Rio

Polícia invade Complexo do Alemão

Policiais hasteiam bandeira do Brasil no alto do teleférico do Alemão. Foto: Bruno Gonzalez
Policiais hasteiam bandeira do Brasil no alto do teleférico do Alemão. Foto: Bruno Gonzalez

RIO - A polícia hasteou no início da tarde de domingo uma bandeira do Brasil no alto do teleférico do Alemão, como símbolo da ocupação do conjunto de favelas. Por volta das 9h30m deste domingo, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, informou que todo o Complexo do Alemão já estava tomado pelas polícias militar, civil e federal, além de homens das Forças Armadas. Cerca de 2.600 agentes participaram da invasão à comunidade, que começou às 8h. Os criminosos não ofereceram resistência.

As forças de segurança vasculham toda a comunidade em busca de traficantes. Dez toneladas de maconha foram apreendidas . Oito pessoas foram presas tentando fugir pela galeria de águas pluviais. (Veja fotos do Complexo do Alemão tomado pela polícia)

(Confira a cronologia da ocupação da comunidade)

A coordenadora do Disque-Denúncia (2253-1177), Adriana Nunes, confirmou que o serviço recebeu ligações informando que traficantes poderiam estar tentando fugir do Complexo do Alemão por tubulações subterrâneas. A tubulação foi instalada pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O governador Sérgio Cabral, em entrevista à TV Globo, agradeceu o empenho dos policiais e militares.

- Nós temos um trabalho que tem como principal objetivo recuperar 30 anos de abandono, de populismo, de confusão - disse, lembrando a união entre governo federal, estado e município.

Por volta das 10h, a polícia já havia chegado ao topo do morro. No primeiro momento, a estratégia foi ocupar o Morro do Adeus, que fica em frente ao Complexo do Alemão. Para lá foram homens do 22º BPM e do Comando Geral.

( Vídeo: Autoridades iniciam a ocupação no Complexo do Alemão )

Você acha que a invasão da polícia ao Complexo do Alemão vai devolver a calma à região?

Vejas as fotos da invasão ao Complexo do Alemão

- Agora é a hora da paciência de verificar casa por casa, beco por beco. Nós temos todas as suspeitas do mundo que há muita gente aí daqueles que fugiram (da Vila Cruzeiro). Eles, até o momento, não enfrentaram (a polícia). Preferiram fugir, o que não significa que não estão preparando uma armadilha para as nossas equipes. O trabalho mais difícil vem agora - disse o camandante-geral da PM.

- Nós vencemos. Trouxemos paz para a comunidade do Alemão - afirmou.

Na ação, foram apreendidas pelo menos dez toneladas de drogas e granadas no Complexo do Alemão.

Logo após o início da ação, a Polícia Civil já havia tomado uma área central do Complexo do Alemão, conhecida como Areal, e outra área conhecida como Coqueiral.

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Dois helicópteros da polícia apoiaram a ação.

- Um helicóptero é de combate e um segundo filma as ações, apontando onde os traficantes onde estão escondidos. A maioria já se abrigou dentro das casas - afirmou o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski. 'Apenas o início da operação foi um momento crítico'

Policiais na aeronave atiraram contra alvos na comunidade para facilitar a entrada da polícia. Na Avenida Itararé, todo o comércio está fechado, com exceção de uma única padaria onde moradores acompanham a operação.

Turnowski informou que antes de homens da Polícia Civil e de delegacias especializadas entrarem no complexo, um helicóptero fez um primeiro sobrevoo. Ele pediu calma aos moradores do Alemão:

- É para ter calma que a Polícia Civil tem muita experiência nesse tipo de ação. A gente consegue diferenciar o bandido do morador. É ter calma, a polícia está chegando - afirmou.- Está tudo dentro do planejado. A gente acredita que a ação vai ser mais rápida do que o esperado. A entrada foi mais tranquila do que a gente poderia esperar.

Policiais estão em pontos estratégicos da favela e da cidade para evitar a fulga de traficantes. Enquanto homens da Polícia Civil entraram no Complexo do Alemão, soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) aguardaram do lado de fora para invadir o local em veículos blindados da Marinha, pilotados por Fuzileiros Navais, o que aconteceu por volta de 8h30m. Alguns soldados estão com o rosto pintado. Entre homens do Bope há atiradores de elite.

Uma van atravessada em uma das ruas de acesso a Grota impediu a entrada de um destes blindados da Marinha. Policiais tiveram que arrastar o veículo o para permitir o acesso das tropas.

Apesar do risco de tiroteios, moradores acompanham a invasão pela janela das casas.

- A nossa ordem é manter a técnica. Faremos a invasão com cuidado, proteção e cautela. Nossa missão tem que ser executada. O trabalho é difícil - disse o comandante do Bope, coronel Paulo Henrique Moraes, logo no início da ação.

O delegado Rodrigo Oliveira, chefe das delegacias especializadas, disse que a população pode festejar a tomada do Complexo do Alemão, mas que a comunidade ainda não está pacificada:

- A população do Rio já pode comemorar. Mas não temos a pretensão de achar que em duas ou três horas nós conseguimos pacificar o Complexo do Alemão. A situação é de aparente tranquilidade. Apenas o início da operação foi um momento crítico. A população deve continuar ajudando com denúncias e informações à polícia. Leia mais:

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