Economia

PT acusa governos tucanos de boicotar queda da tarifa de energia

Para integrantes do diretório do partido, PSDB defendeu o capital em detrimento do interesse público

BRASÍLIA - O PT vai adotar fortemente o discurso de que o PSDB está boicotando a tentativa do governo da presidente Dilma Rousseff de reduzir em 20% as tarifas de energia elétrica no ano que vem. Em moção de apoio aprovada nesta sexta-feira pelo Diretório Nacional à medida provisória (MP) 579, o PT diz que desde que a presidente Dilma anunciou, dia 7 de setembro, que a conta de luz ficaria mais barata para a população e empresas, setores do grande capital passaram a combater a iniciativa.

Integrantes do Diretório Nacional do PT disseram que o PSDB assumiu a defesa do capital em detrimento dos interesses da população de baixa renda. E dizem que coube ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumir a linha de frente da defesa das grandes empresas do setor elétrico que não aderiram as novas regras de concessão do setor elétrico.

- Não tínhamos como fugir disso. O Aécio carimbou a discussão e vai ser difícil ele se livrar desse carimbo. Eles, os tucanos, já estão tendo dificuldades para explicar essa posição para a população - disse o ex-deputado Carlos Abicalil (PT-MT).

O documento do PT cita explicitamente os governadores do PSDB Geraldo Alckmin (SP), Beto Richa (PR) e Antonio Anastasia (MG), que estariam contra redução do preço da energia que daria competitividade à indústria do país, geraria empregos e estimularia o crescimento econômico.

“Apesar disso, estes governadores do PSDB e seus aliados - derrotados nas últimas eleições e de olho numa revanche em 2014 - são contra a conta de luz mais barata. Assim, colocam seus interesses econômicos e eleitorais acima do bem da população e do empresariado que está com a presidenta nesta batalha, que dá continuidade à difícil redução dos juros e da carga tributária”, diz o documento.

A moção aprovada pelo PT diz que “a redução do preço da energia, além de reivindicação antiga da indústria, tem grande impacto no custo de vida e na qualidade de vida do povo, principalmente na dos mais pobres. Além disso, energia mais barata significa baixar o ‘custo Brasil’, que, para a elite conservadora, é sinônimo apenas de salário, leis trabalhistas e gastos sociais”.

O Diretório Nacional conclamou ainda a a militância a mobilizar-se em defesa da aprovação da MP 579. “O DN orienta também parlamentares e dirigentes a se manifestarem em todas as tribunas e espaços públicos. O DN solidariza-se, ainda, com os (as) trabalhadores (as) do setor elétrico, que apoiam a presidenta e lutam para garantir trabalho decente e energia de qualidade, sem demissões, terceirizações e precarização – como ocorreu após as privatizações do setor sob FHC”.

O documento do PT explica que para conseguir baixar a conta de luz, numa média de 20%, o governo propôs a antecipação dos contratos de concessão que venceriam em 2015 e 2017. “Em troca, ofereceu às empresas de energia, cuja lucratividade é astronômica, indenização por investimentos feitos no passado e que não puderam ser “compensados”.

Algumas empresas resistiram ao acordo, alegando que perderiam muito dinheiro. Por coincidência, são empresas controladas por governos do PSDB: a CESP, de São Paulo (Geraldo Alckmin), a Cemig, de Minas Gerais (Anastasia/Aécio Neves), e a Copel, do Paraná (Beto Richa).