O dólar encerrou em alta ante o real nesta terça-feira (23), após o Banco Central ter anunciado logo no início do pregão um leilão de swap cambial reverso para rolar contratos que vencem no início de novembro.
Embora a operação tenha mostrado alguma demanda, o mercado entendeu que a ação foi mais um sinal de que o BC quer manter o dólar acima de R$ 2.
A moeda norte-americana subiu 0,14%, para R$ 2,028. Pouco antes do anúncio do leilão, o dólar tinha leve alta e era negociado em torno de R$ 2,0270, passando para a máxima do dia, de R$ 2,0320, logo após o comunicado.
"Eu acho que o BC deu um 'bom dia' para o mercado. Ele quer deixar bem marcado que não vai deixar espaço para nenhuma ousadia dos 'players' para puxar o dólar para baixo", afirmou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
A autoridade monetária vendeu 33 mil da oferta de até 60 mil contratos de swap cambial reverso --operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro-- no leilão realizado nesta terça-feira, com o objetivo de rolar até 59.800 contratos com vencimento em 1º de novembro. Com isso, foram rolados 55,2% dos papéis que vencem na data.
Por se tratar apenas de uma substituição de contratos, o efeito sobre a cotação do dólar é limitada, mas evidencia a determinação do BC em manter o dólar acima de R$ 2, piso informal que foi consolidado após uma série de intervenções. O BC interveio com força em meados de setembro para evitar que o dólar caísse abaixo desse piso, repetindo a ação no início de outubro, desta vez com o dólar num nível um pouco mais distante do piso, em torno de R$ 2,016.
A demanda pode ter sido menor, segundo o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovidio Soares, porque a tendência do dólar continua de queda. Com isso, o mercado fica receoso de apostar na valorização da moeda norte-americana e deter contratos de swap reverso, exigindo um prêmio alto para isso --o qual o BC pode optar por não pagar.
Além disso, na avaliação de Soares, o BC pode estar antecipando entradas pontuais de fluxo que poderiam pressionar o dólar para baixo e, por isso, anunciou a rolagem com antecedência. Por isso, acrescentou, a autoridade monetária poderá anunciar outros leilões para rolar o restantes desses contratos.
"Acho que o BC sabe o que está fazendo: acredito que ele tem dados que não temos e acho que ele ainda quer o dólar acima de R$ 2", disse Soares. "O humor está ruim lá fora. Os resultados corporativos que haviam sido bons no início da temporada estão ficando ruins, e então temos um 'sell-off' nas bolsas e uma corrida para o dólar", afirmou Nehme, da NGO.
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