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Paysandu comemora 10 anos da conquista da Copa dos Campeões

Conquista paraense completa 10 anos no mês de agosto de 2012.
Relembre a campanha bicolor.

Por Belém

Paysandu levanta a taça de Campeão dos Campeões em agosto de 2002 (Foto: Acervo / O Liberal)Paysandu levanta a taça de Campeão dos Campeões em agosto de 2002 (Foto: Acervo / O Liberal)

O ano de 2002 foi especial para o torcedor paraense. Além de comemorar o pentacampeonato da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, realizada na Coréia e no Japão, o estado via seu representante regional ocupar o lugar mais alto do pódio em uma competição nacional, a Copa dos Campeões, vencida pelo Paysandu, em 4 de agosto.

O torneio deixou de fazer parte do calendário do futebol nacional com o início do Brasileirão de pontos corridos, mas é lembrado com carinho pelos paraenses por ter sido a maior conquista de um clube do norte no futebol nacional. Para comemorar os 10 anos desta vitória, vamos contar como foi a campanha bicolor em 2002.

A competição

A Copa dos Campeões foi uma competição nacional, realizada entre 2000 e 2002, reunindo campeões estaduais para definir qual clube teria direito a quarta vaga do Brasil na Copa Libertadores da América.

Nas duas primeiras edições da competição, participaram os vencedores do Campeonato Carioca, Campeonato Paulista, Torneio Rio-São Paulo e da Copa do Nordeste, além dos finalistas da Copa Sul-Minas e de um triangular realizado entre os campeões do Norte, Centro Oeste e o vice-campeão do nordeste do país, totalizando nove participantes. Em 2000, o Palmeiras levantou a taça como primeiro Campeão dos Campeões e, em 2001, o título ficou com o Flamengo.

No ano de 2002, o formato da disputa mudou. A competição passou a ter 16 times: os seis primeiros colocados do Torneio Rio-São Paulo, os semifinalistas da Copa Sul-Minas,  primeiros colocados do Torneio Rio-São Paulo, os semifinalistas da Copa Sul Minas, os 3 melhores da Copa do Nordeste, além dos campeões da Copa Norte e da Centro-Oeste, além do campeão do ano anterior.

Os 16 participantes foram divididos em 4 grupos com 4 times cada. Os dois melhores de cada grupo avançariam para a fase eliminatória, com vencedores definidos em uma partida até a grande final, disputada em dois jogos.

Primeira fase

A torcida do Papão fez a diferença nos jogos em casa (Foto: Raimundo Paco / O Liberal)A torcida do Papão fez a diferença nos jogos
em casa (Foto: Raimundo Paco / O Liberal)

O Papão caiu em um grupo forte, com Corinthians, Nautico e Fluminense. A estréia bicolor foi contra o clube paulista, no Mangueirão. A partida ficou complicada após o goleiro Robson falhar, deixando o atacante Gil sozinho contra o zagueiro Gino, que não conseguiu fazer o desarme. Gil mandou uma bomba e abriu o placar para os visitantes. O time paraense se recuperou quando Sandro roubou a bola da zana Corinthiana, tocou para Albertinho que chutou no canto esquerdo, empatando a partida e definindo placar final de 1 x 1.

O segundo jogo da primeira fase foi novamente um empate, mas desta vez sem gols, contra o Fluminense do Rio de Janeiro. Após falhar na partida passada, Robson deu vaga a Marcão na meta bicolor. O ataque bicolor estava entrosado, mas Albertinho e Vandick não conseguiam transformar as oportunidades em gols. O Fluminense foi para cima, mas o novo goleiro do Papão estava inspirado, e salvou o time em várias oportunidades, defendendo inclusive uma cabeçada de Magno Alves que poderia ter mudado a história da partida.

O teceiro e último jogo da primeira fase foi tenso para os paraenses. Com dois empates, o time precisava vencer para se classificar. Mas o adversário da partida era o Náutico, e estava disposto a estragar a festa do Paysandu no Mangueirão: aos 4 minutos, Kuki fez 1 a 0 para o time de pernambuco, deixando o estádio em silêncio. 25 minutos depois, Marcos chutou forte da entrada da área deixou tudo igual. O mesmo Marcos serviu o Vandick, que bateu cruzado e deixou o Paysandu na dianteira. O Mangueirão explodiu quando Jobson marcou o terceiro gol bicolor após um bate-rebate na área. O Náutico ainda diminuiu com Cláudio após cobrança de escanteio nos acréscimos, mas não havia mais tempo para uma reação do Timbú, e a vaga ficou com o Paysandu após a partida terminar com o placar de 3 a 2.

