12/10/2012 13h59 - Atualizado em 12/10/2012 16h27

Infografia é campo de inovação no jornalismo, diz brasileiro do 'NYT'

Para Sergio Peçanha, área reúne investigação, tecnologia e interação.
Informação é elemento essencial, diz Rodrigo Silva, do espanhol 'El País'.

Amauri ArraisDo G1, em São Paulo

A infografia passou de complemento da informação a campo de experimentos e vem representando um dos principais elementos de diferenciação e de inovação no jornalismo. A opinião é do brasileiro Sergio Peçanha, editor de infografia do “New York Times”, que participa da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), encontro internacional que acontece até o dia 16 na cidade de São Paulo.

“Na infografia, você pode ver mais experimentação, já que mistura programação, roteiro, animação, jornalismo investigativo, mídias sociais. Do ponto de vista de experimentação do meio, é onde mais se vê inovação hoje”, afirma Peçanha.

O carioca Sergio Peçanha no departamento de infografia do New York Times (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)O carioca Sergio Peçanha no departamento de infografia do New York Times (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)


Carioca, com passagens pelo jornal “O Globo” e o portal Globo.com, Peçanha vive nos Estados Unidos desde 2003, onde trabalhou cinco anos como editor de infografia do jornal “Dallas Morning News” antes de integrar a equipe do “NYT”. Peçanha é responsável pela parte gráfica do noticiário de Mundo.

O brasileiro participa nesta sexta-feira (12) do workshop “Infografia multimídia: tendências, vídeos, áudios e animações como complemento da informação”, dentro da programação da assembleia da SIP, no Hotel Renaissance.

O workshop terá também a presença de Rodrigo Silva, do departamento de infografia do espanhol “El País”. Formado em informática pela Universidade Politécnica de Madri, Silva trabalhou como redator de infografia multimídia do diário “El Mundo” até 2001, quando iniciou no “El País”, onde faz trabalhos para as versões impressa e on-line.

Os dois palestrantes já ganharam os principais prêmios do setor, como o Malofiej e o da Society for News Design (SND), e devem apresentar no evento alguns de seus principais trabalhos.

Para Silva, embora seja fortemente baseado em tecnologia, o elemento básico para um bom infográfico continua sendo a informação. “Um infografista é um jornalista, que também faz notícia, mas por meio de mapas, gráficos, dados de economia", diz em entrevista ao G1.

Rodrigo Silva, da equipe de infografia do espanhol 'El País' (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)Rodrigo Silva, da equipe de infografia do espanhol
'El País' (Foto: Divulgação / Arquivo pessoal)

Guerra da Líbia
Entre os desenvolvidos por Peçanha para o “NYT”, destaca-se “A Guerra da Líbia e o Twitter”, em que o jornalista documentou a destruição imposta pelas tropas do ex-ditador Muammar Kadhafi à cidade de Misurata reunindo depoimentos e fotos que conseguiu por meio da rede social, cruzando diferentes fontes e informações, num trabalho que consumiu meses.

“Até um ano e meio atrás não existia Google Maps em quase nenhum lugar da Líbia, era difícil localizar um evento. Fui começando a construir fontes, um deles era fotógrafo, com quem consegui contato na mesma semana em que os rebeldes conseguiram rechaçar as forças de Kadhafi”, conta.

Jornal impresso x internet
No Brasil, país que é uma das referências na infografia em prêmios internacionais para jornais e revistas, segundo Peçanha, a mesma tradição ainda não é vista na internet. “A tradição do impresso não está tendo prosseguimento na internet, que ainda está engatinhando. Mas não é por falta de talento. Tem que se investir mais [na parte gráfica]”, diz o brasileiro.

Para Rodrigo Silva, embora exija um certo domínio de novas tecnologias, o mais importante na infografia é que o profissional seja também um bom jornalista. “Você pode aprender programas de desenho editorial, programas em 3D, programação. Mas é importante que tenha mentalidade de jornalista. Que tenha uma boa base de jornalismo e se especialize. O mais importante é a informação”, afirma.

Futuro da notícia
Para o espanhol, que afirma estarmos vivendo uma época de incertezas entre os diferentes suportes para a notícia, entre smartphones e tablets, “haverá sempre espaço para boas histórias”.

“Os anunciantes ainda não apostaram efetivamente na internet. Creio que se não apostarmos em qualidade ou diferenciação, vamos todos naufragar. Sobreviverão aqueles que apostem em algo diferente, algo que mereça o leitor, que o faça pagar o valor que seja”, diz Silva.

Na opinião do brasileiro, para quem o jornal impresso não deve durar mais que algumas décadas, embora os diferentes suportes mudem a experiência do usuário com a notícia, a essência se manterá a mesma. “Quem sabe contar uma história no impresso, vai saber no on-line também”, avalia.

A programação da SIP na íntegra está disponível na página da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa na internet.

Para ler mais notícias do G1 Economia, clique em g1.globo.com/economia. Siga também o G1 Economia no Twitter e por RSS.

tópicos:
veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de