Edição do dia 22/05/2012

22/05/2012 21h39 - Atualizado em 24/05/2012 15h54

Obras do italiano Caravaggio são expostas pela primeira vez no Brasil

Os quadros precisaram de transporte especial e dois dias dentro das caixas pra assimilar a temperatura, a umidade.

Ismar MadeiraBelo Horizonte, MG

Foi aberta nesta terça (22), em Belo Horizonte, a primeira exposição, em território brasileiro, de obras do pintor italiano Caravaggio.

Os quadros precisaram de transporte especial e dois dias dentro das caixas pra assimilar a temperatura, a umidade. E à primeira vista, o impacto.

“Eles são perfeitos. Parece que ele tirou foto”, diz Jasmim Siqueira - 9 anos.

A pintura parece ter luz própria. Uma técnica revolucionária que eternizou Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio por causa do lugar de origem da família, na Itália.

A exposição traz pela primeira vez ao Brasil seis quadros do artista, que viveu apenas 39 anos. Condenado à morte pelo assassinato de um homem, adotou temas mórbidos.

“São Francisco, com o crânio na mão medita sobre a morte. Mas também Caravaggio pensa em seu destino”, diz o curador italiano.

O artista propôs uma pintura mais realista.

“Um sujeito que registra no pincel um monte de imperfeições do ser humano, porque até então os pintores eles faziam um mundo muito bonitinho, muito certinho. Agora, você tem defeito de pele, você tem músculo, você tem unha suja, você tem expressão tensa. Quer dizer, ele traz uma pessoa que é real”, afirma o professor de internet Luli Radfahrer.

O que ainda hoje é motivo de admiração, no século 17 foi um marco. A técnica de Caravaggio influenciou toda uma geração de pintores, na época. Um São Jerônimo feito por ele e um São Jerônimo feito por outro artista italiano possuem a mesma dramaticidade. São 14 telas de seguidores.

“Tem uma riqueza e detalhes de pintura que deixa a gente até inspirado”, diz um rapaz.

Também tem obras atribuídas a Caravaggio. E a mais recente reconhecida como dele, em 2009. “A Medusa Murtola é um autorretrato de Caravaggio”, explica o colecionador.

Obras intactas, nem parecem ter mais de 400 anos. “A gente consegue se transportar um pouquinho pra dentro do quadro, pela perfeição, pela luz, por tudo”, ressalta uma mulher.

Em julho, a exposição de Caravaggio será no Museu de Arte de São Paulo.
 

veja também