Economia

Vale quer sócios para seus projetos no Brasil

Mineradora busca parceiros para plantas de fertilizantes, níquel e cobre

RIO - A Vale vai reduzir investimentos, sair de projetos que não lhe dão retorno e continuar implementando corte de custos diante do cenário incerto de preços de minério de ferro e metais no mercado internacional, disse nesta quinta-feira o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani. Além disso, vai buscar sócios em diferentes frentes, que incluem projetos de fertilizantes, níquel e cobre no Brasil.

A anúncio foi feito um dia depois que a maior produtora de minério de ferro do mundo divulgou redução de 57,8% no seu lucro líquido no terceiro trimestre, impactado pelo forte recuo dos preços do minério.

- Estamos olhando todas as possibilidades exceto minério de ferro. Queremos parcerias até para preservar os investimentos e viabilizá-los. Queremos fazer mais por menos - disse Siani.

Siani disse que os investimentos no próximo ano serão menores que os realizados este ano, mas descartou grandes alterações nos planos da empresa.

- Quando a Vale fala em desinvestimento, não se deve esperar nada excitante. O investimento em 2013 continuará sendo o maior da indústria de mineração e o maior investimento privado do Brasil - disse Siani.

Nos primeiros nove meses deste ano, os investimentos da Vale totalizaram US$ 12,3 bilhões, alta de 8,4% em relação ao mesmo período de 2011.

Entre os projetos na mira da Vale para possível desinvestimento está o empreendimento de níquel na Nova Caledônia, ilha no sul do Pacífico. Mais cedo a Sumitomo Metal Mining e a Mitsui, parceiros da Vale no projeto, anunciaram que vão reduzir investimentos.

- No primeiro trimestre de 2013 nós vamos discutir e decidir se essa operação é viável em termos de capacidade e em termos de crescimento - disse o diretor-executivo de Metais Básicos e TI da empresa brasileira, Peter Poppinga.

Na quarta-feira, a Vale anunciou que colocou em revisão o escopo e o cronograma do projeto de ferro Simandou, com potencial gigante, na Guiné, por dificuldades com o governo local e por haver "incertezas demais".

A Vale reiterou que o projeto de expansão de Carajás, Serra Sul, e de carvão Moatize, em Moçambique, são prioridade absoluta. Com a expansão Carajás --Serra Sul é um projeto de 90 milhões de toneladas anuais de minério--, a Vale diz que vai recuperar participação de mercado perdida nos últimos anos.

Para se concentrar em suas prioridades, a mineradora disse deverá seguir com desinvestimentos em algumas áreas menos importantes.

Ele afirmou que a companhia está tentando mitigar todos os riscos do projeto Rio Colorado, um empreendimento bilionário de potássio na Argentina. Ao contrário de Simandou, o projeto Rio Colorado continua no portfólio de principais projetos, com previsão de início de operação no segundo semestre de 2014.

- Estamos ativamente buscando parceiros para o projeto - disse Siani.