Economia

Dólar sobe e fecha sessão a R$ 2,09; Ibovespa tem leve queda de 0,06%

Na BM&F Bovespa, dia foi de vencimento de opções sobre ações

SÃO PAULO - O dólar comercial voltou a ficar mais próximo de R$ 2,10, nesta segunda-feira, patamar considerado pelos operadores de câmbio como o ‘teto informal’ para a divisa. Mesmo com os dois leilões de venda da moeda americana realizados pelo Banco Central (BC), o dólar se manteve em alta frente ao real e encerrou o dia com valorização de 0,52% negociado a R$ 2,094 na compra e R$ 2,096 na venda. Desde janeiro, o dólar já se valorizou 12,2% em relação ao real. Após o fechamento do mercado, o BC anunciou que fará mais três leilões de venda de dólares, nesta terça-feira, com compromisso de recompra. A oferta total será de até US$ 1,5 bilhão. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, encerrou quase estável, com leve queda de 0,06% aos 59.566 pontos. O volume negociado foi de R$ 11,9 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre ações.

O Banco Central fez dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra em 18 e 19 de janeiro de 2013. Segundo especialistas, neste tipo de operação, o BC oferece dólares no mercado à vista e recompra a mesma quantidade em uma data específica. A operação é considerada uma espécie de empréstimo de moeda estrangeira, que tem como objetivo repor a escassez de linhas de crédito externas, que ocorre especialmente no final do ano.

- Nesse tipo de leilão, o BC oferta moeda americana no mercado à vista com compromisso de recomprar a mesma quantidade. Mesmo assim, o dólar continuou subindo, o que mostra que os bancos não estão confiantes que o fluxo de moeda americana no mercado vá melhorar no curto prazo. Esta valorização indica que os bancos querem mais dólares no mercado à vista - explica Sidnei Nehme, sócio da corretora de câmbio NGO.

Diante da valorização do dólar mesmo com os leilões, o BC anunciou que repetirá a operação nesta terça-feira. Foi a terceira vez neste mês que o BC realizou operações desse tipo.

- Nessa época do ano há muitas empresas acertando suas operações com as matrizes, fazendo remessas de lucro, e fundos de hedge diminuindo suas posições no país. Com isso, a liquidez no mercado de câmbio se reduz, pressionando a valorização da moeda americana - explica Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.

Na máxima do dia, o dólar comercial foi negociado a R$ 2,097 e na mínima a R$ 2,085.

Já na BM&FBovespa, a segunda-feira foi dia de vencimento de opções sobre ações, que são os direitos de compra ou venda de um determinado lote de ações, com preços e prazos de exercício estabelecidos previamente. Esse mercado foi criado com o objetivo de oferecer um mecanismo de proteção contra possíveis perdas com ações. O exercício desta segunda movimentou R$ 5,3 bilhões.

Entre os papéis mais negociados do Ibovespa, a ação PNA da Vale subiu 1,40% a R$ 40,32; Petrobras PN teve queda de 1,43% a R$ 19,93; OGX Petróleo ON se desvalorizou 5,27% a 4,32, a maior queda do índice; Itaú Unibanco PN ganhou 0,30% a R$ 32,70 e PDG Realty ON subiu 0,63% a R$ 3,18.

- As ações da Vale subiram com a alta do preço do minério de ferro que atingiu U$ 132,20 por tonelada. Já os papéis da OGX perderam com as incertezas do mercado em relação aos projetos da empresa. Muitos deles são ainda uma promessa. E Petrobras devolveu os ganhos da última sexta, quando as ações subiram embaladas por rumores de aumento do preço do combustível, que acabaram não se confirmando - afirma o estrategista Pedro Galdi, da SLW Corretora.

Na ponta das maiores altas do Ibovespa, ficaram as ações ON da Embraer, que subiram 4,54% a R$ 13,35 recuperando a queda da semana passada.

Nos EUA, os principais índices subiam com a possibilidade de que republicanos e democratas anunciem um acordo para evitar o chamado ‘abismo fiscal’, aumento de impostos e corte de gastos, no valor de US$ 600 bilhões, que entra em vigor automaticamente em 2013. O ‘abismo fiscal’ pode levar os EUA à recessão. Por volta de 18h06m, o S&P 500 subia 0,76%; o Dow Jones se valorizava 0,47% e o Nasdaq tinha alta de 0,81%.

O presidente dos EUA, Barack Obama, e o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, se reuniram nesta segunda-feira na Casa Branca para discutir o assunto por cerca de 45 minutos. Após o encontro, eles se limitaram a dizer que as “discussões sobre o abismo fiscal e uma redução equilibrada do déficit”, continuam. Ambos disseram que gostariam de fechar um acordo antes do Natal.

Mas, segundo a imprensa americana, os republicanos já teriam cedido em alguns pontos. Entre eles, um aumento maior que o inicialmente proposto para a receita pública ao longo dos próximos dez anos, impostos mais altos para os ricos e uma elevação de US$ 1 trilhão no limite de endividamento. Os republicanos esperam que o presidente Barack Obama, por sua vez, concorde em cortar gastos em saúde e previdência social. Por isso, o martelo ainda não foi batido.

Na agenda do dia, nos EUA, o índice Empire State, índice que mede a atividade industrial na região de atuação do Federal Reserve Bank (Fed, o banco central americano) de Nova York, caiu de -5,22 pontos em novembro para -8,10 pontos em dezembro. Números abaixo de zero refletem contração da economia. O resultado veio bem pior que a previsão de analistas, que era de melhora para -1,0.

Na Europa, os investidores mantiveram a cautela com a foco nas negociações entre republicanos e democratas nos EUA. O Ibex, principal índice da Bolsa de Madri, teve alta de 0,20%; o Dax, do pregão de Frankfurt, se valorizou 0,11%; o Cac, índice de referência da Bolsa de Paris, recuou 0,14% e o FTSE, da Bolsa de Londres, perdeu 0,16%.