Luis Suárez surpreendeu o mundo do futebol ao voltar aos gramados
menos de um mês após operar o joelho. Em um período menor ainda, ele
jogou por terra a chance pela qual lutou de forma tão árdua. A mordida
em Chiellini no confronto com a Itália acarretou uma suspensão por nove
jogos, além de ser banido por quatro meses de qualquer atividade ligada
ao futebol. É o maior gancho da história da Copa do Mundo. O "recorde"
anterior era do italiano Mauro Tassotti, suspenso por oito partidas por
ter quebrado o nariz de Luis Henrique, da Espanha, em 1994.
Segundo comunicado da Fifa, Suárez fica proibido de frequentar estádios durante a Copa e terá de cumprir os nove jogos de
suspensão em jogos oficiais da seleção uruguaia. De acordo com a chefe de comunicação da entidade,
Delia Fischer, após os quatro meses Suárez poderá disputar amistosos com
a seleção e atuar normalmente pelo Liverpool, seu clube na Inglaterra. As transferências, entretanto, não são afetadas por esse banimento por quatro meses.
Fora da Copa do Mundo, o jogador uruguaio pode
recorrer e, em circunstâncias especiais, o julgamento pode ocorrer até sábado. Porém, de acordo com o artigo 124 do Código Disciplinar da
Fifa, o efeito suspensivo do recurso só é aplicável ao pagamento da
multa de 100 mil francos suíços (cerca de R$ 250.000). A punição já vale
para a partida das oitavas de final, entre Uruguai e Colômbia, sábado,
no Maracanã. O Comitê Disciplinar enquadrou o jogador nos artigos 48
(conduta antidesportiva) e 57 (comportamento ofensivo e fair play) do
código. O afastamento de qualquer atividade relacionada ao futebol por
quatro meses é regulada pelo artigo 22 do Código Disciplinar.
O lance da mordida em Chiellini aconteceu aos 35 minutos do segundo
tempo. Depois de cruzamento na área, Suárez fingiu que disputaria a
bola com o zagueiro, mas mordeu o ombro esquerdo do italiano. O árbitro
mexicano Marco Rodríguez nada viu e não puniu o uruguaio.
Essa não é a primeira vez que Luis Suárez está envolvido em um caso
de mordida em um companheiro de profissão. Quando ainda jogava pelo
Ajax, da Holanda, o uruguaio mordeu o atacante Bakkal, do PSV, em 2010.
No ano passado, o jogador do Uruguai repetiu o ato jogando pelo
Liverpool contra o zagueiro sérvio Ivanovic, do Chelsea. Por ser
reincidente, pegou dez jogos de suspensão. Todos os casos anteriores
foram levados em consideração para a aplicação da pena.
- Esse comportamento não pode ser tolerado em
nenhuma competição, muito menos na Copa, com os olhos do mundo voltados
para a competição - afirmou Claudio Sulser, presidente do comitê
disciplinar da Fifa, em comunicado lido no briefing diário promovido
pela Fifa no auditório do Maracanã.
Liverpool emite comunicado
Clube pelo qual Suárez joga, o Liverpool, da Inglaterra, lançou uma declaração oficial, por meio do diretor executivo Ian Ayre, sobre a decisão do Comitê Disciplinar da Fifa sobre a punição.
- O Liverpool vai esperar até vermos e analisarmos o relatório do Comitê antes de fazer qualquer outro comentário - afirmou o dirigente.
De acordo com o jornal uruguaio "Ovación", a estratégia de defesa
dos uruguaios baseou-se na argumentação de que não houve mordida, mas
apenas um choque casual de jogo, sem poder precisar exatamente se no
ombro, na nuca ou no pescoço do defensor italiano. Além disso, a defesa
sugeriu que o defensor italiano já tinha uma lesão no ombro.
Ainda segundo a publicação uruguaia, foram apresentados vídeos,
fotos e textos jurídicos para defender o jogador, que ficou em Natal e
não deu qualquer tipo de declaração. Já o diário “El Observador”
informou que uma carta de 17 páginas foi apresentada ao tribunal.
Nada disso, porém, serviu para convencer o comitê formado por
19 integrantes, muitos deles de países sem grande tradição no futebol. O
presidente é o suíço Claudio Susler, o vice é Kia Tong Lim, de
Singapura. E os demais são de Venezuela, Paraguai, Congo, Estados
Unidos, África do Sul, Argélia, Eslovênia, Irlanda do Norte, Tonga,
Equador, Panamá, Ilhas Cayman, Ilhas Cook, Paquistão, Suécia e
Austrália.