26/02/2013 17h43 - Atualizado em 26/02/2013 17h51

Medo de inflação faz indústria reduzir investimentos em Campinas e região

Dados da Ciesp apontam que 46,7% das empresas investirão menos.
50% dos empresários esperam alta na inflação mesmo com projeção do BC.

Erick JulioDo G1 Campinas e Região

Prevendo uma alta na inflação em 2013, 46,7% das indústrias da Região Metropolitana de Campinas (RMC) planejam reduzir os investimentos ao longo do ano. Apenas 6,7% dos empresários estudam investir mais, o que representa metade da proporção de empresas que investiram no ano passado - 12,5 %.  A sondagem feita em janeiro foi divulgada, nesta terça-feira (26), pela regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

Segundo o diretor do Ciesp em Campinas, José Nunes Filho, as projeções negativas da indústria ocorrem devido ao pouco crescimento da economia brasileira no ano passado. “Essa previsão pessimista se deve ao desencanto de 2012. Foi um ano perdido para a indústria e não só da região. Nossos problemas começaram a ser ouvidos pelo governo apenas no fim do ano”, explica.

Embora o Banco Central tenha uma projeção de que a inflação será menor este ano, em comparação com 2012, 50% dos empresários da região de Campinas acreditam que será superior, influenciando a decisão de novos investimentos. Na mesma direção, 53% das indústrias alegaram que os custos com matéria-prima, peças ou componentes foram superiores ao mês de dezembro. O encarecimento dessas matérias-primas foi a principal reclamação das empresas, que apontaram perda de incentivos fiscais.

“Estamos trabalhando para melhorar as condições para indústria desde o passado. É pouco, mas algumas reivindicações o governo atendeu como a redução das tarifas da energia elétrica, que é uma grande conquista, além da queda dos juros”, apontou Nunes Filho.

Remédio certo para a crise
Para o diretor da Ciesp regional, a redução da tarifa da energia elétrica terá participação fundamental nos resultados deste ano, no entanto, o impacto final no balanço das empresas será diferente, uma vez que, algumas indústrias são mais dependentes energicamente do que outras.

“A diminuição no gasto com energia é importante, mas é preciso atacar questões como o custo dos encargos trabalhistas, que aqui no Brasil é um dos mais altos do mundo. Falta mais investimentos na infraestrutura para indústria como aeroportos, ferrovias e diminuir a dependência do combustível fóssil, o qual importamos ainda”, destaca.

Para Nunes Filho, o governo precisa usar o “remédio certo” para combater a crise econômica mundial. “Nesse período inflacionário, o governo optou em adotar o mesmo remédio da crise de 2009, que é o crédito para o consumo da linha branca, automóveis e material de construção. Se investir apenas no consumo e não na produção industrial, podemos ter uma escalada nos juros, que compromete a competitividade da indústria nacional”.

Empregos
Após a demissões de 100 funcionários em janeiro de 2012, a indústria nas 19 cidades que compõem a RMC tiveram uma retomada na geração de emprego e fecharam balanço no mesmo mês deste ano com 600 contratações. Os dados também fazem parte do balanço divulgado pela regional Campinas do Ciesp.

"Recebemos essa notícia de alta com bastante supresa e satisfação. É um sinal de que as medidas do governo no fim do ano surtiram efeito. Temos hoje um canal aberto com os governos federais estaduais e municipais muito bom, e isso é importante para o crescimento da indústria na região", destacou Nunes Filho.

Apesar do balanço positivo no início de 2013, o acumulado dos últimos 12 meses representou redução de -3,2%, representando perda de 5.850 postos de trabalho. O índice do nível de emprego industrial da diretoria regional de Campinas foi influenciado pela variação negativa do setor têxtil (-22,16%) e de equipamentos de transportes (-18,28%) e pela variação positiva do setor de Máquinas e Equipamentos (3,54%), Produtos de Borracha e de Material Plástico (1,04%), Produtos Alimentícios (0,95%), Produtos Químicos (0,85%) e Veículos Automotores e Autopeças (0,45%), que são setores que mais influenciam no cálculo do índice total da região.

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