Economia

Em 2013, aplicações que rendem acima da Selic entram na mira

Mais arriscados, fundos imobiliários, de inflação e multimercados estão entre as sugestões de gestores

José Eduardo Araújo, da GAP Asset Management: gestores estão se adaptando ao novo cenário de juros
Foto: Agência O Globo / Pedro Kirilos
José Eduardo Araújo, da GAP Asset Management: gestores estão se adaptando ao novo cenário de juros Foto: Agência O Globo / Pedro Kirilos

RIO — Depois de um ano inteiro de cortes nos juros — e nos ganhos das aplicações de renda fixa —, 2013 começa com a dúvida: onde investir as economias para ter uma aposentadoria tranquila ou realizar um sonho? O GLOBO consultou gestores de fundos e butiques em busca das melhores apostas para 2013. São quatro as aplicações mais citadas: fundos de investimento imobiliário (FIIs), fundos de inflação (que oferecem como remuneração o IPCA mais juros prefixados), fundos de dividendos (empresas que distribuem uma boa parcela de seus lucros) e os fundos multimercados (que podem investir em variados ativos e estratégias).

Segundo o sócio-fundador da Rio Bravo, Paulo Bilyk, os investimentos na mira são basicamente associados a recebimento de uma renda ou que têm remuneração acima dos títulos públicos. É importante lembrar que os juros básicos do país (Taxa Selic) estão no menor patamar da História, de 7,25% ao ano. E todos os gestores apostam em juro estável em 2013.

— Os ativos que vão ajudar a vida do investidor são os que pagam um prêmio sobre a Selic. É uma realidade inescapável. Aplicações mais simples não rendem mais como no passado — explica Bilyk.

Renda fixa ‘apimentada’

Um dos investimentos mais badalados do segundo semestre de 2013 foi o fundo imobiliário. São fundos que compram lojas de um shopping ou escritórios de um prédio comercial, por exemplo. O investidor que tem cotas ganha quando as lojas ou os escritórios pagam o aluguel ao fundo. Nessa hora, a cota se valoriza.

— É um produto de liquidez menor, mas que fez muito sucesso em 2012. Tem a vantagem de isenção tributária e paga uma renda mensal, trimestral ou semestral, por exemplo. Os aluguéis também são corrigidos pela inflação anualmente, o que representa uma forma de defesa contra a corrosão. Pagam taxas de 8 a 9% ao ano — explica Carlos André, diretor de gestão da BB DTVM.

Outra aplicação entre as sugeridas por gestores são os fundos multimercados, que tradicionalmente no Brasil funcionam como uma renda fixa “apimentada”, sem assumir grandes riscos. Segundo José Eduardo Araújo, da GAP Asset Management, os gestores estão se adaptando ao novo cenário de juros e buscando formas de melhorar o resultado.

— Esses gestores terão condição de buscar oportunidades na Bolsa, por exemplo. Com um cenário internacional ainda tumultuado na Europa e nos EUA, isso vai ser importante — explica o gestor da GAP.

Também relacionado à renda variável, os gestores têm recomendado ações que pagam bons dividendos (lucros das empresas distribuídos aos acionistas). Esses lucros chegam a superar os juros básicos. Neste caso, contudo, o risco é maior e depende do perfil de cada investidor comprar ou não.

Segundo Eduardo Haber, sócio fundador da Advis Wealth Management, o planejamento financeiro será imprescindível neste e nos próximos anos. Ele sugere a todos rever suas carteiras de investimentos, diversificar produtos, assumir um pouco mais de riscos.

— Rever as carteiras, claro, pode exigir auxílio de profissionais. É preciso saber diversificar, investir em produtos que não sejam correlacionados. Por exemplo, investir em dois fundos multimercados com estratégias semelhantes — diz.

Defesa contra inflação

Entre os investimentos que ele recomenda aos clientes estão títulos públicos federais indexados à inflação, com prazo de vencimento mais longo, que são um pouco mais voláteis, mas que remuneram melhor o capital do investidor. É o caso dos títulos chamados Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-Bs).

— São fundos interessantes considerando que a inflação segue elevada e o ganho real do investidor se aproxima de zero — afirma Haber.

O mercado prevê atualmente o IPCA em 5,42% ao fim de 2013, segundo a média das projeções compiladas pelo boletim Focus, realizado semanalmente pelo Banco Central. Ou seja, acima do centro da meta de 4,5%, mas abaixo do teto de 6,5% para 2013.

Economistas avaliam que a economia brasileira deve se recuperar no novo ano, efeito das medidas adotadas pelo governo no ano que termina hoje, como as desonerações tributárias. Para Fernando Cunha, da JGP Investimentos, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços da economia) deve crescer 3,2% em 2013, contra uma alta de apenas 1% em 2012.

— Mas esse crescimento ocorre num contexto de incertezas sobre o impasse fiscal nos Estados Unidos. Na Europa, o cenário continua adverso, com queda do PIB e incertezas na Grécia e Espanha— acrescenta Cunha.