29/01/2013 16h31 - Atualizado em 29/01/2013 19h04

Mercado antecipa tempo melhor para minério de ferro, diz diretor da Vale

China e bens de capital dão ânimo, diz diretor de relação com investidores.
Diretor de finanças vê preço do minério em até US$ 180 no longo prazo.

Lilian QuainoDo G1, no Rio de Janeiro

"O otimismo do mercado financeiro nos últimos três meses significa que os mercados estão antecipando melhores tempos para o minério de ferro no mundo", segundo o diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, disse nesta terça-feira (29) em seminário na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de Capitais (Apimec).

O diretor-executivo de Finanças e de Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, prevê a médio e longo prazo o preço do minério de ferro no patamar de US$ 110 até US$ 180 por tonelada, enquanto o mercado projeta preços entre US$ 90 a US$ 130, com média de US$ 100.

O diretor acredita num melhor cenário para o minério de ferro a partir de algumas incertezas da economia mundial que foram eliminadas como a possibilidade ruptura do euro, que geraria grande crise mundial, e a perspectiva da bolha de ativos imobiliários na China que poderia levar à recessão.

“A economia chinesa desacelerou bastante, atingindo seu ponto mais baixo nos últimos 13 anos em 2012, mas no quarto trimestre mostrou recuperação. Não esperamos taxas fantásticas de 10% ou 12% ao ano, esperamos 6% a 7% daqui alguns anos, o que é fantástico, é como criar um Brasil em alguns anos”, disse o diretor sobre a China, maior importador de minério de ferro do Brasil.

Para ele, o impacto do crescimento da economia chinesa atinge fortemente os países exportadores de commodities como o Brasil. Outro sinal de boas perspectivas para metais e minérios é o aumento de encomendas de bens de capital, segundo Castello Branco.

“As vendas de varejo estão crescendo. Com a inflação em queda no mundo o poder de compra está aumentado e a produção industrial global dá sinal de recuperação” disse.

Ele ressaltou que houve um período de consumo de estoques em que a produção indústria se retraiu e a demanda por minérios e metais foi menor. “Agora as encomendas de bens de capital aumentam e é um bom sinal para a demanda por minérios e metais”, completou.

China e EUA
Ainda sobre a China, o executivo explicou que a economia vem se recuperando porque houve aumento de oferta de crédito na segunda metade de 2012. “A China começa a desenvolver um mercado financeiro mais amplo de modo informal, não inteiramente dependente de bancos oficiais. Isso está injetando liquidez na economia”, disse.

Ele explicou que os setores de infraestrutura e construção civil são responsáveis pelo consumo de 60% do aço na China, com grande impacto no minério de ferro. Os dois setores vêm crescendo na economia chinesa, disse Castello Branco.

Também a economia americana pode representar boas perspectivas para o minério de ferro. Para o executivo da Vale, o setor privado dos EUA está passando pela revolução do gás natural, representando o renascimento da indústria americana.

“O setor industrial americano com energia barata do gás natural tende a ser uma alavanca para recuperação da economia americana. Apenas a questão não resolvida da dívida cria incertezas”, disse.

Preço do minério
O diretor-executivo de Finanças e de Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, diz que a Vale quer “retomar a liderança em minério de ferro com operações eficientes de baixo custo”.

Falando a investidores, ele disse que o projeto Serra Sul, na Serra de Carajás, poderá entregar minério de ferro para embarque ao custo de US$ 15 dólares por tonelada. Serra Sul estará com capacidade plena em 2018, produzindo 450 milhões de toneladas. 

Siani disse que a Vale reconhece que tem um potencial latente que não vem se realizando, principalmente em expansões futuras de minério de ferro, que não cresce desde 2007.  A aposta maior da companhia é na expansão da produção de minério de ferro em Carajás, com investimento de US$ 2 milhões.

“Estamos concentrados em fazer menos coisas para fazer melhor”, disse ele ainda sobre os ativos de que a companhia vêm se desfazendo, como duas minas de níquel de alto custo no Canadá.

Visão neutra do mercado
Felipe Hirai, analista do Bank of America Merril Lynch, explicou que a visão do setor de mineração dos investidores, que era  negativa, hoje é mais neutra, “na medida em que a recuperação de preços se confirme com corte de custos e racionalização de processos das empresas mineradoras”.

Segundo Felipe, as mineradoras desde 2010 vêm sofrendo grande pressão por parte de acionistas, governos e mercado, o que levou as empresas a fazerem ajustes importantes. “Hoje há uma nova realidade. O foco das empresas agora não é mais ser a maior, mas a mais lucrativa. Porém, acho que isso ainda não se refletiu nas ações”, disse o analista.

O diretor da Vale Roberto Castello Branco disse que 2012 foi excelente para a companhia em termos de licenças ambientais. A Vale obteve cem licenças que permitiram a abertura de novas minas, principalmente em Carajás, que tem o maior teor de minério de ferro do mundo, explicou o diretor.

“Em poucos anos poderemos ter um teor médio de ferro de 66% no  minério”, disse, explicando que o teor já teve baixa chegando a pouco mais de 64%.

Sobre redução de custos e proteção ao meio ambiente, o diretor disse que em Carajás a empresa adotou a mineração sem caminhões. “Isso é revolucionário, reduz o consumo de combustível, a emissão de gases e os custos. Outro exemplo usado em maior escala desde algum tempo em Carajás é a mineração a seco. A Vale reutiliza 65% da água que consome”, explicou.

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