Rio

Cadela ajuda a encontrar músico agredido em tentativa de assalto em Santa Teresa

Animal ficou o tempo todo ao lado do dono, que tentou fugir dos ladrões e caiu em ribanceira

RIO - Casos de amizade incondicional dos cães por seus donos não são raros e já inspiraram roteiros de filmes comoventes, daquele tipo de fazer a plateia sair do cinema de olhos inchados. Na segunda à noite, em Santa Teresa, uma história, desta vez real e ao vivo, protagonizada pela pastora alemã Nina, de 7 anos, também garantiu emoção de sobra para quem acompanhou o final feliz, na medida do possível, para o outro personagem do drama, o produtor musical Sidney Waismann, de 66 anos, dono de Nina desde que ela nasceu.

Vítima de uma tentativa de assalto enquanto passeava com Nina pela Rua Almirante Alexandrino, na manhã de terça-feira, Sidney foi agredido por dois bandidos, que queriam seu celular. Ao reagir, ele apanhou e despencou por um barranco, de mais de 50 metros de altura. Ferido e sem forças, ele foi salvo graças à cadela, que não saiu de perto e indicou o local onde ele estava quando Cauã, de 17 anos, filho de Sidney, estranhando a demora do pai, percorreu o mesmo caminho para procurá-lo. Ao ouvir os chamados do rapaz, Nina correu até ele.

— Se não fosse a Nina, não teríamos achado o meu pai, que estava, muito machucado, num lugar fundo, atrás de uma pedra e sem condições e ouvir meus gritos. Nina salvou a vida dele. Ela é a nossa heroína — brinca Cauã, na saída da clínica particular, em Laranjeiras, onde Sidney está internado no CTI, com uma fratura na face, luxação no ombro esquerdo e muitos arranhões pelo corpo. Segundo o boletim médico, seu quadro de saúde é estável. Não há previsão de alta.

Sidney, segundo Cauã, permaneceu na mata por pelo menos sete horas. Ele saiu com Nina, às 11h, para o passeio diário, que dura cerca de uma hora. Por volta das 16h, a empregada da casa, estranhando a demora de Sidney, ligou para uma irmã do patrão, que entrou em contato com Cauã. Por volta de 17h, o rapaz desceu a rua, à procura do pai.

— Eu optei por um dos caminhos que ele costuma fazer. Foi sorte eu fazer o certo. Quando a Nina me viu, eu repetia pra ela: “Cadê o papai, Nina?” E ela desceu o barranco. Na hora, eu tive certeza que ele estava lá e já pedi para ligarem para os bombeiros — conta o filho, acrescentando que o resgate aconteceu por volta das 20h.

O produtor musical foi levado para o Hospital Miguel Couto, mas transferido pela família para uma clínica.

Não é preciso dizer que Nina, que já era paparicada, virou a heroína da família. Segundo Cauã, ela é muito apegada a Sidney, com quem passeia diariamente pelas ruas do bairro.

— Como todo cão bem tratado pelo dono, a Nina é muito apegada ao meu pai. Ela nunca o deixaria lá na mata sozinho — completa Cauã, que pretende fazer uma segunda festa de aniversário para o pai no ano que vem na data do episódio.

— Afinal, meu pai nasceu de novo, né?— justifica.

Os dois bandidos fugiram, sem levar o celular, que Sidney atirou na mata.