09/01/2013 12h38 - Atualizado em 09/01/2013 12h53

Brasil tem o menor ingresso de dólares dos últimos 4 anos em 2012

No ano passado, US$ 16,7 bilhões entraram na economia brasileira, diz BC.
Em março de 2012, Dilma manifestou preocupação com 'tsunami monetário'.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A entrada de dólares no Brasil em 2012 foi a menor dos últimos quatro anos, segundo números divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central. De acordo com a autoridade monetária, a entrada da moeda estrangeira no país superou a saída em US$ 16,75 bilhões em todo ano passado – uma queda de 74,3%, ou R$ 48,5 bilhões, em relação a 2011, quando a entrada de dólares foi de US$ 65,27 bilhões.

O dado confirma o que já era previsto: na última quinta-feira, o BC já divulgara dados do fluxo cambial de 2012, faltando apenas a contabilização do movimento registrado no dia 31 de dezembro.

Em 2008, período em que a economia mundial foi castigada pela primeira etapa da crise financeira, cujo início foi marcado, em setembro daquele ano, pelo anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, houve a saída de US$ 983 milhões da economia brasileira. Em 2009 e 2010, houve ingresso, respectivamente, de US$ 28,73 bilhões e de US$ 24,35 bilhões no Brasil.

'Tsunami monetário'
Em março deste ano, a presidente da República, Dilma Rousseff, chegou a manifestar preocupação com o que classificou de "tsunami monetário", fenômeno que se caracterizaria por uma forte entrada esperada de dinheiro vindo de países desenvolvidos – que aumentaram o volume de moeda em circulação para combater os efeitos da crise financeira e estimular o nível de atividade.

Depois do ingresso de US$ 25 bilhões no Brasil nos quatro primeiros meses deste ano, o volume de ingresso, após também medidas anunciadas pelo governo brasileiro naquele momento, começaram a ficar menos intensos e os dólares também passaram a sair do Brasil. Entre maio e dezembro, houve a retirada de US$ 8,56 bilhões do Brasil. Com isso, o "tsunami monetário" acabou não acontecendo.

Impacto na cotação do dólar
A entrada de recursos no país registrada em 2012, segundo analistas, teoricamente favoreceria a queda do dólar. Isso porque, com mais dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar menor. O que se viu no ano passado, entretanto, foi um movimento inverso. 

No início de 2012, o dólar estava sendo negociado a R$ 1,86, passando para o patamar de R$ 1,90 em maio e acima de R$ 2 em junho. Permaneceu na faixa de R$ 2,03 a R$ 2,04 entre agosto e novembro, mas em dezembro avançou para um patamar acima de R$ 2,10. No fim do ano, porém, fechou em R$ 2,04. Todos os valores têm por base a Ptax (cotação média do dia) do BC.

A explicação para o fato do dólar ter subido em 2012, mesmo com uma oferta maior de moeda norte-americana, foi a influência do governo federal. Além de ter comprado US$ 11 bilhões no mercado à vista no ano passado e outros US$ 7 bilhões no mercado a termo (volume maior do que o ingresso de US$ 16,7 bilhões registrado em 2012), o governo tomou várias medidas, ainda nos primeiros meses do ano passado, para impedir que os dólares que estavam ingressando naquele momento no país tivessem impacto na cotação.

Mais recentemente, porém, começou a reverter essas medidas. No mês passado, quando a cotação superou a barreira dos R$ 2,10, o governo começou a reverter essas medidas, favorecendo um ingresso maior de moeda norte-americana no Brasil - aplacandou um pouco a pressão de alta do dólar. O BC também atuou com leilões no mercado futuro (que tem correlação com o preço do dólar a vista).

Um valor mais alto para o dólar gera melhores condições de competitividade para as empresas brasileiras, uma vez que suas exportações ficam mais baratas. As compras do exterior, por sua vez, ficam mais caras. Um aumento na cotação do dólar, porém, também têm outros efeitos, como gerar mais pressões inflacionárias.

Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação; e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.

Os números do BC mostram que o fluxo comercial registrou entrada de divisas de US$ 8,3 bilhões em todo ano passado. Ao mesmo tempo, foi contabilizado o ingresso de outros US$ 8,3 bilhões por meio da conta financeira no ano de 2012.

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