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Escolas particulares com diferentes perfis serão tema de debate no Educação 360

Seminário internacional promovido por GLOBO e "Extra" ocorrerá nos dias 5 e 6 de setembro, no Rio

Autonomia. Na Escola Parque, os alunos são estimulados a interferir no que o professor ensina
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Fabio Rossi
Autonomia. Na Escola Parque, os alunos são estimulados a interferir no que o professor ensina Foto: Fabio Rossi

RIO - Na hora de matricular o filho em uma escola particular, os pais precisam pesar uma série de fatores. Há uma gama de bons colégios no Rio, com linhas educacionais bastante diferentes. Algumas instituições optam por aulas e ambientes descontraídos e participativos. Outras pregam disciplina e foco no conteúdo. Aos pais, cabe a tarefa de decidir qual a proposta pedagógica mais adequada para a sua criança.

Esses critérios e práticas que distinguem escolas particulares serão debatidos num dos muitos encontros do Educação 360 — seminário internacional promovido por O GLOBO e “Extra”, em parceria com Sesc, Fundação Getulio Vargas e Prefeitura do Rio, com apoio do Canal Futura, nos dias 5 e 6 de setembro. O debate terá a presença de Maria Elisa Pedrosa, supervisora pedagógica do Colégio São Bento, e Patrícia Konder Lins e Silva, diretora da Escola Parque. A mediação ficará a cargo da educadora Andrea Ramal, da PUC-Rio.


Conteúdo. Estudantes do Colégio São Bento durante uma aula: instituição tem as melhores médias do Rio no Enem
Foto: Divulgação
Conteúdo. Estudantes do Colégio São Bento durante uma aula: instituição tem as melhores médias do Rio no Enem Foto: Divulgação

— Não existe a escola ideal, mas aquela que é mais adequada ao perfil da criança e dos seus pais — afirma Andrea Ramal. — É preciso que eles se identifiquem com a proposta pedagógica. Um filho que mantém uma relação de igual para igual com os pais, por exemplo, pode não se adaptar a um modelo de ensino com rígidos limites de disciplina.

Patrícia Lins e Silva, da Escola Parque, afirma que a parceria entre pais e escola é fundamental para o desenvolvimento dos alunos. Mas essa parceria só é firmada quando o projeto pedagógico de ambas as partes está alinhado:

— Antes de escolher uma escola, o pai precisa saber o que ele quer para o seu filho. Que pessoa ele quer que o filho se torne. E a escola tem que corresponder a essa expectativa.

Na Escola Parque, ela explica, o professor trabalha muito mais como um facilitador do conhecimento. E atua, principalmente, para formar um aluno crítico, propondo desafios para estimular a curiosidade e a autonomia do grupo. A escola parte de uma proposta construtivista, segundo a qual o saber é obtido através de um processo de construção e criação. Daí a importância de se instigar a curiosidade do aluno.

— O professor é um orientador. E o aluno deve interferir no que o professor ensina — afirma a diretora. — No caso de uma aula sobre poluição, o professor pode questionar sobre a despoluição de um rio, por exemplo. É quando aluno e professor caminham juntos em busca de uma solução. O professor não pode apenas chegar a uma constatação.

Já o Colégio São Bento, tradicional instituição católica exclusiva para meninos e que há anos registra as melhores notas do Rio no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é conhecido pelo seu rigor disciplinar. Segundo a supervisora pedagógica, Maria Elisa Pedrosa, uma boa gestão em sala deve prezar pela organização.

— O aluno precisa reconhecer a autoridade do professor. A gente preza muito o limite. É preciso saber falar na hora certa e escutar — afirma Maria Elisa. — As regras são colocadas muito claramente.

Rankings e avaliações

Outro ponto que divide educadores é a interferência de rankings e avaliações externas na elaboração da grade curricular. Há quem diga que o ensino médio se tornou um mero preparatório para o vestibular. Mas não se pode ignorar o fato de que um bom desempenho numa avaliação como o Enem pode vir a ser decisiva para uma melhor colocação profissional do estudante.

Em dez anos, o Colégio São Bento foi cinco vezes o primeiro colocado no ranking nacional do Enem. Este resultado, segundo a supervisora pedagógica, é conquistado por meio de simulados no terceiro ano do ensino médio e de um ensino de base de qualidade.

— Os simulados são importantes para que o aluno saiba administrar bem o seu tempo na hora da prova. Mas o que será determinante para sua aprovação é o conhecimento que ele adquire a vida toda, que não deve ser apenas voltado para o exame — diz Maria Elisa. — O aluno do nono ano do ensino fundamental tem aulas de cultura clássica. E no ensino médio história da arte e apreciação musical são disciplinas obrigatórias.

A Escola Parque também dedica esforços à preparação de seus alunos para o Enem, mas encara esta tarefa como uma missão secundária. A instituição foi a 24ª colocada no último ranking carioca do Enem.

— Ranking é uma coisa sem sentido. Não queremos ser o primeiro lugar. O que nós queremos é formar o aluno através do questionamento — afirma Patrícia. — Uma mente ágil toma gosto pelo conhecimento. A frequência à escola não pode virar uma coisa burocrática.

Para Andrea Ramal, a decisão por uma escola deve levar em conta também outras avaliações, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que considera a proficiência dos alunos, a infraestrutura do colégio e a formação dos professores.

— É importante para o responsável consultar as notas da escola e a média do estado na internet — orienta Andrea Ramal. — É preciso preparar o aluno para o mundo.