Quartas de final – Paysandu 2 x 1 Bahia
- Estádio Mangueirão
- Árbitro: Luciano Augusto de Almeida (FIFA-DF)

Em uma partida marcada por vários pênaltis, a primeira disputa das fases eliminatórias começa equilibrada, até Jajá driblar Ramalho e ser derrubado na área. Pênalti para o Papão. Jóbson bate à direita de Emerson, o goleiro pega, mas o placar só fica intacto por mais três minutos, quando após uma cobrança de lateral, Vandick rola para trás e Jajá bate no canto direito e o Paysandu abre a vantagem aos 29 minutos do primeiro tempo. O resultado fica seguro até o início da segunda etapa, quando Souza encosta o braço na bola dentro da área e o árbitro marca a penalidade a favor do time visitante. Robson, que depois se tornaria ídolo no Paysandu, bate colocado do lado direito e iguala para o Bahia. Chiquinha é expulso aos 16 minutos, mas o Paysandu só consegue definir o jogo nos acréscimos. Dessa vez é o zagueiro baiano Acioly que encosta a mão na bola dentro da área. Jobson parte novamente para a cobrança, mas desta vez acerta o gol que dá os números finais da partida.

Paysandu: Marcão; Marcos, Gino (Márcio) Pedro Paulo e Souza (Luís Fernando); Rogerinho, Sandro, Velber e Jóbson; Jajá e Vandick (Albertinho)
Técnico: Givanildo Oliveira

Bahia: Emerson; Mantena, Marcelo Souza, Selmo Lima e Chiquinha; Ramalho, Bebeto Campos, Pingo e Gil Baiano (Carlinhos); Nonato (Acioly) e Robson
Técnico: Bobô

Semifinal – Paysandu 3 x 1 Palmeiras
- Estádio Mangueirão
- Árbitro: Carlos Eugênio Simon
 

Paysandu enfrenta o Palmeiras, em Belém (Foto: Raimundo Paco / O Liberal)Paysandu enfrenta o Palmeiras, em Belém
(Foto: Raimundo Paco / O Liberal)

A partida começou mal para os paraenses. Nenê, em jogada invidivual, driblou dois zagueiros bicolores e chutou no ângulo, sem chance para Marcão, fazendo um dos gols mais bonitos da Copa aos 13 do primeiro tempo. O Paysandu só conseguiu reagir aos 3 minutos da segunda etapa, quando Marcos cruza para Vandick que empata o jogo, acabando com a invencibilidade do goleiro Marcos, que não tomava gols há 395 minutos. A virada veio com a cobrança de falta de Luís Fernando e o desvio de cabeça de Trindade. O estádio mais uma vez fica em festa, mas ainda havia tempo pra Albertinho, Sandro e Jajá realizarem uma jogada espetacular aos 46 minutos, que terminou com Albertinho driblando dois zagueiros e chutando no canto esquerdo do gol palmeirense. O Papão estava na final.

Paysandu: Marcão; Marcos, Gino, Sergio e Luís Fernando; Sandro, Rogerinho, Velber (Trindade) e Jóbson (Vanderson); Jajá e Vandick (Albertinho)
Técnico: Givanildo Oliveira
Palmeiras: Marcos; Leonardo (Magrão), Alexandre, César e Diego (Itamar); Paulo Assunção, Célio (Juninho), Arce e Lopes; Muñoz e Nenê.
Técnico: Wanderley Luxemburgo

Primeiro jogo da final – Paysandu 1 x 2 Cruzeiro
- Estádio Mangueirão
- Árbitro: Edílson Pereira de Carvalho
 

Paysandu perde o primeiro jogo da final, em Belém (Foto: Raimundo Paco / O Liberal)Paysandu perde o primeiro jogo da final, em Belém
(Foto: Raimundo Paco / O Liberal)

