Economia

Puxada por alimentos, inflação é a maior para setembro desde 2003

IPCA acelerou para 0,57% no mês passado. No ano, preços subiram 3,77%

RIO — A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,57% em setembro, após registrar alta de 0,41% em agosto, informou o IBGE nesta sexta-feira. É a maior taxa para um mês de setembro desde 2003, quando tinha registrado alta de 0,78%. Em 12 meses, a inflação oficial no país foi de 5,28%. No ano, o índice foi de 3,77%. Mais uma vez a inflação foi puxada por alimentos, que subiram 1,26% no mês e responderam por 0,30 ponto percentual do IPCA de setembro e 53% do índice.

— A inflação voltou a acelerar em setembro, novamente por conta de alimentos, que foram responsáveis por mais da metade da alta da taxa de inflação em setembro — afirmou Eulina Nunes, coordenadora do IPCA. — Dos meses de setembro, a alta de alimentos é a maior desde 2002, quando foi de 1,96%.

O IPCA em 12 meses recuou por nove meses seguidos até atingir 4,92% em junho. A partir daí, no entanto, segue em aceleração. Na inflação de 3,77% acumulada em 2012, apenas 24 itens responderam por 82,5% do índice.

Carnes encarecem 2,27% no mês

No grupo Alimentação e Bebidas, a maior influência da alta de preços veio do item carnes, que subiu 2,27% no mês, com peso de 0,06 ponto percentual. Já preço do tomate, que vinha sendo o vilão da inflação nos últimos meses, reverteu a tendência e caiu 12,88%. Outros alimentos com altas relevantes foram arroz (8,21%), pão francês (3,17%) e frango (4,66%).

A alta mensal dos alimentos foi a maior desde dezembro de 2010, de 1,32%. Para meses de setembro, é a maior desde 2002 (1,96%). Em 2012, os alimentos acumulam elevação de 6,43% e respondem por 1,51 ponto percentual da inflação de 3,77%. O peso dos alimentos no IPCA é o maior entre os grupos, de 23,55%.

— Alguns alimentos tiveram menor produção este ano por causa da redução da área plantada, como é o caso do arroz. Além disso, tivemos a seca, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos e na Rússia, que impactou de maneira geral os alimentos, como soja e milho — explicou a técnica do IBGE.

A coordenadora do IPCA explicou que a alta no preço dos alimentos está muito ligada a fatores climáticos e sua reversão ou não depende desses fatores. Eulina destacou, no entanto, que ainda que o preço dos alimentos se normalize, seus reflexos ainda podem continuar em outros itens por mais tempo, por causa de aspectos como estoques, por exemplo.

A despeito do forte impacto dos alimentos, a inflação de setembro também registrou elevação nos preços de produtos não alimentícios, cuja alta passou de 0,27% em agosto para 0,37% em setembro.

As passagens aéreas, por exemplo, foram o item com maior alta em setembro, de 4,99%, após um recuo de 4,55% em agosto. Neste caso, a influência veio do feriado de 7 de setembro, já que as companhias costumam elevar seus preços em função da demanda. Já o gás de botijão teve alta de 1,27% em setembro, puxada pelo dissídio salarial de quem trabalha na revenda do produto. Empregado doméstico continua pesando na inflação, com alta de 1,24% no mês e 11,27% no ano, o maior impacto individual no IPCA em 2012.

— Os alimentos tiveram importância grande na elevação da taxa da inflação em setembro, mas os grupos não alimentos também aceleraram, como habitação, que tem participação grande no orçamento das famílias — diz Eulina.

Com IPI menor, automóveis seguram inflação

Os preços do grupo Habitação tiveram alta de 0,71%, três vezes a registrada em agosto. As maiores influências foram as despesas com energia elétrica (0,83%), aluguel residencial (0,61%), condomínio (1,19%), taxa de água e esgoto (0,92%) e gás de botijão (1,27%). O aumento de preços de energia foi puxado pelo reajuste de 12,17% em Goiânia.

Já os automóveis ajudaram a segurar a inflação, sob influência da redução do IPI. O preço de imóvel novo caiu 0,08% em setembro, após alta de 0,34% em agosto com a expectativa do fim do benefício do imposto menor, que acabou não se confirmando. O preço de automóvel usado, por sua vez, recuou 1,62% em setembro, após leve alta de 0,15% em agosto.