Política

Pai de novo ministro do Trabalho pode constranger PT

José Vicente Brizola denunciou esquema de governo petista com o jogo

Brizola Neto conversa com Paulinho da Força às véspera de posse
Foto: O Globo / André Coelho
Brizola Neto conversa com Paulinho da Força às véspera de posse Foto: O Globo / André Coelho

BRASÍLIA - Se José Vicente Brizola comparecer nesta quinta-feira à posse de seu filho Brizola Neto como novo ministro do Trabalho, no Palácio do Planalto, o constrangimento será geral entre os petistas presentes. Filho de Leonel Brizola, José Vicente denunciou entre 2004 e 2005 um esquema do governo do PT no Rio Grande do Sul com o jogo do bicho. Vicente presidiu a empresa de loterias do estado (Lotergs) no governo Olívio Dutra e disse ter sido pressionado a levantar recursos junto aos empresários de jogos para as campanhas do PT a senador e a governador.

— Propuseram a mim que eu angariasse recursos, para a campanha majoritária do PT, perante esses concessionários de serviços públicos e, eventualmente, outros operadores de jogos, legais ou ilegais. Como me recusei, pediram-me, então, que eu apenas apresentasse as pessoas. Foi feito isso. Posteriormente, tive a notícia de que a empresa que geria o jogo Totobola teria contribuído com algo entre R$ 100 mil e R$ 150 mil — contou na CPI dos Bingos no Congresso, em 2005.

A suposta relação entre o governo Olívio Dutra com a contravenção já havia sido explorada em uma CPI estadual, em 2001. No entanto, o Ministério Público rejeitou as acusações contra Olívio Dutra e a maioria dos citados. O depoimento de José Vicente já tratava do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele afirmou que uma empresa do contraventor ganhara uma licitação de forma “estranha”. O governo gaúcho havia aberto concorrência para terceirizar produtos lotéricos. A empresa de Cachoeira ganhou a licitação, que acabou revogada. O bicheiro entrou na Justiça e obteve ganho de causa em primeiro grau. O estado não recorreu.