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Dunga sobre eliminação em 2010: 'Passa na cabeça, eu nem olho no vídeo'

Em entrevista exclusiva para o Esporte Espetacular, ex-técnico da Seleção comenta relação com a imprensa e desabafa sobre seu trabalho em 2010

Por Porto Alegre

A passagem de Dunga pela Seleção foi extensa. Vestindo a amarelinha, levantou a taça em 1994, nos Estados Unidos, e a prata nas Olimpíadas de 1984. Ao lado de Bebeto, Jorginho e Romário, formou a geração que venceu a Copa América em 1989, quebrando um jejum de 40 anos. Apesar dos títulos conquistados, a carreira de técnico acabou marcada pelo insucesso no Mundial da África do Sul. Fora as críticas devido à não-convocação de Ronaldinho Gaúcho, Ganso e Neymar, a eliminação diante da Holanda traz imagens que ainda não foram esquecidas.

- Passa na cabeça, eu nem olho no vídeo. Eu tenho tudo gravado, se pegar, começa a pensar. O futebol é coletivo, um jogo humano, de acertos e erros, não tem como prever – declarou.

Dunga foi o técnico do Brasil na Copa de 2010 (Foto: Getty Images)Dunga como técnico do Brasil na Copa de 2010.
(Foto: Getty Images)

Entre conquistas e adversidades, o capitão do Tetra falou sobre algumas das situações que conviveu durante o comando da Seleção Brasileira, principalmente sua relação instável com a imprensa.

Uma das polêmicas aconteceu com o jornalista, Alex Escobar, em uma coletiva na Copa do Mundo de 2010, enquanto o técnico era indagado sobre a permanência do atacante Luis Fabiano como titular. Dunga ironizou uma suposta discordância do apresentador e se irritou. Sem saber que o áudio vazava no momento, o treinador soltou palavrões e xingamentos a Escobar.

- Nunca o convívio entre os jornalistas e o treinador da Seleção vai ser ótimo. Porque cada um tem o seu interesse, sua polêmica, cada um faz o seu trabalho. Eu assumi responsabilidades que não eram minhas, eu dava respostas que eu não tinha que dar, até por ser muito novo na função. Eu achava que ninguém tinha que tocar na Seleção, todo mundo tinha que torcer para ela, independente de qualquer coisa – desabafou o tetracampeão mundial.

Tande e Dunga 2 (Foto: Rafael Freitas)Em entrevista a Tande, Dunga fala sobre carreira como jogador e treinador (Foto: Rafael Freitas)

Como comentarista na Copa de 2006, diz que a cobertura da imprensa causou uma alta exposição dos jogadores e uma pressão e cobrança exageradas.

- Em 2006 era muita gente, tinha mais gente no treino do que no jogo. Os treinamentos eram televisionados, pela primeira vez eu vi os caras fazendo comentário de bobinho, de balãozinho, embaixada. Então, isso traz uma pressão enorme que não é necessária - recordou.

Eu gosto de jornalista, mas ele tem a opinião dele e eu tenho a minha"
Dunga

Hoje, Dunga mantém projetos sociais e pretende seguir a carreira como comandante, mas com algumas condições. Recusas de clubes da Itália, como ele próprio revela, e de seleções sul-americanas afirmam seu ponto de vista sobre a função.

- Eu acho que quando um cara me escolher como técnico ele tem que ter convicção de que ele quer a minha forma de trabalhar e as minhas ideias. Ele não pode me escolher porque é um clamor público ou da torcida, porque aí acontece o que acontece sempre: depois de quatro ou cinco rodadas, o cara tira o técnico – finalizou.