30/07/2014 11h02 - Atualizado em 30/07/2014 15h14

Campos promete governar sem trocar ministérios por apoio político

Candidato participou de sabatina na Confederação Nacional da Indústria.
Presidenciável afirmou que, se eleito, não aumentará a carga tributária.

Filipe Matoso e Felipe NériDo G1, em Brasília

O presidenciável do PSB, Eduardo Campos, durante sabatina na Confederação Nacional da Indústria, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)O presidenciável do PSB, Eduardo Campos, durante sabatina na Confederação Nacional da Indústria, em Brasília (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta quarta-feira (30), ao participar de sabatina promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que o chamado "presidencialismo de coalizão" vai levar o Brasil “para trás”.

Campos usou a expressão para se referir às alianças do governo com várias siglas com representação no Congresso, que, segundo ele, atendem mais aos interesses partidários que aos do país.

O ex-governador de Pernambuco criticou a relação do governo federal com os partidos e a troca de ministérios por apoio político no Congresso. Ele disse que essa prática não existirá no governo, caso seja eleito. A uma plateia de empresários da indústria, o candidato prometeu ainda não aumentar a carga tributária e disse que na primeira semana de governo apresentará ao Congresso um projeto de reforma tributária (leia mais abaixo).

Quero aqui assumir um compromisso diante dos senhores. Também serei o primeiro presidente da República que não vai aumentar a carga tributária do país."

Campos também criticou a indicação de “apadrinhados políticos” para a ocupação de vagas em agências reguladoras. Para o candidato, é preciso que as indicações sejam por questões de mérito e competência.

“O atual padrão político de governança no Brasil esclerosou, faliu, e não vai dar uma nova agenda de competitividade para a indústria brasileira […] O presidencialismo de coalizão só vai levar o Brasil para trás”, disse o candidato. "Com essa politica que está aí, não vamos fazer nada renovador no Estado brasileiro. Vamos é desconstruir o que foi feito nos últimos 30 anos", afirmou.

Segundo ele, é preciso começar a fazer a transição para "outro patamar da política" no Brasil. "O Brasil não aguenta mais quatro anos acompanhado de [José] Sarney, de [Fernando] Collor, de Renan [Calheiros], de pessoas que estão se impondo ao Brasil”, afirmou.

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Ao final da sabatina, Campos voltou a chamar atenção para a necessidade de reformulação na política do país.

"A primeira de todas as mudanças é a mudança política que o Brasil reivindica, porque ela vai dar possibilidade de o Brasil ser governado de outra forma. Não são necessários 39 ministérios para governar o Brasil, não são necessários 22 mil cargos comissionados para governar o Brasil e não é necessário que o Brasil fique de joelhos à chantagem política”, concluiu.

Economia
Em sua fala, Campos atacou a política econômica do governo federal e afirmou que o país precisa recuperar o crédito que perdeu no mundo nos últimos quatro anos. Ele defendeu também que se faça “profunda reflexão” sobre a atual situação econômica do Brasil. Na avaliação de Campos, o governo e a indústria precisam discutir novas agendas para o setor.

“É fundamental que possamos ter no Brasil a produtividade do setor público, do setor privado, que hoje é baixíssima, e a produtividade não é chegar distribuindo ministérios para uma porção de partidos políticos”, disse.

Ele também ressaltou que, na sua visão, o governo federal precisa investir mais em infraestrutura. "Desde 2002 que o investimento em infraestrutura pública e privada não passa de 2,5 % do PIB. Precisamos alavancar esse investimento para algo em torno de 3,5 a 5 %.

Reforma tributária
O candidato do PSB reiterou uma promessa que tem feito desde que começou a campanha: apresentar ao Congresso um projeto de reforma tributária na primeira semana de seu eventual governo.

"Nós precisamos fazer a reforma. Serei o presidente da República que vai encaminhar a reforma tributária na primeira semana de governo ao Congresso. Ela entrará em vigor em alguns aspectos imediatamente, em outros, de forma sequenciada", afirmou.

Campos também disse que se compromete, caso seja eleito, em não aumentar a carga tributária. "Quero aqui assumir um compromisso diante dos senhores. Também serei o primeiro presidente da República que não vai aumentar a carga tributária do país."

Aumento no combustível
Na entrevista coletiva após a fala para os empresários, Campos disse que o governo está segurando o preço tanto da gasolina quanto da conta de energia para que haja aumento só depois das eleições. Segundo ele, estão sendo feitos empréstimos às empresas de energia elétrica que só poderão ser pagos com o aumento das tarifas. “O governo atual está segurando isso até outubro", afirmou.

"O Brasil está vivendo um momento em que o governo está fazendo as empresas do setor elétrico tomarem dinheiro emprestado, viabiliza como vai emprestar  esse dinheiro e diz: ' como é que vocês vão pagar esse empréstimo?' 'Com o aumento da energia.' Quando é que ele [o aumento] vem? Depois da eleição", disse o candidato.

Campos também criticou os subsídios que o governo dá ao setor de energia. “A gasolina, a energia, estão recebendo um subsídio. Sabe quanto é que estimam que está custando ao Brasil segurar o preço da gasolina e da energia? Algo em torno de R$ 100 bilhões, R$ 100 bilhões é quase três vezes o dinheiro que o SUS reivindica. É mais do que o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação prevê."

Indagado sobre a crise na Petrobras, o presidenciável do PSB destacou que, na opinião dele, há uma “gestão por conveniência” na estatal do petróleo. Campos elogiou o corpo técnico da empresa, mas ressaltou que há problemas de planejamento na Petrobras.

“[A Petrobras] Tem corpo técnico de grande qualidade, é uma empresa muito maior do que as circunstâncias que ela vive hoje e que será muito importante para o desenvolvimento do país. O que ela precisa é ser respeitada no seu planejamento”, disse.

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