Economia

Light e Ampla ficam entre as dez piores do país em ranking da Aneel

Interrupções no fornecimento de energia das duas companhias duraram mais que o permitido pela agência

RIO - Quatro em cada dez concessionárias de energia elétrica do país - ou 24 das 63, incluindo as de menor e maior porte - deixaram seus clientes às escuras em 2012 por mais tempo do que o tolerado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com levantamento feito pelo GLOBO a partir de dados divulgados pela agência reguladora do setor na Nota Técnica 0038/2013, publicada no fim do mês passado, e também em seu site, a situação foi pior que em 2011, quando 19 empresas (30%) ultrapassaram a duração máxima da interrupções no fornecimento de energia. As concessionárias do estado do Rio de Janeiro novamente ficaram entre as dez piores do ranking da Aneel. A Light deixou os clientes no escuro por 18 horas no ano passado, o dobro do permitido pela Aneel; a Ampla, 16 horas, contra um limite de 13 horas e 30 minutos.

A Nota Técnica traz o ranking das concessionárias de acordo com o porte. Os técnicos da Aneel reúnem os chamados indicadores de continuidade do serviço, ou seja, de duração e frequência das ocorrências de falta de luz (DEC e FEC), e calculam o Desempenho Global de Continuidade (DGC) da distribuidora. A lista é separada em 35 empresas que atuam no mercado acima de 1TWh e 28 que estão abaixo deste patamar.

A primeira no ranking da escuridão em 2012 foi a Celpa, do Pará, que deixou os consumidores, em média, 102 horas sem luz em 2012. No ano anterior, foram 99 horas. Em nota, a Celpa admitiu que a qualidade do serviço prestado está "longe da ideal" e explicou que, desde o ano passado, quando a atual administração assumiu a empresa, tem investido em melhorias - mas não revelou o valor. A concessionária afirmou ainda que mudar essa situação "requer tempo".

"Para reverter essa situação, estão sendo implantadas mudanças profundas no modelo de gestão da empresa e a retomada de investimentos em todo o Pará. Dessa forma, a empresa está implementando um plano de reestruturação, que inclui redução de custos, redesenho de processos e da estrutura organizacional, para torná-la mais ágil e para que haja recursos para fazer os investimentos necessários para a melhoria do fornecimento e do atendimento à população paraense", explicou a empresa, no comunicado.

A Light, que já havia admitido em fevereiro que não conseguiria cumprir a meta da Aneel, atribui os maus resultados principalmente às sobrecargas na rede provocadas pelos furtos de energia. A concessionária informou, em nota, que investiu cerca de R$ 3,8 bilhões na sua área de concessão entre 2006 e 2012, sendo que, no ano passado, foram aplicados R$ 796,8 milhões.

"Dentre o realizado se destacam os investimentos direcionados ao desenvolvimento de redes de distribuição e expansão, com o intuito de atender ao crescimento de mercado, aumentar a robustez da rede e melhorar a qualidade, no valor de R$ 338,5 milhões", diz a companhia.

A Ampla alegou, também em nota, que "atendeu à meta regulatória estabelecida". No comunicado, a concessionária destaca que investiu, nos últimos cinco anos, R$ 1,82 bilhão em obras de melhoria da rede de distribuição em toda a sua área de concessão, que abrange 33 municípios do estado do Rio.

"Esses investimentos já podem ser percebidos nos indicadores DEC e FEC, que medem a duração e a frequência das interrupções, respectivamente. Entre 2010 e 2012, o DEC (Duração Equivalente de Continuidade) apresentou melhora de 26% e o FEC (Frequência Equivalente de Continuidade), de 27%", diz a nota.

Nos três anos mencionados, a Ampla ficou acima dos limites previstos pelo órgão regulador para a duração de interrupções. Neste quesito, de 2008 a 2010, a piora foi de 80%. Em 2008, a empresa registrou a duração mais baixa de falta de energia desde que os dados passaram a ser contabilizados pela Aneel, em 2000: foram 13 horas e 12 minutos, abaixo do limite de 17 horas e 31 minutos.

Em 2010, as interrupções de fornecimento na área da concessionária somaram o equivalente a quase um dia inteiro (23 horas e 48 minutos), contra um limite de 15 horas e 22 minutos. Foi o maior número da empresa desde 2002, quando sua média de falta de luz bateu 24h18min. No ano seguinte, foram 19 horas e 15 minutos, contra o mesmo limite anterior.