A Prefeitura do Rio montou um plano de contingência para minimizar o impacto da paralisação de rodoviários iniciada à 0h desta terça-feira (13) e que deve ser mantida por 48 horas. As medidas priorizam metrô, trens e barcas e reforçam linhas de ônibus que fazem ligações com esses modais. A Polícia Militar vai garantir a segurança na saída das garagens dos quatro consórcios que operam na cidade.
O BRT Transoeste também terá reforço no número de coletivos. O efetivo de guardas municipais e agentes de trânsito será aumentado. A CCR Barcas informou que está preparando viagens extras para o caso de aumento da demanda. Na paralisação da última quinta-feira (8), a linha que atende Cocotá, na Ilha do Governador, na Zona Norte, registrou recorde no transporte de passageiros. Ao todo, 9 mil pessoas utilizaram o sistema — um aumento de 204% na média de usuários no mês de maio de 2014.
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O Metrô Rio informou que também irá funcionar com capacidade máxima. A concessionária orienta os usuários do metrô para que comprem o bilhete antecipadamente para evitar fila durante a paralisação.
Greve de dissidentes
O Rio Ônibus considera o movimento abusivo e ilegal por estar sendo organizado por um grupo de rodoviários que não tem legitimidade nem representatividade legal da categoria. “Mais uma vez o ato anunciado não respeita os princípios e requisitos da lei de greve, que prevê o aviso da paralisação com 72 horas de antecedência e a sua votação por uma assembleia oficial do sindicato que representa os profissionais”, diz a nota.
Ainda segundo o Rio Ônibus, os quatro consórcios que atuam na cidade — Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz — vão manter suas frotas prontas para operação “mas a circulação dependerá da chegada dos motoristas ao trabalho e das condições de segurança, já que na primeira paralisação centenas de veículos foram atacados”.
Rodoviários que fizeram uma paralisação de advertência na quinta-feira passada (8) deciram parar novamente, desta vez por 48 horas, após uma audiência que terminou sem acordo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ) nesta segunda (12). Participaram do encontro representantes dos grevistas, do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb-Rio) e do Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas. Após a decisão, o grupo saiu em passeata pelo Centro da cidade, causando interdições de vias.
(Foto: Daniel Silveira/ G1)
Entenda o impasse
Motoristas e cobradores questionam o acordo firmado entre o Sindicato dos Rodoviários e as empresas de ônibus em março. Para entender o impasse, o G1 e o RJTV ouviram grevistas, os empregadores e o sindicato dos trabalhadores, que é contra a greve.
A categoria ganhou um aumento de 10% no salário retroativo a abril e o salário-base do motorista passou para cerca de R$ 1.950. Os rodoviários também tiveram um reajuste de 40% no valor da cesta básica, que subiu para R$ 140.
Os grevistas, no entanto, querem um aumento de 40% no salário — passariam a receber quase R$ 2,5 mil, além de cesta básica de R$ 400. Outra reivindicação é o fim da dupla função, onde motoristas também trabalham como trocadores. Segundo eles, o sindicato não consultou a categoria ao aceitar o acordo com as empresas.
"A nossa paralisação é devido ao descaso do sindicato [dos trabalhadores]. Ele [sindicato] fez um acordo sem consultar a classe, acordou 10% e não perguntou se os rodoviários concordavam com isso. Pessoal quis conversar com o sindicato, quis sentar e ele não quis", disse Hélio Alfredo, representante dos grevistas.
O Sindicato dos Rodoviários diz que o acordo foi aprovado em assembleia. "O sindicato fez uma assembleia do dia 11 de março, em dois turnos no Guadalupe Country Clube, na Avenida Brasil, e um grupo de trabalhadores colocou uma proposta de R$ 2,5 mil e R$ 400 de ticket, que foi reprovada pela própria assembleia, e aprovaram uma de R$ 2,2 mil, que depois foi negociado. Chegamos aos 10% de aumento e 40% da cesta básica", explicou o presidente do sindicato, José Carlos Sacramento.
O presidente do Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus, Lélis Teixeira, disse que o acordo foi o maior aumento da categoria no país e descarta nova negociação. "É um acordo feito, definido e pago. Não há margem [para discussão]", disse o representante, que pediu na Justiça que a paralisação seja considerada ilegal.