Edição do dia 11/05/2012

11/05/2012 21h40 - Atualizado em 15/05/2012 14h43

Passageiros enfrentam altos preços em lanchonetes de rodoviárias

Levantamento feito com passageiros de ônibus pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte (Abrati) mostrou que, entre 15 itens, preço dos alimentos é o maior motivo de insatisfação.

O Jornal Nacional encerra, nesta sexta-feira (11), a investigação especial sobre viagens de ônibus pelas estradas brasileiras. Além do desconforto, da precariedade de instalações, dos perigos, Rodrigo Alvarez registrou o comportamento dos passageiros nos encontros, nas despedidas e na hora da fome.

Ansiedade na rodoviária quase deserta de Cuiabá. O irmão de Maria José vinha do Sul do Brasil, mas demorou a chegar.

“Ele era para estar aqui às 18 horas, mas tem uma hora já”, afirma ela.

Quando ele finalmente desembarca, só dá tempo de entregar o lanche, dar um abraço demorado e ver o irmão seguindo viagem para o Norte do país.

De norte a sul, rodoviárias são cenários para encontros, romances e até noivados de última hora.

“A gente não é casado, mas como eu estou passando o mês na minha mãe, então resolvi colocar aliança”, conta Adriana Vihalba quando questionada sobre vender a aliança.

Adriana vai de Belo Horizonte para Brasília. Deixa o noivo, o filho mais velho e algumas lágrimas.

“Ficar longe é bem complicado”, fala Adriana, emocionada.

E um funcionário de um guarda-volumes em Salvador, diante de um cálculo complicadíssimo, sugere que o melhor é não pagar a taxa extra do seguro:

“O senhor vai dar dinheiro de graça aí, porque não some nada no guarda- volumes”.

É tudo pela economia, até por que o preço que às vezes acaba com o bom humor de uma viagem, é o que se paga nas lanchonetes.

“É R$ 4”, diz uma balconista sobre o preço de um sanduíche.

“Pão com mortadela? Nunca vi pão com mortadela tão caro”, fala uma mulher, impressionada.

Um levantamento feito com passageiros de ônibus pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte (Abrati) mostrou que, entre 15 itens, o preço dos alimentos é o maior motivo de insatisfação.

“Aeroporto que costuma ser caro assim, não um terminal rodoviário”, questiona uma mulher.

Mas pela larga experiência rodoviária da equipe, depois de mais de 6 mil quilômetros eles puderem dizer que tem de tudo o que é preço. E para demonstrar, o grupo fez uma espécie de Índice Nacional de Preços das Coxinhas de Frango.

“É R$ 3,20 uma coxinha”, afirma uma vendedora.

Por que a coxinha? Por que ela é uma preferência rodoviária nacional.

“A coxinha na concorrência pode ser R$ 3,20, mas não é de categoria”, diz a balconista Gláucia de Jesus Santos.

Sem levar em conta a categoria, dá para dizer que a musa das estradas custa, em média, algo em torno de R$ 3. Mas de uma ponta a outra do Brasil, a "disparidade inflacionária" das coxinhas chega a 300%.

O repórter Rodrigo Alvarez diz ter encontrado a coxinha mais cara do Brasil em Sombrio, Santa Catarina. Ela custava R$ 4.

“O que a coxinha tem de especial é o frango. Ela é normal, igual às outras de R$ 1”, entrega um vendedor.

Só que a coxinha de R$ 1, a equipe encontrou uma única vez. A 3.787 quilômetros do local, no terminal de Santa Luzia do Pará, no Pará.

“A minha coxinha sai a R$ 1. Se for vender a R$ 3, a gente não vende. O pessoal não tem dinheiro”, diz uma dona de lanchonete.

A Itapemirim, operadora do ônibus mostrado em excesso de velocidade na reportagem dessa quinta-feira (10), afirmou nesta sexta-feira (11) que orienta seus motoristas a respeitarem os limites de velocidade e contestou a denúncia de um motorista da companhia de que adultera tacógrafos para que não registrem a infração. Segundo a companhia, o tacógrafo do ônibus mostrado na terça-feira é eletrônico, o que torna muito difícil a adulteração.