12/12/2012 12h47 - Atualizado em 12/12/2012 13h08

Fluxo de dólares vira e país 'perde' US$ 1,35 bi no início de dezembro

Dados do começo deste mês foram divulgados pelo Banco Central.
Em novembro, houve ingresso de US$ 4,87 bilhões no Brasil.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Depois de registrar, em novembro, a maior entrada líquida de dólares no país em sete meses, o fluxo cambial mudou de rumo, e dezembro começou com saída da moeda, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Banco Central. Entre os dias 1º e 7, o país "perdeu" US$ 1,35 bilhão. Em novembro, a o fluxo cambial ficou positivo em US$ 4,87 bilhões.

No fim do ano, geralmente recua o volume de exportações e as empresas e pessoas físicas elevam um pouco sua demanda por moeda norte-americana.

Um valor mais alto para o dólar gera melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras, uma vez que suas exportações ficam mais baratas. As compras do exterior, por sua vez, ficam mais caras. Um aumento na cotação do dólar, porém, também têm outros efeitos, como gerar mais pressões inflacionárias.

Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país que foi registrada no começo de dezembro, segundo analistas, teoricamente favorece a alta do dólar. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar maior.

O que se vê no começo deste mês, entretanto, é um movimento inverso. No fim de novembro, o dólar estava cotado a R$ 2,13. Perto das 12h50 (horário de Brasília) desta quarta-feira, o preço da moeda norte-americana estava em R$ 2,08 para a venda.

A explicação são as medidas adotadas pelo governo na última semana para conter facilitar o ingresso de dólares no país - que aliviaria a pressão de alta da moeda norte-americana. Na terça-feira (4), o Banco Central informou que os exportadores que desejarem receber antecipadamente por suas vendas externas, nos chamados pagamentos antecipados (PA), deverão enviar o produto ao exterior em até 1.800 dias. Pela regra anterior, baixada em março deste ano, o prazo era de 360 dias.

Decreto presidencial publicado há uma semana, na quarta-feira da semana passada, no "Diário Oficial da União", por sua vez, informa que os empréstimos buscados no exterior com prazo de até um ano estará sujeitos à aliquota de 6% do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). Até o momento, a alíquota maior valia somente para captações no exterior com prazo de até dois anos.

Declarações do BC
Sinais de que o BC não quer que a moeda norte-americana suba acima de R$ 2,10 aumentaram desde a semana passada por conta de declarações de integrantes da diretoria da autoridade monetária.

Na segunda-feira (10), o diretor de Política Monetária da instituição, Aldo Mendes, declarou que a autoridade monetária disse que a taxa de câmbio ainda tinha alguma "gordura". "O dólar está um pouco acima do que seria ideal de acordo com nosso modelo. Mas modelo é modelo”, disse. 

Ontem, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o regime de câmbio flutuante, que teoricamente vigora no Brasil, pelo qual o preço do dólar oscila de acordo com o volume de compra e de venda da moeda no país, não deve ser visto como "incentivo" para apostas que "exacerbem a volatilidade" (um forte sobe e desce) da taxa de câmbio.

"Houve uma mudança nos últimos 12 meses. Ele [câmbio] está mais depreciado do que estava lá atras. O que interessa nesse processo não é o câmbio nominal, mas o real. Se fosse objetivo desvalorizar nominalmente, o que se ganha com isso [em competitividade para as empresas] se perde com a inflação. Qualquer movimento que tenha ocorrido, que seja preservado o controle da inflação", acrescentou o presidente do Banco Central. 

Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação; e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Os números do BC mostram que o fluxo comercial registrou saída de divisas de US$ 1,24 bilhão no começo de dezembro. Ao mesmo tempo, foi contabilizada a entrada de US$ 107 milhões por meio da conta financeira no início deste mês.

Acumulado do ano
No acumulado deste ano, até novembro, ainda segundo números do Banco Central, houve um ingresso de US$ 22,15 bilhões na economia brasileira. Apesar de o saldo ainda estar positivo, houve uma forte queda de 66,9% na entrada de recursos no Brasil neste ano, visto que, entre janeiro e novembro do ano passado, US$ 66,97 bilhões entraram no país.

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