BBC

08/02/2014 21h55 - Atualizado em 09/02/2014 01h05

Controle da internet por governo gera novos protestos na Turquia

País, que já tem acesso restrito à web, quer aprovar lei que permite bloqueio de sites sem autorização judicial.

Da BBC

Uma nova legislação que visa aumentar ainda mais o controle ao acesso à internet pelo governo gerou novos protestos em Istambul, na Turquia, neste sábado (8).

Os centenas manifestantes dispararam fogos de artifício, rojões, e atiraram pedras contra a polícia que respondeu com a ação da tropa de choque, canhões de água e gás lacrimogêneo.

A praça Taksim, no centro de Istambul e que já foi palco de ocupações e protestos violentos no ano passado, foi isolada pela polícia.

A nova onda de manifestações deste sábado foi desencadeada pela aprovação na semana passada, no Parlamento turco, de uma lei que dá ao governo o poder de bloquear sites sob a acusação de violação de privacidade e sem precisar da aprovação da Justiça do país.

O presidente turco, Abdullah Gul, está sob pressão para não sancionar a nova legislação e a oposição afirma que a lei é parte de uma tentativa de abafar o escândalo de corrupção que abalou o governo.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeita as acusações de censura à internet e disse que a legislação vai fazer com que a web fique mais "segura e livre" no país.

Além de permitir que a autoridade de telecomunicações turca bloqueie sites sem precisar de uma decisão da Justiça, a lei também vai obrigar os provedores a manter dados dos usuários durante dois anos e disponibilizar estes dados para as autoridades.

O 'flagelo' do Twitter
O acesso à internet já é restrito na Turquia e milhares de sites são bloqueados.

O primeiro-ministro Erdogan é famoso por criticar a web, descrevendo o Twitter como "flagelo" e condenando as redes sociais, dizendo que elas são "a pior ameaça à sociedade".

O Twitter e o Facebook foram muito usados pelos manifestantes contra o governo para espalhar as informações durante a onda de protestos de 2013.

O país também foi abalado por um escândalo de corrupção em dezembro, com a prisão de um empresário próximo do primeiro-ministro e de mais três filhos de ministros.

Desde então, o governo de Erdogan já demitiu centenas de policiais e executivos de bancos e responsáveis pela regulamentação de empresas de telecomunicações e da televisão estatal.

Erdogan afirmou que o escândalo é uma tentativa do clérigo Fethullah Gulen, líder de um grupo islâmico e com influência na polícia e no judiciário, de tirá-lo do poder. O clérigo, que vive nos Estados Unidos, nega a acusação.

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