Em crise, afundado na zona do rebaixamento com 16 pontos, quatro a menos que o Bahia, 16º colocado e primeiro time fora do grupo que hoje cairia para a Segunda Divisão, o Palmeiras que agoniza em campo reflete uma série de erros de planejamento. São pelo menos sete pecados capitais que explicam o fato de o Verdão - campeão da Copa do Brasil e com vaga garantida na Taça Libertadores de 2013 - ocupar a zona da degola, preocupadíssimo com o risco de uma nova queda para a Série B do Campeonato Brasileiro.
Barcos lamenta contra a Portuguesa: o retrato da fase do Verdão (Foto: Levi Bianco / Agência Estado)Veja abaixo os sete erros do Verdão e entenda o que o time precisa fazer para corrigi-los a tempo de se livrar do rebaixamento:
1) Priorizar uma competição – Com a cabeça na Copa do Brasil, o Palmeiras foi campeão, mas deixou o Brasileirão completamente de lado em suas rodadas iniciais. Quando tentou reagir, não encontrou forças e estacionou na 17ª posição na primeira rodada do segundo turno do torneio nacional. O time terá agora a Copa Sul-Americana pela frente, competição em que está nas oitavas de final e enfrentará o vencedor do duelo entre o Guaraní, do Paraguai, e o Millonarios, da Colômbia. Seria o caso de abrir mão da competição internacional e voltar as forças apenas para a recuperação do Brasileirão? A decisão será de Luiz Felipe Scolari.
2) Permitir o vazamento de assuntos internos – Quem mais luta contra o Palmeiras está dentro do próprio clube. Assuntos dos mais delicados, como a suposta ressaca de João Vítor num dia de treinamento, chegam quase que instantaneamente aos ouvidos da imprensa – o que raramente ocorre nos rivais Corinthians, Santos e São Paulo. Em 2011, Felipão já havia reclamado publicamente do problema, mas agora diz ter encontrado o informante.
3) Ter um técnico em rota de colisão com a arbitragem – Sim, Felipão tem um problema com os árbitros. Ele mesmo já admitiu isso várias vezes, insinuando que seria essa a causa de o Palmeiras sofrer com tantos erros dos juízes. Pode ser, claro, apenas uma coincidência. Mas tem muito torcedor achando que os árbitros estão de marcação com Felipão. Entre as maiores polêmicas está a reclamação após a derrota diante do Bahia, adversário direto contra o rebaixamento, na Arena Barueri.
4) Não ter boas peças de reposição – Como vários outros times na Série A, o Palmeiras sofre com desfalques por lesões ou suspensões. A diferença está nas peças de reposição. Muricy Ramalho, técnico do Santos e quatro vezes campeão brasileiro nos pontos corridos, sempre diz que é preciso ter dois bons jogadores para cada posição. O Palmeiras, porém, não conta com um bom reserva para posições importantes, como as duas laterais. Atualmente, apenas Artur e Juninho estão disponíveis para o setor. Cicinho foi vendido para o Sevilla, e Fernandinho, que vinha atuando improvisado no meio de campo, foi submetido a uma cirurgia no joelho esquerdo e só vai voltar aos gramados no ano que vem.
5) Ser dependente das bolas paradas de Assunção – O pé direito de Marcos Assunção foi determinante na conquista da Copa do Brasil, mas, quando o volante se contundiu - o retorno aos treinos só deve acontecer daqui a três semanas -, o Verdão se viu numa difícil situação: o que fazer sem a consagrada jogada de bola parada?
Valdivia sente lesão contra o Santos, na primeirafase do Paulistão (Foto: Reprodução / TV Globo)
6) Carecer de um armador de confiança – Valdivia e Daniel Carvalho, em tese, são os armadores do Palmeiras. Em tese, porque durante a maior parte da temporada o time não pôde contar com algum deles. Enquanto o primeiro luta contra lesões musculares e vê seu nome sempre envolvido em polêmicas e possíveis transferências, o segundo trava uma comovente briga com a balança, na qual, aparentemente, ele tem sido derrotado impiedosamente. Sem armador fica difícil.
7) Reforços de segunda linha – Betinho fez o gol do título da Copa do Brasil? Fez. Mas algum palmeirense realmente achou que ele poderia ser um jogador de confiança no elenco? Além do esforçado atacante, o Verdão faz apostas em atletas de clubes de menor expressão. Foi assim com Leandro Amaro, João Vitor, Artur, Mazinho e agora com Tiago Real, que chega ao clube com contrato válido por quatro anos após defender o Joinville na Série B do Brasileirão.