25/09/2012 10h53 - Atualizado em 25/09/2012 11h23

Em meio à crise, BC prevê US$ 10 bi a mais em investimento estrangeiro

Previsão para investimento no ano sobe de US$ 50 bi para US$ 60 bi.
Se confirmado, será o segundo melhor resultado da série histórica do BC.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A crise financeira internacional não está afugentando os investidores do Brasil, segundo informações divulgadas pelo Banco Central neste terça-feira (25). A expectativa da autoridade monetária para a entrada de investimentos neste ano subiu de US$ 50 bilhões para US$ 60 bilhões, um incremento de US$ 10 bilhões. De janeiro a agosto, o ingresso de investimentos estrangeiros no país somou US$ 43,17 bilhões.

A expectativa do BC para o ingresso de investimentos estrangeiros na economia brasileira neste ano, se confirmada, representará o segundo melhor resultado da história, perdendo apenas para o ano de 2011, quando houve o aporte de US$ 66,6 bilhões em investimentos de outros países na economia brasileira - valor que é recorde histórico. Em 2010, a entrada somou US$ 48,5 bilhões. Antes disso, o melhor ano havia sido 2008 (US$ 45 bilhões de ingresso). A série histórica da autoriade monetária para este indicador começa em 1947.

"Em termos de investimentos estrangeiros, o país se consolidou como receptor. E isso reflete o diferencial da economia brasileira frente a outros países neste momento. Mesmo em conjuntura internacional adversa, a gente tem recebido estes fluxos. Isso se deve aos fundamentos sólidos. A demanda doméstica robusta também tem atraído investimentos estrangeiros", explicou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

Financiamento das contas externas
Ao mesmo tempo em que elevou sua previsão para o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano, o Banco Central também revisou, para baixo, sua estimativa para o déficit em transações correntes (balança comercial, serviços e rendas), um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, para este ano.

A previsão para o resultado negativou de 2012 passou de US$ 56 bilhões para US$ 53 bilhões. De janeiro a agosto deste ano, o déficit nas contas externas brasileiras somou US$ 31,66 bilhões, com queda frente ao mesmo período do ano passado (-US$ 34,44 bilhões). 

Com isso, a instituição informa que o "rombo" das contas externas neste ano deverá ser integralmente "financiado" pela entrada de investimentos estrangeiros diretos de US$ 60 bilhões. Antes desta revisão feita hoje, o BC não previa que o déficit em transações correntes fosse totalmente "coberto" pela entrada de investimentos estrangeiros. Deste modo, houve uma melhora no perfil das contas externas brasileiras.

Remessas de lucros e dividendos
Segundo o Banco Central, o principal motivo para o recuo na previsão de déficit em transações correntes deste ano de US$ 56 bilhões para US$ 53 bilhões é a queda na estimativa de remessas de lucros e dividendos ao exterior neste ano. 

A previsão para as remessas, em todo ano de 2012, passou de US$ 28 bilhões para US$ 24 bilhões. "A gente tem observado ao longo do ano esse fluxo moderado de lucro e dividendos por conta da moderação da atividade econômica. Isso implica na rentabilidade e lucro das empresas em um quadro mais restrititvo do que tínhamos em 2011. Isso também acontece por conta da alta do dólar, que torna mais caro remeter lucros ao exterior", disse Maciel, do BC.

Ao mesmo tempo, permaneceu estável, em US$ 18 bilhões, a expectativa da autoridade monetária para o superávit da balança comercial em 2012, assim como também permaneceu inalterado, em cerca de US$ 39 bilhões, a previsão do BC para o déficit na conta de serviços.

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