O Paysandu enfrentou na final um adversário complicado: o Cruzeiro, que havia feito grandes contratações e era um dos favoritos para levantar a taça. O time mineiro saiu na frente ainda aos 14 do primeiro tempo, quando Jorge Wagner cruzou e Fábio Júnior marcou de cabeça. O Paysandu não se deixou abalar e igualou tudo aos 31. Sandro pegou a sobra de uma bola na trave e acertou no canto direito do goleiro Jefferson. Porém, o dia não era bicolor. Após jogada pela esquerda, Leandro passou para Joãzinho e colocou o Cruzeiro, mais uma vez, na frente. E como de costume, o Paysandu pensou que o gol viria nos acréscimos, quando o juiz deu um pênalti para o time aos 45 do segundo tempo. Só que, dessa vez, Albertinho cobrou e desperdiçou. A equipe paraense perdia a primeira final, em casa.

Paysandu: Marcão; Marcos, Gino, Sérgio e Luís Fernando; Rogerinho, Sandro, Jóbson (Trindade) e Wélber; Jajá (Cleisson) e Wandick (Albertinho).
Técnico: Givanildo Oliveira
Cruzeiro: Jefferson; Maicon, Luizão, Cris e Leandro; Recife (Fernando Miguel), Ricardinho, Vânder e Jorge Wágner (Jussiê); Lucas (Joãozinho) e Fábio Júnior.
Técnico: Marco Aurélio

Segundo jogo da final – Paysandu 4 x 3 Cruzeiro (MG). Pênaltis: Paysandu 3 x 0 Cruzeiro
Estádio Castelão – Fortaleza
Árbitro: Paulo César de Oliveira
 

Paysandu perde o primeiro jogo da final, em Belém (Foto: Raimundo Paco / O Liberal)Fortaleza recebeu o segundo jogo da final
(Foto: Raimundo Paco / O Liberal)

A decisão da Copa dos Campeões foi o único jogo em que o Paysandu não jogou em casa, mas nem isso, nem o placar adverso na primeira partida abalram o time, que fez a partida mais emocionante do campeonato. Mesmo com o gol de Fábio Júnior aos 9 do primeiro tempo, as bolas aéreas fizeram a diferença quando, dois minutos depois, Vandick marcou o primeiro do Papão após um cruzamento na área, e o gol da virada depois de outro lançamento e mais uma vez a finalização de Vandick.

O Cruzeiro ainda conseguiu empatar tudo aos 40 do primeiro tempo com jogada de Joãozinho, Jorge Wagner e o capitão Cris, que chutou forte para igualar tudo. Em outra jogada aérea, Vandick se isola na artilharia apenas um minuto depois com uma cabeçada que não deu chance para Jefferson. Aos 6 do primeiro tempo, mais uma vez o Cruzeiro conseguiu o empate Fábio Júnior, que aproveitou o rebote após um chute forte de Jussiê em jogada individual. Aos 12 minutos do segundo tempo, o Paysandu mais uma vez abriu vantagem. Após cobrança de escanteio, Gino toca de cabeça e Jóbson empurra para o gol.

Com Paysandu e Cruzeiro empatados no saldo de gols, a partida vai para os pênaltis. Cruzeiro começa cobrando e Ricardinho bate na trave, em seguida Jóbson converte para o Papão. Vânder também bate na trave,  e Vélber estufa a rede para o Paysandu. Jussiê consegue acertar o alvo, mas Marcão defende. Luís Fernando parte para a cobrança e, com o coração dos paraenses na ponta da chuteira, faz o gole que torna o Paysandu Campeão dos Campeões em 2002.

Cruzeiro: Jefferson; Maicon (Ruy), Cris, Luisão e Leandro; Recife, Ricardinho, Vânder e Jorge Wágner (Jussiê); Joãozinho e Fábio Júnior).
Técnico: Marco Aurélio
Paysandu: Marcão; Marcos, Gino, Sérgio e Luís Fernando; Sandro, Rogerinho, Jóbson e Wélber; Jajá (Vânderson) e Wandick (Albertinho).
Técnico: Givanildo Oliveira

*Colaboraram Thiago Lopes e Lucas Rezende.