21/10/2012 08h30 - Atualizado em 21/10/2012 08h30

Dilma Rousseff veta nove itens do novo Código Florestal brasileiro

Agricultores terão que regularizar propriedades no Cadastro Ambiental Rural. No Congresso, as opiniões sobre as mudanças se dividem

Do Globo Rural

O Diário Oficial da União publicou, na quinta-feira (18), o texto do Código Florestal com as mudanças feitas pelo Governo. A presidente Dilma Rousseff vetou nove itens da proposta que foi aprovada pelo Congresso Nacional.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, explicou como a medida foi formulada: “Nós nos balizamos por três diretrizes que modelavam o debate entre o Congresso e o Governo. Primeiro, que não levasse à anistia de quem desmatou ilegalmente. Segundo, que a gente pudesse ter a presença do homem no campo, já que não queremos levar a inviabilidade da propriedade rural. E, por último, que nós não levássemos a novos desmatamentos”.

A agricultura familiar teve um tratamento diferenciado. Nas Áreas de Preservação Permanente (APPS), por exemplo, na beira de rios e lagos, o produtor que tem até quatro módulos fiscais poderá ter 50% de árvores exóticas, em meio às espécies nativas, mas elas terão que ser culturas permanentes. Nas fazendas com mais de quatro módulos, as APPS só podem ter a vegetação nativa. Cada módulo fiscal mede de cinco a 110 hectares, dependendo da região do país.

A recomposição da reserva legal poderá ser feita em todas as propriedades com 50% de árvores exóticas, desde que estejam misturadas com a vegetação nativa e sejam culturas permanentes.

No caso das matas ciliares, na beira dos rios, as propriedades de um a dois módulos fiscais terão que recompor oito metros de vegetação em cada margem; as de dois a quatro módulos, 15 metros; e as com mais de quatro módulos, de 20 a 100 metros de vegetação, dependendo da largura do rio. A lei também estabelece os parâmetros para a regularização ambiental nas propriedades.

Com a assinatura presidencial do novo Código Florestal, começa a valer o prazo para os agricultores fazerem o Cadastro Ambiental Rural. Quem não fizer esse cadastro não poderá pegar empréstimos em bancos. O agricultor terá um prazo de um ano para fazer o cadastro e, depois, mais um ano para aderir ao Plano de Regularização da Propriedade.

No Congresso, as opiniões se dividiram depois do anúncio das mudanças. O deputado da bancada ruralista, Ronaldo Caiado anunciou que o partido dele, o DEM, vai entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. "O Congresso foi totalmente anulado. Então, nós recorreremos à essa decisão no STF para que possamos resgatar a prerrogativa do Congresso Nacional de legislar”, afirmou Caiado.

Já a senadora Kátia Abreu, que também é presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), aprovou as faixas de recomposição de mata em beira de rios para as médias e grandes propriedades. “Cinco metros para cá e cinco metros para lá, diante da grandeza dos pontos que avançamos graças ao Congresso Nacional, à Câmara e ao Senado... não podemos abrir mão dessa vitória”, defendeu.

O coordenador da frente parlamentar ambientalista, o deputado Sarney Filho, acredita que o aumento da faixa de reflorestamento é importante para a preservação do meio ambiente. “Talvez não faça diferença para quem tem muita terra, mas na proteção, dez metros a mais é significativo. Tanto é que quiseram reduzir.

A Frente Parlamentar da Agropecuária decidiu se reunir depois do segundo turno das eleições municipais para avaliar os vetos da presidente e analisar a possibilidade de tomar alguma atitude em relação a eles.

tópicos:
veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de