Edição do dia 21/08/2014

21/08/2014 17h10 - Atualizado em 21/08/2014 17h35

Desafio do Balde de Gelo tem como efeito colateral o desperdício de água

Em tempos de escassez, campanha traz reflexão sobre desperdício.
Ação viral conseguiu arrecadar em um mês quase US$ 16 milhões.

O Desafio do Balde de Gelo, que conseguiu arrecadar em um mês quase US$ 16 milhões para pesquisas sobre a esclerose lateral amiotrófica (doença degenerativa do sistema nervoso ainda sem cura), teve um efeito colateral no Brasil: o desperdício de água em tempos de escassez.

A intenção original da ação era desafiar as pessoas, sobretudo as celebridades, a tomarem um banho de balde de água gelada ou a doarem US$ 100 a entidades que se dedicam à pesquisa e ao apoio de doentes.

Saiba como contribuir para a campanha no Brasil

Para a comentarista de economia Flávia Oliveira, a iniciativa acabou perdendo o objetivo principal, que é estimular doações, tornando-se mero exibicionismo. Segundo ela, a situação do Brasil não permite o desperdício de água.

“No caso brasileiro, em particular, a gente está no meio de uma crise de abastecimento gravíssimo, quase inédito na história. Nós vivemos a menor incidência de chuvas no período de verão em 84 anos. Por isso, estamos com reservatórios de hidrelétricas em níveis baixíssimos, usando energia térmica, mais cara e mais poluente, que leva àqueles reajustes todos da conta de luz, em dois dígitos, acima de 20%, em várias concessionárias. Por outro lado, a gente tem a crise de São Paulo, onde já há racionamento de abastecimento de água em municípios do entorno da capital em razão do baixo nível dos reservatórios do Sistema Cantareira”, comenta.