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Ronaldinho x Fla: processo é suspenso para tentativa de acordo

Meia do Galo cobra R$ 55 milhões do clube carioca. Em 15 dias, partes precisam informar se há acordo. Se não houver, juíza marca nova audiência

Por Rio de Janeiro

A primeira audiência do litígio entre Ronaldinho Gaúcho e Flamengo chegou ao fim, na manhã desta quinta-feira, na sede do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) sem uma solução. A juíza da 9ª Vara do Trabalho, Adriana Leandro de Souza Freitas, suspendeu o processo e estipulou um prazo de 15 dias para que as partes cheguem a um acordo. Se não houver consenso, será marcada nova audiência. Não foi apresentada qualquer prova pelos advogados do clube e do jogador, o que só será permitido depois desse prazo. Os defensores do jogador reclamaram de xingamentos a Ronaldinho por parte de advogados impedidos de assistir à audiência.

Ronaldinho Gaúcho foi representado pela advogada Gislaine Nunes, que cuida da ação de R$ 40 milhões por rompimento dos contratos de trabalho e de cessão de imagem, e pelo advogado Sérgio Queiroz, responsável pela ação por danos morais com pedido de indenização de R$ 15 milhões. O clube foi representado por Marcos Motta e Bichara Neto. Indagado sobre o motivo da contratação de advogados de fora da Gávea, o diretor jurídico do Flamengo, Rafael De Piro, não respondeu se teve relação com o fato de ser especialista na área criminal. Através da assessoria do clube, informou somente que está fora do Rio a trabalho e que o Flamengo está bem representado pelos escritórios contratados. Ele disse ainda que está acompanhando todo o processo e a estratégia montada pelos advogados. Sobre a audiência, que durou 40 minutos, Motta esclareceu.

- O processo está suspenso por 15 dias para que as partes entrem em acordo. Dentro desses 15 dias as partes têm de informar à juíza (Adriana Leandro de Souza Freitas) se houve ou não acordo. Não havendo acordo, a juíza vai marcar outra audiência.

Ronaldinho julgamento Flamengo acordo (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)Ronaldinho causa alvoroço ao deixar o Tribunal (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)

Ronaldinho, que estava acompanhado do irmão e empresário Assis, além dos advogados Sérgio Queiroz e Gislaine Nunes, deixou o tribunal em meio a muita confusão. Advogados e partes de outros processos se misturavam a jornalistas e curiosos aglomerados na porta de saída da sala de audiências. Mesmo no balcão de atendimento da 9ª Vara do Trabalho houve tumulto quando o jogador apareceu, antes de se dirigir para a audência. As câmeras fizeram com que Ronaldinho buscasse rápido refúgio no banheiro, saindo minutos depois para o encontro com os representantes rubro-negros. O empurra-empurra na saída irritou Assis, mas provocou risos no meia-atacante do Atlético-MG.

- Estou tranquilo, a audiência foi bem tranquila. Por mim, tem acordo, mas vamos aguardar porque me pediram para ficar calado - limitou-se a dizer o jogador na saída do TRT-RJ, referindo-se ao segredo de Justiça do processo.

Estou tranquilo, a audiência foi bem tranquila. Por mim, tem acordo, mas vamos aguardar porque me pediram para ficar calado"
Ronaldinho

Porém, nem tudo correu em absoluta tranquilidade. De acordo com Beny Sendrovich, presidente da Associação de Advogados Desportivistas do Brasil (Aadebras), que acompanhou a audiência ao lado de Gislaine, Ronaldinho foi insultado por advogados que aguardavam do lado de fora e não tiveram acesso à 9ª Vara do Trabalho. Segundo Sendrovich, o jogador foi chamado de "mercenário" e "dentuço". O atleta teve oito seguranças particulares à disposição e contou com esquema especial para entrar no tribunal, pela garagem. Com receio do tumulto, Gislaine também levou quatro seguranças pessoais para garantir sua integridade. O advogado Aldo Giovani Kurle não faz mais parte da equipe que conduz o processo por parte do atleta.

- A audiência transcorre em segredo de Justiça. Mas foi em absoluta tranquilidade. O que ameaçou essa tranquilidade foi a quantidade de pessoas que apareceu, nunca vi aquele número de advogados. A juíza limitou o número de pessoas que poderiam ter acesso. Não houve nenhuma evolução, houve um adiamento da audiência - disse Sendrovich, que atendeu o celular de Gislaine e falou em nome da advogada.

'Tiro de canhão' permanece um mistério

ronaldinho gaúcho assis audiência flamengo (Foto: Vicente Seda / GLOBOESPORTE.COM)Assis também esteve presente ao TRT-RJ
(Foto: Vicente Seda / GLOBOESPORTE.COM)

Questionado sobre o "tiro de canhão" que o Flamengo afirmou ter logo após a rescisão unilateral obtida por Ronaldinho na Justiça do Trabalho, no dia 31 de maio, Sendrovich afirmou que desconhece o teor do material que o clube alega possuir. Explicou que, como houve um prazo para acordo, a juíza não aceitou que qualquer prova ou defesa fosse juntada ao processo neste momento, o que deverá acontecer se não houver consenso nos próximos 15 dias.

- Não houve ainda apresentação de nenhum dos documentos. A juíza por enquanto nem recebeu os documentos. Ninguém viu esse dossiê, ninguém teve acesso. Isso será juntado no dia em que for marcada a audiência. Ela suspendeu tudo para que as partes tentem compor.

Sendrovich falou ainda sobre os xingamentos a Ronaldinho e o esquema de segurança montado para a ida do jogador ao tribunal.

- A Gislaine se sentiu bastante ameaçada na saída da sala de audiência, com insultos, agressões, empurrões. E insultos não por pessoas leigas, por advogados. Foram direcionados ao jogador, empurrando, chamando de dentuço, de mercenário. Uma deselegância que não poderia partir de advogados. Esse é o papel da Aadebras. Ficamos muito chateados com o comportamento dos colegas. Pessoalmente, não ofenderam a Gislaine. Ela teve um grupo de quatro seguranças, o Ronaldinho veio com oito.

Os advogados de ambos os lados afirmaram que não chegaram a falar em valores para um possível acordo na audiência. Gislaine Nunes disse na quarta-feira que houve diversas tentativas de acordo antes do encontro no TRT, a última delas na semana passada, mas todas sem sucesso. Somadas, as duas ações movidas pelo jogador chegam a R$ 55 milhões (saiba mais sobre o caso). O processo com valor de R$ 40 milhões se refere à rescisão unilateral dos contratos de trabalho e de cessão da imagem do jogador, que cobra multa por quebra do acordo. A outra ação busca R$ 15 milhões por danos morais, em função de declarações dadas por dirigentes do clube e que o atleta considerou ofensivas à sua imagem após sua saída do Rubro-Negro.