08/05/2014 11h07 - Atualizado em 13/05/2014 20h56

Mulher no PI mantém animais exóticos e plantas carnívoras dentro de casa

Ambientalista chegou a criar urso, raposa e até um cavalo dentro de casa.
'Jak da Cobras' captura bichos silvestres na cidade e reinsere na natureza.

Do G1 PI

A ambientalista Jaqueline Lustosa, mais conhecida como "Jak das Cobras", tem uma paixão especial pelos animais e cria em casa bichos um tanto exóticos. Apaixonada pela natureza, ela mantém em casa quatro cães que dividem o espaço com cobras, ratos, jabutis, uma jandaia e até plantas carnívoras.

“Teve um tempo que criava raposa e até um cavalo dentro de casa, mas hoje sei que isso não é certo e sou apenas uma defensora da fauna e da flora”, diz Jaqueline que hoje preza pela legalidade e cumprimento das leis ambientais.

Ambientalista cria cobras dentro de casa em Teresina (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)Ambientalista cria cobras dentro de casa em Teresina (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)

A ambientalista conta que aos 10 anos costumava passar próximo a um clube da cidade e sempre se sensibilizava quando via vários animais mortos.  “Não entendia o que era aquilo, mas queria ajudá-los. Com o passar do tempo fui entendendo que o ser humano é o maior predador da natureza e resolvi passar a defender os animais indefesos”, revelou.

O primeiro animal ela ganhou aos sete anos. Era um casal de coelhos que rapidamente se multiplicou. “Desde cedo em casa tinha vários bichos, coelhos, gatos e cães. Na juventude me tornei uma criminosa do bem para tirar os animais das mãos de traficantes. Cheguei a criar raposas, cutias, tudo em uma casa grande onde morava no Centro da cidade, mas não faço mais isso porque sei que é ilegal”, disse Jaqueline, que agora preza pelas as leis ambientais.

Em casa a ambientalista tem quatro cães, um casal de periquitos australianos, cerca de 50 ratos, cágados e uma jandaia. Das quatro cobras pequenas que mantinha, só lhe restou uma cobra do milho. “Uma era píton real e três cobras do milho, mas a píton morreu e das cobras do milho só me resta uma com pouco mais de 50 cm porque as outras fugiram. Uma tinha 1,20 m e a outra cerca de 70 cm”, revelou Jaqueline.

Cobras fugiram de dentro de jaula e estão soltos pelo bairro (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)Cobras fugiram de dentro de jaula e estão soltos
pelo bairro (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)

'Cobras fujonas'
A ambientalista destaca que as duas cobras sumiram há pouco mais de um mês e estão soltas pela vizinhança. "Já ofereci uma boa recompensa para quem me trouxer as cobras, alguns fizeram até mutirão para encontrá-las, mas até agora nada. Gosto muito delas, mas acredito que elas devem estar por perto, por isso, estou colocando iscas para pegá-las. A vizinhança tem medo, mas já se acostumou”, disse.

Ela destaca ainda que todas as cobras que cria não são da fauna brasileira e por isso não precisa de uma autorização especial do Instiuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "A jandaia estou criando porque peguei do próprio Ibama para dar cuidados especiais. Estou apenas cuidando dela com o consentimento deles para depois devolvê-la à natureza. Já os cágados de barbicha, são comuns aqui em Teresina e infelizmente sofrem com ação do homem”, contou Jaqueline.

E foi pensando em proteger esses animais que a ambientalista criou uma ação para evitar o atropelamento dos cágados próximo às áeras de lagoas na Zona Norte de Teresina. “Como existem muitas lagoas próximas às casas, os animais saem do rio e desovam lá, mas quando os filhotes nascem têm que atravessar ruas e acabam sendo atropelados ou pegos por traficantes. Eles chegam a vender os filhotes por R$ 30 para pessoas que apreciam a carne do animal”, denunciou a ambientalista

Para conseguir manusear animais silvestres, Jaqueline disse que fez vários cursos, dentre eles o de como manejar cobras ministrado pela Polícia Ambiental e também um sobre leis ambientais dado pela Academia de Polícia Civil do Piauí.

Xodó da casa
O animal mais querido da Jaqueline é o pequeno Harry, um camundongo que é tratado como um verdadeiro príncipe da casa. Harry foi presente de um amigo e é o único que tem a garantia que não vai virar comida para as cobras.

Harry é o xodó da casa da ambientalista (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)O camundongo que recebeu o nome de Harry é o xodó na casa da ambientalista (Foto: Gil Oliveira/ G1 PI)

“Ele é meu xodó, gosto muito e tem uma área especial. Tenho cerca de 50 ratos, mas crio esses em cativeiro para poder alimentar os répteis que comem de 15 em 15 dias”, explicou Jaqueline.

Plantas carnívoras
Se engana quem pensa que no jardim da casa da ambientalista há somente plantas ornamentais. Quando se trata de botânica, Jaqueline também surpreende ao mostrar as plantas carnívoras que cultiva.

“Cuido de uma Nepenthes que está crescendo bastante e já come lagartixas e também dioneias, que são plantas menores e que se alimentam de insetos. Essas plantas já foram motivos de discussão com um botânico que disse que na teoria era impossível cultivá-las em meu jardim, mas disse para ele que na prática tudo é diferente”, afirmou Jaqueline.

 Jaqueline Lustosa e seus animais, em Teresina (Foto: Gil Oliveira/G1) Jaqueline Lustosa e seus animais, em Teresina (Foto: Gil Oliveira/G1)

Luta ambiental
O momento que mais revoltou a ambientalista foi ver dois filhotes de macaco soim sendo mortos por um traficante de animais. “Estava na feira de animais do Mercado Velho de Teresina, maior local de tráfico. Observei esse homem com os animais e fui em direção dele para comprá-los, mas a polícia chegou na hora. Ele acabou escondendo e esmagando os dois em suas mãos para evitar o flagrante. Ouvi ainda o grito dos animais que morreram abraçados. Foi uma tristeza muito grande”, contou Jaqueline Lustosa.

A ambientalista também revelou que as pessoas costumam comunicar a ela sobre animais silvestres encontrados na zona urbana ou até mesmo deixá-los na sua casa. “Todos me respeitam e sabem da minha luta contra os crimes ambientais. Sempre oriento as pessoas sobre os crimes, multas, mas infelizmente muitos desconhecem as leis ambientais. Se soubessem não tinha tantas aves engaioladas, animais abatidos, motoristas que param os carros na estrada para pegar tatus sem saber que esses animais são potenciais transmissores de lepra e raiva. Muitos cometem os crimes porque não têm informação”, destacou.

Jaqueline afirmou que falta no estado uma delegacia especializada ou uma secretaria mais atuante. “Precisamos de um órgão que promova o direito e o bem estar animal, seja ele silvestre ou doméstico. As pessoas só vão respeitar a natureza quando as leis forem mais severas, com prisões e multas maiores, porque a atual lei tem muitas brechas e é branda”, questionou Jaqueline.

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