o professor da USP, acrescentando que o maior rendimento das aplicações faz parte de ciclos da taxa de juros no país. - Os investimentos prefixados estavam melhor quando os juros caiam. Esse movimento agora beneficia os pós-fixados. O investidor deve fazer as contas e avaliar se vale a penas migrar a aplicação.

Levantamento do sistema Comdinheiro mostra que 63% dos cotistas de fundos DI (ou 1,29 milhão) estão agora em fundos com ganho real (acima da inflação). São 392 mil a mais nessa situação do que com a Selic anterior.

Outro levantamento, realizado pela Órama Investimentos, mostra que de 449 fundos classificados como DI (incluindo abertos e fechados, de curto prazo, longo prazo e previdência), 334 vão render mais do que a poupança com a taxa da Selic a 10% ao ano.

Outra aplicação se torna mais atraente é o CDB, muito oferecidos nas agências bancárias. Um título que renda 80% do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), taxa já considerada baixa, terá agora um retorno de 6,40%. Esse rendimento seria 6,10% com o juro básico menor. Isso significa que o ganho com a aplicação, após o imposto de renda, vai crescer de R$ 610,50 ao ano para R$ 640,20.

Os títulos públicos pelo Tesouro Direto, sistema de negociação para pessoas físicas pela internet, seguem imbatíveis: passam a render 7,45% ao ano. O ganho supera o da poupança, que deve render 6,67%. Segundo Sandra Blanco, da Órama Investimentos, o investidor precisa fazer as contas e avaliar se vale a pena migara a aplicação.

- A diferença às vezes é pequena dessas aplicações pós-fixadas para a poupança, por exemplo. Tem investidores que preferem a comodidade e rapidez da poupança mesmo ganhando um pouco menos - explica Sandra.