Publicidade

Por Venancio Velloso; Para O TechTudo


Gostaria de iniciar esse post agradecendo a todos empreendedores e colaboradores que postaram comentários com suas dúvidas e desafios após a primeira matéria publicada. Analisei todos os posts cuidadosamente e notei que a grande maioria indicou estar com dificuldades em transformar a sua ideia em negócio. Alguns estão desenvolvendo o protótipo com capital próprio, mas em busca de investidores, enquanto outros com dificuldades em fazer um plano de negócios, ou seja, a grande maioria tentando transformar a sua ideia/protótipo em um negócio.

Nessa fase inicial do desenvolvimento da idéia, muitas pessoas tendem a seguir o modelo tradicional, doutrinado por muitas faculdades, como o de se fazer um plano de negócios. Sendo que a grande maioria das pessoas empacam nessa etapa, pois não sabem como fazer um. O plano de negócios é uma ferramenta útil, mas será que ela é realmente necessário para criar seu negócio?

Atualmente, com vários cursos e alternativas a serem explorados eu diria que o plano de negócios é “over rated”. Um sábio professor de Babson College chamado, Bob Caspe, também concorda com essa minha teoria e durante uma de suas palestras perguntou para os participantes: “Qual o principal fator para sobrevivência de uma empresa? A pergunta parece ser óbvia, mas curiosamente, ninguém da platéia acertou a resposta. Muitas pessoas responderam: pessoas, marketing, estratégia,etc. Porém ninguém lembrou que sem faturar uma empresa está fadada ao fracasso. Ou seja, o principal fator para sobrevivência de qualquer empresa é sua capacidade de gerar caixa. Sem capital, nenhuma empresa, com exceção das filantrópicas, sobrevivem. Por tanto, do que adianta fazer um plano de negócios, montar uma equipe, captar investimento, estruturar a operação, para no final das contas o seu produto/serviço não ser vendido da forma projetada?

Durante a euforia da bolha de internet, entre 1999 a 2001, a grande maioria das startups pontocom seguiram este modelo. E qual foi o resultado? Pouquíssimas sobreviveram. O grande motivo do fracasso foi por elas terem apostado em uma teoria, desenvolvida através de um plano de negócios, que raramente consegue retratar a realidade. Como já dizia o velho ditado, a prática é bem diferente da teoria. Com isso, podemos concluir que a forma mais pratica de provar uma idéia é vendendo-a. Antes mesmo de escrever um plano de negócios, montar uma equipe, captar investimento, etc.

Gráfico (Foto: Venâncio Veloso) — Foto: TechTudo
Gráfico (Foto: Venâncio Veloso) — Foto: TechTudo

Existem várias formas de “vender” uma idéia, cujo o principal objetivo é provar que sua teoria (hipótese) tem demanda no mundo real. E a melhor forma de se provar uma hipótese é conduzindo uma experiência para testá-la, utilizando o mesmo processo de um cientista, conforme segue no quadro ao lado. O primeiro passo é ter uma hipótese – sua idéia. Segundo passo é conduzir uma experiência para testar a sua hipótese, como vender a sua idéia para amigos, empresas, pessoas desconhecidas para ver se realmente existe uma demanda. O terceiro passo é analise dos resultados para validar a sua hipótese  – provar que tem demanda para sua idéia no mercado. Caso sua hipótese/idéia seja comprovada, você pode avançar com seu negócio, com objetivo de aumentar o ganho dessa pequena experiência, em grande escala. Caso contrario, tente novamente buscando aperfeiçoar melhor a sua idéia, alterando o modelo de negócio, preço , etc.

Pirates of Silicon Valley (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo
Pirates of Silicon Valley (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo

