France Presse

15/12/2012 16h51 - Atualizado em 15/12/2012 16h51

Newtown, cidade devastada pelo massacre de 26 pessoas em escola

France Presse

NEWTOWN, Estados Unidos / Connecticut, 15 dez 2012 (AFP) - Os moradores de uma pequena cidade do estado de Connecticut permanecem em estado de choque neste sábado com o massacre de 20 crianças e seis adultos numa escola na sexta-feira, um dos ataques mais graves contra um centro de ensino na história dos Estados Unidos.

Um jovem fortemente armado abriu fogo e matou 18 crianças dentro da escola fundamental Sandy Hook, afirmou o porta-voz da polícia do estado de Connecticut, Paul Vance. Outras duas crianças morreram no hospital em consequência dos ferimentos.

Também morreram seis adultos na escola, segundo o porta-voz, antes da morte do autor dos disparos, vestido com roupas camufladas e colete, segundo a imprensa local. Até o momento não foi informado se ele cometeu suicídio ou foi alvo de tiros da polícia.

Entre os mortos estão a diretora da escola, Dawn Hochsprung, e a psicóloga, Mary Scherlach.

A matança aconteceu em menos de 20 minutos a partir das 09h30 da sexta-feira, quando o assassino parou o carro no estacionamento da escola.

A imprensa americana identificou o atirador como Adam Lanza, de 20 anos, a quem a polícia confundiu antes com seu irmão mais velho, Ryan, de 24, porque levava seu documento de identidade no momento da matança.

Os acontecimentos posteriores continuam confusos, mas o jornal The New York Times sustenta que o autor dos disparos não teve dificuldades para superar todas as medidas de segurança da escola porque a diretora teria aberto a porta para ele, pois conhecia a mãe de Adam, ex-professora na escola. A polícia, ao contrário, afirmou este sábado que ele entrou na instituição à força.

Munido de duas pistolas automáticas e um fuzil de assalto, Lanza concentrou os ataques em duas salas de aula, onde a maioria das 20 vítimas fatais tinha entre 5 e 10 anos.

A polícia foi alertada 'por volta das 09h30'. 'Policiais de serviço e de folga' chegaram imediatamente ao local, segundo um comunicado das forças de ordem.

A notícia se espalhou rapidamente entre os pais dos cerca de 700 alunos que frequentavam a escola, muitos dos quais correram para o local para recuperar os filhos, provocando uma longa fila de carros nos acessos ao centro de ensino.

Forças de intervenção entraram na escola quebrando várias janelas, revistando sala por sala do edifício e começaram a evacuar as crianças.

O porta-voz da polícia disse que só um dos feridos sobreviveu e que o autor dos disparos foi incomumente preciso e metódico no momento de abrir fogo.

'Pensei que todos íamos morrer', declarou uma professora à emissora ABC, contando que se escondeu no banheiro com seus 15 alunos pequenos.

Uma jovem estudante contou à rede de televisão WCBS ter ouvido os disparos, mas não sabia de onde vinham. 'Estava no ginásio nesse momento. Ouvimos vários 'bangs' e pensamos que era o zelador derrubando coisas. Ouvimos gritos', contou.

'Então, a polícia entrou. 'Está aqui?' E ele saiu correndo. Então, alguém gritou, 'Vão para um lugar seguro!' e nos enfiamos no armário do ginásio e ficamos ali por um tempo', contou, enquanto seus pais se aproximavam, atordoados. 'Então a polícia bateu na porta': 'estamos evacuando as pessoas'. Saímos correndo', acrescentou.

A polícia encontrou morta em casa a mãe de Lanza, aumentando o número de vítimas a 27. Ela tinha sido professora em Sandy Hook e foi executada antes de Adam ir para o centro de ensino.

O corpo sem vida de Adam Lanza foi encontrado às 09h50, segundo a emissora CNN, elevando o total de mortos no massacre para 28. Aparentemente, ele se suicidou, depois de provocar uma tragédia que não durou mais de 20 minutos.

Todas as vítimas foram identificadas e os corpos foram retirados do centro de ensino durante a noite, informou neste sábado o porta-voz da polícia de Connecticut, Paul Vance.

'A investigação aconteceu durante toda a noite. Nosso objetivo era identificar todas as vítimas para aliviar as famílias. Nossos policiais trabalharam toda a noite e conseguiram identificar todas as vítimas', declarou ao canal CBS.

Horas depois do massacre, centenas de pessoas se reuniram para uma vigília na igreja de Newtown, que ficou lotada. Muitas pessoas acompanharam o ato do lado de fora do templo.

'É uma comunidade que realmente se une quando acontecem coisas como esta', disse o pároco Robert Weiss durante a missa. Durante a vigília, foi lida uma carta do Papa Bento XVI.

'Peço ao nosso Deus pai que console aqueles que choram a perda de um ser querido e que apoie toda a comunidade com a força espiritual que se impõe à violência através do perdão, da esperança e do amor reconciliador', escreveu o Papa.

David Connors, cujos trigêmeos estavam na escola durante o tiroteio, mas que escaparam ilesos, disse que está horrorizado. 'É duro. Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer aqui', disse.

'Nossa fé foi colocada à prova', afirmou o governador do estado, Dan Malloy.

'Não necessariamente nossa fé em Deus, mas nossa fé na comunidade e em quem somos, no que representamos coletivamente', acrescentou.

Na primeira declaração após a tragédia, o governador havia dito que 'o mal visitou hoje esta comunidade'.

O presidente Barack Obama tentou conter as lágrimas na sexta-feira ao falar sobre o massacre e disse que estava devastado.

Neste sábado, Obama pediu aos americanos que sejam solidários com os familiares das vítimas do massacre e pediu 'medidas decisivas' para evitar estas 'tragédias'.

'Este fim de semana, Michelle e eu estamos fazendo o que sabemos que todo pai está fazendo: mantendo nossos filhos o mais perto possível e recordando o quanto os amamos', disse Obama, pai de Sasha, 10 anos, e Malia, 14.

'Há famílias em Connecticut que não podem fazer isto hoje. E eles precisam de todos nós agora', completou Obama em seu programa semanal de rádio.

bur-mar-sms/fp/mvv

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