20/11/2012 14h52 - Atualizado em 20/11/2012 17h42

Acordo para cessar-fogo em Gaza ainda não está finalizado, diz Israel

Trégua mediada pelo Egito deve começar à 0h local, segundo palestinos.
Escalada de violência matou mais de 125 em uma semana no território.

Do G1, com agências internacionais

O cessar-fogo entre Israel e militantes palestinos na Faixa de Gaza ainda não foi finalizado, e "o jogo ainda não terminou", disse Mark Regev, porta-voz do governo israelense, à CNN nesta terça-feira (20).

Pouco antes, uma autoridade do Hamas havia anunciado o acordo para a trégua começar ainda nesta terça.

Ayman Taha, autoridade do grupo palestino, disse que a trégua, mediada pelo Egito, iria ser declarada às 19h GMT (17h do horário brasileiro de verão) e começar a vigorar três horas depois, à meia-noite local. Fontes da Jihad Islâmica, outro grupo militante, confirmaram a informação.

O presidente egípcio, Mohamed Morsi, havia dito pouco antes que a trégua estava "próxima".

O primeiro-ministro egípcio, Hisham Kandil, disse à Reuters na segunda-feira que um cessar-fogo poderia estar próximo.

A expectativa da trégua fez Israel adiar uma possível investida terrestre ao território palestino, segundo fontes israelenses, mas os bombardeios de lado a lado continuaram nesta terça.

Desde o início da ofensiva israelense, no dia 14 de novembro, cerca de 120 palestinos morreram em Gaza e 920 ficaram feridos. Quatro civis e um militar israelenses morreram nos disparos de foguetes a partir do território palestino.

Ao menos 18 menores perderam a vida desde o início dos bombardeios aéreos israelenses na Faixa de Gaza, segundo o Centro Palestino para os Direitos Humanos.

Palestinos observam estragos provocados por bombardeios a casa de militante do Hamas nesta terça-feira (20) em Rafah, na Faixa de Gaza (Foto: AP)Palestinos observam estragos provocados por bombardeios a casa de militante do Hamas nesta terça-feira (20) em Rafah, na Faixa de Gaza (Foto: AP)

Ramez Harb, dirigente militar da Jihad Islâmica, morreu no bombardeio a um centro de imprensa no centro da Cidade de Gaza, segundo fontes no movimento.

Na Cisjordânia, um palestino ferido pelo Exército israelense durante uma manifestação de solidariedade a Gaza morreu na segunda-feira. Os soldados israelenses mataram outro palestino em Hebron, depois de um dia de manifestações palestinas, segundo fontes palestinas.

Foram as primeiras vítimas na Cisjordânia desde que Israel iniciou a ofensiva.

Diplomacia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu enviar a secretária de Estado, Hillary Clinton, que está em Phnom Penh, no Camboja, a Israel, Egito e Ramallah, em uma iniciativa para tentar conter a escalada da crise.

Na segunda à noite, a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, anunciou que Washington não aprovará um texto do Conselho de Segurança que prejudique, na visão do país, os esforços para um cessar-fogo.

A Rússia acusou os Estados Unidos de uma tentativa de obstruir a iniciativa.

Segundo a imprensa israelense, o país desejava observar uma trégua de 24 a 48 horas para que as partes possam elaborar um cessar-fogo duradouro.

Israel poderia ainda aliviar o bloqueio na Faixa de Gaza, um dos pedidos dos palestinos.

Segundo uma rede de televisão israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está de acordo em aprovar o documento, e um fim das hostilidades estaria em perspectiva em 24 horas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pediu a todas as partes no conflito de Gaza a interrupção imediata da violência, que segundo ele ameaça toda a região. Ele já está em Israel para começar conversas com autoridades do país.

Espera-se que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, chegue à noite.

Panfletos
Apesar da expectativa de trégua, a Força Aérea israelense lançou panfletos em vários bairros da cidade de Gaza nesta terça, ordenando aos habitantes que abandonem suas casas "imediatamente".

"Para sua própria segurança, devem sair imediatamente de suas casas e seguir para o centro da cidade de Gaza", afirmam os panfletos escritos em árabe, que especificam os caminhos que devem ser utilizados.

O texto não especifica os motivos, mas garante a segurança de todos aqueles que seguirem as instruções.

Como começou?
No dia 14 de novembro, uma operação militar israelense matou o chefe do braço militar do grupo Hamas na Faixa de Gaza, Ahmed Jaabali. Segundo testemunhas, ele dirigia seu carro quando o veículo explodiu. Seu guarda-costas também morreu.

mapa gaza 19/11 (Foto: 1)

Israel afirma que Jaabali era o responsável pela atividade "terrorista" do Hamas - movimento islâmico que controla Gaza - durante a última década. Após a morte, pedidos imediatos por vingança foram transmitidos na rádio do Hamas e grupos militantes menores alertaram que iriam retaliar. "Israel declarou guerra em Gaza e eles irão carregar a responsabilidade pelas consequências", disse a Jihad Islâmica.

No dia seguinte à morte de Jaabali, foguetes disparados de Gaza mataram três civis israelenses, aumentando a tensão e ampliando o revide aéreo de Israel - que não descarta uma operação por terra. Os bombardeios dos últimos dias, que já atingiram a sede do governo do Hamas na operação chamada de "Pilar defensivo", são a mais intensa ofensiva contra Gaza desde a invasão realizada há quatro anos na região, que deixou 1.400 palestinos mortos e 13 israelenses.

Acredita-se que a metade dos mortos sejam civis, o que desperta críticas à ação de Israel. O país alega que os membros do Hamas se escondem entre a população civil.
 

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