Atualmente temos alguns exemplos de grandes”cientistas empreendedores” que passaram por esse processo de transformar sua idéia em grandes negócios, vendendo elas sem estarem completamente concluídas.  Um deles, é o Bill Gates, fundador da Microsoft, que teve a brilhante idéia de copiar o sistema operacional da Apple, que até então, rodava apenas em Macintosh, para distribuí-lo em larga escala através dos PC’s. Seu primeiro cliente foi ninguém menos do que a IBM, que naquela época, já era um dos principais fabricantes de chips de computadores nos EUA. A IBM fechou um contrato com o Bill Gates, mesmo sem ele ter o produto concluído. Enquanto que o Bill Gates teve a ousadia de vender o conceito do software da Apple, denominando ele de Windows para todos os PC’s fabricados pela IBM sem ao menos ter o software concluído. Ou seja, somente após a venda para IBM foi que Gates desenvolveu o Windows copiando o código fonte do sistema operacional da Apple e adaptando para os PC’s da IBM.  Com o sucesso da parceria com a IBM, validando o conceito de Gates, o Windows passou a ser vendido ja instalado por todas as grandes fabricantes de computadores, como: Toshiba, Dell, Sony, HP,etc, tornando o Windows no sistema operacional mais popular da história, enquanto que Bill Gates, um dos homens mais ricos do planeta. Para quem ainda não assistiu e deseja saber mais detalhes dessa história, recomendo assistir o filme Piratas do Vale do Silício, que conta toda a historia de Bill Gates e Steve Jobs e explica o por que da batalha entre a Apple e Microsoft.

Rede Social (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo
Rede Social (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo

Outro caso mais recente de um cientista empreendedor é o de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook. No filme A Rede Social mostra como Zuckerberg hackeou o diretório de Harvard, para criar um site contendo fotos de todos alunos onde você podia eleger os mais bonitos através de uma espécie de ranking. O site foi um sucesso de visitas atingindo mais de 22 mil hits em apenas duas horas!  Com essa experiência, Zuckerberg validou seu conceito, saiu de Harvard, para transformar o Facebook na maior rede social do mundo.

O terceiro e último caso de um cientista empreendedor, é de um grupo de amigos brasileiros que resolveram replicar um novo modelo de sucesso dos EUA, site de compras coletivas, aqui no Brasil, chamado Peixe Urbano. Durante uma palestra no evento E-merging, voltado para e-commerce em mercados emergentes, um dos fundadores, Emerson Andrade, relata que logo no início, antes deles terem captado investimento de fundos, eles montaram um site (protótipo), colocaram uma oferta no ar de uma empresa de um amigo e venderam 3 cupons! Hoje em dia, se analisar, 3 cupons não é nada, mas se levar em consideração que na época que eles realizaram essa experiência, o conceito de compras coletivas ainda não era difundido como é atualmente e, eles não tinham capital para fazer marketing,  os 3 cupons vendidos, foi um excelente resultado! Comprovando assim que a idéia de vender ofertas com desconto de forma coletiva poderia ter o mesmo sucesso que nos EUA.

Por tanto, se você esta em busca de transformar sua idéia em um negócio, seja mais pragmático como um cientista e menos teórico. Crie uma “experiência” para testar a sua ideia entendendo se existe uma demanda real para o seu produto/serviço no mercado. Seja audacioso e venda o invisível, mesmo sem ter o produto/serviço completamente desenvolvido. Você pode testar a sua ideia vendendo o conceito, ou desenvolvendo o produto mínimo viável, o que chamamos de MVP (“minimum viable product”). O MVP pode ser um app bem básico que teste o seu conceito, ou até mesmo uma versão alpha do seu produto/serviço. O objetivo principal é validar o seu conceito, não precisa ter o site ideal, com todas as informações e funcionalidades idealizadas. Pois uma vez que ele seja provado através do MVP, mesmo com uma pequena amostra e/ou resultado, você já terá informações suficientes para aperfeiçoa-lo e escalibilizar o seu modelo, transformando a sua experiência em um negócio!

The Lean Startup (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo
The Lean Startup (Foto: Reprodução) — Foto: TechTudo

Esse conceito não é nenhuma novidade e atualmente e tem se tornado um movimento muito forte no Vale do Silício por empreendedores que prezam pelo modelo pragmático de lançar seus novos negócios de forma rápida e enxuta. O criador desse conceito é um empreendedor famoso chamado de Eric Ries que escreveu um livro, chamado: “The Lean Startup”. Vale a pena a leitura para os empreendedores que desejam se aprofundar mais no tema. Outra sugestão que dou para os empreendedores que estão em busca de transformar suas idéias em negócios são os workshops da Bizstart, que ensinam varias metodologias de como startar o seu negócio de forma mais prática e barata.

Espero que essas recomendações ajudem a esclarecer muitas das duvidas e desafios aqui postados e aguardo os novos posts com novos desafios para próxima matéria.

É isso ai pessoal, vivendo e empreendendo!

Mais recente Próxima Veja como novas empresas na web pretendem faturar com casamentos
Mais do TechTudo