Economia

Fatia de importados na economia brasileira bate recorde em 2012, aponta CNI

Coeficiente de importações na indústria registra 21,6%, o que para a entidade mostra perda de competitividade dos produtos brasileiros

BRASÍLIA – A participação dos produtos importados na economia brasileira bateu novo recorde em 2012, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de penetração das importações foi de 21,6%, o mais alto desde o início da série histórica da pesquisa, em 1996. O percentual ficou 2,1 pontos percentuais acima de 2011.

Para Marcelo Azevedo, economista da CNI, o aumento da participação dos importados torna cada vez mais evidente a perda de competitividade da indústria nacional. Os setores mais atingidos foram bens de informática, bens de capital, eletrônicos, óticos, máquinas e materiais elétricos, farmoquímicos e farmacêuticos.

— Esse aumento dos importados reflete a perda de competitividade e, em uma série histórica mais longa, também o câmbio. Isso dificulta a recuperação da atividade econômica brasileira — disse Azevedo, referindo-se ao real valorizado frente ao dólar, que torna mais baratas as importações

Por outro lado, houve reduções, ainda que pequenas, na penetração dos importados em setores como derivados de petróleo, biocombustíveis e madeira. No caso do petróleo, os economistas da CNI avaliam que a queda se deve à ampliação do prazo de registro das importações da Petrobras, em meados do ano passado.

Participação das exportações no faturamento da indústria também cresceu

Já o coeficiente de insumos importados, que corresponde à participação desses produtos no total de insumos adquiridos pela indústria nacional, foi de 23,2% no ano passado, um aumento de 1,9 ponto percentual em relação a 2011 e recorde da série anual, iniciada em 1997.

Entre os setores mais afetados estão informática, eletrônicos e ópticos, automóveis, farmoquímicos e farmacêuticos. Também cresceu, pelo terceiro ano consecutivo, o coeficiente de exportação, que mede a participação das vendas externas no faturamento da indústria. O índice foi de 20,6%, o maior desde 2007, quando o coeficiente foi de 20%.

“A desvalorização cambial ocorrida no início do ano e as desonerações tributárias em vários setores da indústria de transformação deram suporte aos maiores ganhos com as receitas provenientes das exportações”, destacou a CNI.

Para o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, o fato de a penetração dos importados ter crescido mais do que o coeficiente de exportações mostra que a indústria brasileira não só está perdendo mercados lá fora, como sofre com a concorrência das importações no Brasil.

— O Brasil possui uma ineficiência sistêmica que precisa ser combatida, como tributação dos investimentos, uma carga tributária elevada e complexa, custos trabalhistas altos, uma educação básica ruim.