Esportes Olimpíadas 2012

Seleção brasileira feminina de vôlei é bicampeã olímpica

Brasil repete o placar de Pequim-2008 na final em Londres: 3 a 1 nos Estados Unidos
Jogadoras da seleção feminina de vôlei comemoram a vitória sobre os EUA na final olímpica Foto: Ivan Alvarado / Reuters
Jogadoras da seleção feminina de vôlei comemoram a vitória sobre os EUA na final olímpica Foto: Ivan Alvarado / Reuters

LONDRES - O Brasil é bicampeão olímpico no vôlei feminino. Em mais uma prova de que sabem superar as adversidades, as meninas da seleção brasileira não se perturbaram com a derrota no primeiro set e, com uma atuação impecável nos sets seguintes, venceram os Estados Unidos por 3 a 1 na decisão em Londres (11/25, 25/17, 25/20 e 25/17) repetindo o placar da final de quatro anos atrás, em Pequim, também contra as americanas. Neste domingo, a seleção masculina decide o título contra a Rússia, às 9h (horário de Brasília).

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Seis jogadoras que foram ouro em 2008 se tornaram as primeiras mulheres bicampeãs olímpicas do país: Fabi, Fabiana, Jaqueline, Paula Pequeno, Sheilla e Thaísa. Treinador no primeiro título olímpico do vôlei masculino (Barcelona-1992) e também na primeira conquista do feminino, José Roberto Guimarães chegou ao tricampeonato olímpico particular.

- Só tenho que agradecer a todo o povo brasileiro, que mandou energia positiva, para que esse momento pudesse acontecer. Segunda-feira a gente chega ao Brasil, vamos festejar juntos - afirmou o treinador, em entrevista ao Sportv.

Quase eliminada, seleção se transforma após vitória sobre a Rússia

Assim como em Pequim, a conquista nos Jogos de Londres também foi marcada pela volta por cima. Se daquela vez, a seleção brasileira precisava apagar a derrota marcante para a Rússia na semifinal dos Jogos de Atenas-2004, desta vez a recuperação tinha de ser imediata. Duas derrotas na primeira fase, para EUA e Coreia do Sul, deixaram a equipe perto da eliminação, e ironicamente foi uma vitória dos EUA sobre a Turquia por 3 a 0, na última rodada, que levou o Brasil para as quartas de final. E o emocionante triunfo por 3 a 2 sobre a Rússia , salvando seis match points no quinto set, marcou a virada da equipe verde-amarela, que arrancou para o título.

- A gente não saiu do buraco à toa, não vamos perder este jogo, era o que a gente se dizia depois do primeiro set. Aquele time (da primeira fase) ficou para trás. A gente joga por amor, a gente vive do vôlei, é um privilégio poder vestir a camisa do Brasil. Em alguns momentos a gente sabe que não consegue fazer o melhor, mas as críticas nos momentos ruins também foram importantes. Não posso deixar de agradecer a este grupo. Mulher tem muito problema, é temperamental, não sabe se relacionar, mas no momento mais difícil mostramos que temos um grupo de 12 mulheres - declarou a líbero Fabi após a partida.

Festa e emoção no pódio

Um dos destaques da partida, Jaqueline era uma das mais emocionadas na comemoração: acostumada a brilhar na recepção, a oposta marcou 18 pontos na decisão.

- Eu nunca fui de atacar muitas bolas, mas desta vez, graças a Deus, deu certo. As meninas olhavam para mim na quadra e diziam que eu estava abençoada - disse ela, chorando.

A premiação virou uma grande festa: as campeãs olímpicas voltaram à quadra fazendo um animado trenzinho e, já no pódio, não paravam de dançar e animar a torcida, mesmo após o início da entrega das medalhas. Quando as jogadoras do Japão receberam o bronze, elas puxaram o grito de 'Nippon, Nippon', e repetiram a saudação, gritando com a torcida 'USA, USA' durante a entrega da prata às americanas. A festa só parou no momento do hino nacional, e algumas jogadoras não seguraram o choro, especialmente Fabi.

A seleção brasileira começou muito mal a partida, e os EUA abriram 6 a 1 rapidamente. Desperdiçando muitos contra-ataques, o Brasil não conseguia reagir,  foi para o segundo tempo técnico perdendo por 16 a 7. A preocupação com bloqueio americano também levou as brasileiras a atacar muitas bolas para fora. Mesmo com mudanças na equipe - Paula Pequeno e Adenizia nos lugares de Fê Garay e Thaísa, o time do técnico José Roberto Guimarães continuou facilmente envolvido, e perdeu o set em apenas 21 minutos.

Com Jaqueline e Fê Garay inspiradas, Brasil vira o jogo

O Brasil reagiu no segundo set. Com dois ataques de Jaqueline e um de Fernanda Garay, o time abriu 3 a 0, mostrando estar recuperado da péssima atuação na primeira parcial. Mesmo depois de os EUA equilibrarem a partida em 12 a 12, o Brasil não se desesperou. Pelo contrário, com uma sequência de pontos, abriu grande vantagem: 18 a 12. A partir daí, bastou confirmar seus ataques para fechar o set em 26 minutos e empatar o jogo.

Novamente, a equipe brasileira teve um bom início de set, abrindo 6 a 2. Por mais que se aproximasse, os EUA não passaram à frente no placar em nenhum momento na parcial. Com Fê Garay, Jaqueline e Sheilla inspiradas no ataque, o Brasil controlou a vantagem até fechar em 25/20, em 27 minutos, virando o jogo para 2 a 1.

O bom início foi mais uma vez o trunfo do Brasil no quarto set. Com 5 a 2 contra, o técnico dos EUA, o neozelandês Hugh McCutcheon teve de queimar cedo seu primeiro pedido de tempo. Não adiantou, e as brasileiras continuaram sobrando em quadra, novamente com Fê Garay vencendo o bloqueio adversário de toda maneira. No segundo tempo técnico, o Brasil já vencia por 16 a 10, e as meninas já não escondiam o sorriso de quem via o bicampeonato se aproximando. E com as americanas totalmente perdidas em quadra, o Brasil foi somando ponto atrás de ponto, até chegar ao título com um ataque de Fê Garay.