23/10/2012 17h53 - Atualizado em 23/10/2012 18h06

Cenário global impede meta de inflação mais ambiciosa, diz Tombini

Segundo ele, se houvesse menos liquidez, risco inflacionário seria muito.
Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação do BC é de 4,5%.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo

Tombini falou para empresários e investidores em São Paulo  (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Tombini falou para empresários e investidores em
São Paulo (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira (23) que o cenário internacional não possibilita reduzir neste momento a meta de inflação brasileira para os próximos anos.

"Se houvesse muito menos liquidez, o risco [inflacionário] seria muito menor,e poderíamos ser talvez mais ambiciosos”, afirmou durante encontro com empresários e investidores em São Paulo, após ser questionado sobre o fato da meta brasileira ser superior a de diversos outros países.

Segundo Tombini, o mundo está vivendo um processo "de grande injeção de liquidez", com os principais bancos centrais injetando um maior volume de dinheiro nos países, o que acaba tendo um impacto direto nas economis dos países emergentes.

Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação do BC é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Em 2011, o IPCA ficou em 6,50% – no teto do sistema de metas do governo brasileiro.

Durante o encontro, Tombini foi questionado sobre a possibilidade de redução dessa meta.

"Temos que ter ambição em algum dia ter a inflação um pouco mais convergente com nossos principais parceiros comerciais. Acho que isso no médio e longo prazo faz a diferença, mas no momento temos que consolidar este patamar [da meta central]", afirmou. "Temos que estudar com cuidados isto nos próximos anos para ver se podemos dar esse passo na direção de uma meta de inflação menos diferente da dos principais parentes comerciais", acrescentou.

Tombini defendeu o regime de metas de inflação. "O regime de metas se consolidou, comprovou ser o que melhor se adequa à realidade brasileira e a um ambiente global em que os choques têm sido cada vez mais frequentes e intensos", disse.

Em seu discurso, o presidente do BC destacou que o crescimento da economia brasileira "já está ganhando mais velocidade" e que o cenário para 2013 é de aceleração com "inflação sob controle".

"A inflação está sob controle e se desloca na trajetória das metas estabelecidas, ainda que este processo não seja um processo linear. No momento vivemos uma reversão, mas a tendência é de convergência para o centro da meta de inflação”, afirmou o presidente do BC.

Momento é de 'continuar investindo e consumindo'
Tombini afirmou ainda que os impulsos dados à atividade econômica nos últimos meses ainda não se refletiram em sua totalidade e defendeu que o momento é "de continuar investindo e consumindo no país".

Segundo ele, a expansão da classe média e os projetos de infraestrutura previstos para os próximos anos "criam oportunidades e desafios para o futuro próximo".

"É o momento de olhar mais para dentro [do país], independentemente do ambiente internacional, e continuar investindo e consumindo no país", disse.

Dependência da economia chinesa
No cenário internacional, o presidente do BC voltou a afirmar que a perspectiva continua sendo de baixo crescimento econômico por um período prolongado, e que a Europa continua sendo a principal fonte de preocupação, mesmo com os avanços registrados nos últimos tempos.

Para Tombini, a desaceleração do ritmo da economia chinesa contribue para o recrudescimento do comércio internacional, mas a tendência para o crescimento chinês é de um “pouso suave”. O presidente do BC afirmou também que é exagerada a percepção de que a economia brasileira é dependente da China.

“Há uma percepção, ao meu ver extremada, de que a economia brasileira é dependente da chinesa”, disse, destacando que as exportações brasileiras representam apenas 10,7% do PIB do país e que do total das vendas para o exterior, 17,7% têm como destino o mercado chinês, o que representa algo em torno de 2% do PIB brasileiro.

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