Rio

Vidigal terá hotel de charme cinco estrelas

Arquiteto renomado e dono de bares se juntam para abrir empreendimento de alto padrão no topo da comunidade

Construção de hotel cinco estrelas no Vidigal, na Zona Sul do Rio
Foto: Pablo Jacob / O Globo
Construção de hotel cinco estrelas no Vidigal, na Zona Sul do Rio Foto: Pablo Jacob / O Globo

RIO - A contribuição para melhorar o déficit de hotéis para a Copa e as Olimpíadas não será grande coisa — afinal, são apenas 59 quartos. Mas, em compensação, vai sobrar charme nos dois novos empreendimentos que estão sendo planejados na cidade, ambos com a grife Helio Pellegrino. O arquiteto, famoso por projetos sustentáveis, se juntou a Antonio Rodrigues, dono da rede de bares Belmonte, para dar forma a um hotel no alto do Vidigal, com 11 quartos, e outro na Lapa, com 48 vagas.

As obras do Largo do Arvrão, endereço no alto da comunidade pacificada, já estão avançadas e usam mão de obra — como noticiou a coluna Gente Boa, do GLOBO — da própria favela. A previsão é que o cinco estrelas, que ainda depende de licença da prefeitura para funcionar, fique pronto até dezembro.

A inauguração é a realização de um sonho do arquiteto, que já havia projetado outro hotel na região, uma ideia do alemão Rolf Glaser, que comprou quatro dezenas de barracos no Vidigal e pretendia reformá-los para servir de hospedagem. Assustado com a trabalheira que teria para legalizar tudo, o estrangeiro foi embora do Brasil. Uma das casas acabou sendo vendida a Hélio e Antonio, que investem cerca de R$ 1,5 milhão na empreitada de transformar o imóvel, de dois andares, no hotel do Arvrão.

Ainda sem nome, o hotel vai ter dois andares, piscina na cobertura, restaurante e bar. Talvez seja mais um da rede Belmonte, mas o martelo ainda não foi batido. Os materiais empregados são quase todos reciclados: muita madeira de demolição, mármores e ladrilhos hidráulicos que saíram de um bar que Antonio fechou no Leblon, além de matérias primas obtidas a partir de garrafas pet.

— Vai ter um pé na sustentabilidade. Vamos captar água de chuva também. É inovador e vai ajudar o pessoal em volta a ver que é possível construiu reaproveitando coisas — diz Antonio.

Segundo Pellegrino, o hotel está sendo erguido na casa já existente:

— Estamos refazendo paredes, trocando lajes, sempre com mão de obra local. Queremos também que os trabalhadores do hotel, os garçons, sejam da comunidade.

A ideia é , obviamente, atrair turistas, mas cariocas também serão bem- vindos.

— Os cariocas podem aproveitar a tarde para ficar no bar ou chegar cedo, fazer uma trilha até o alto do Morro Dois Irmãos e depois almoçar no hotel. O Vidigal tem um clima fantástico, os vizinhos se conhecem, oferecem um pão de queijo. A vista é a mais bonita que já vi. O Vidigal sempre foi a senzala da casa grande de Ipanema e Leblon. Agora, todo mundo poderá conhecer o que existe no local, que é maravilhoso — diz Pellegrino.

Antonio não tem dúvida de que o lugar, seguro após a pacificação do Vidigal e da vizinha Rocinha, se tornará um point.

— Vai ter um bar, um longe para a patricinha fazer aniversário no Vidigal e ver se abre um pouco a mente.

Dono de um prédio na esquina das ruas do Lavradio e Mem de Sá, Antonio também fechou parceria com o arquiteto para um hotel em plena Lapa, cuja inauguração deve acontecer em meados de 2013. Menos luxuoso que o empreendimento do Vidigal, ele seria mais uma hospedaria jovem, segundo Pelegrino, que ainda não tem todos os detalhes do projeto.

- Uma coisa é certa: farei um jardim interno vertical. Os turistas vão adorar ficar na Lapa., ninguém quer ficar em hotéis pasteurizados, todos com a mesma cara, em qualquer lugar do mundo. Ficar num hotel cinco estrelas no Vidigal ou hospedado em plena Lapa é tudo que o turista precisa - diz.