23/01/2013 10h32 - Atualizado em 23/01/2013 11h23

Gasto de brasileiro no exterior soma US$ 22 bi em 2012 e bate recorde

Sobre o ano de 2011, recorde anterior, houve crescimento de 4,5%, diz BC.
Alta de emprego e renda favorecem despesas, mas dólar alto atua contra.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Expectativa dos mercados é que o dólar siga acima de R$ 2

Os brasileiros gastaram US$ 22,2 bilhões no exterior em todo o ano passado, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (23) – valor que representa novo recorde histórico. A série da autoridade monetária para este indicador tem início em 1947.

Em 2011, recorde anterior, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.

O aumento dos gastos no exterior está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de crescimento da economia brasileira. Para 2012, a previsão dos economistas dos bancos para o crescimento do PIB está em torno de 1% – abaixo dos 2,7% registrados em 2011 e dos 7,5% de 2010.

"A massa salarial real tem crescido em torno de 6%, tanto pelo aumento do salário quanto pelo aumento do emprego. Isso motiva gastos com viagens. Boa parte destes destinos são países com conjuntura econômica fragilizada. Abre-se a oportunidade de preços melhores em países europeus e também na economia americana [EUA]. A participação de cartão de crédito caiu de cerca de 60% em 2011 para 55% em 2012. Naturalmente, a incidência de IOF [com alíquota maior, instituído em 2012] tem influência", avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Mesmo com dólar alto
Os dados do BC também mostram que a alta do dólar, fator que encarece passagens e viagens ao exterior, entre elas com cartão de crédito, não tem impedido os brasileiros de gastarem mais lá fora.

No início de 2012, o dólar estava sendo negociado a R$ 1,86, passando para o patamar de R$ 1,90 em maio e acima de R$ 2 em junho. Permaneceu na faixa de R$ 2,03 a R$ 2,04 entre agosto e novembro, mas em dezembro avançou para um patamar acima de R$ 2,10. No fim do ano, porém, fechou em R$ 2,04. Todos os valores têm por base a Ptax (cotação média do dia) do BC.

A expectativa de analistas do mercado financeiro é que o dólar continue acima de R$ 2 neste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já informou que este valor seria o piso. Entretanto, também não esperam que suba muito mais. Quando o dólar avançou acima de R$ 2,10, no fim do ano passado, o BC atuou para conter o crescimento. A explicação é que o dólar mais alto poderia ter impacto na inflação.

Histórico de gastos no exterior
Até 1994, quando foi editado o Plano Real, que conteve a hiperinflação no Brasil, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Naquele ano, somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, as despesas no exterior oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.

Com a maxidesvalorização cambial de 1999, com o dólar subindo para acima de R$ 3 em um primeiro momento, as despesas no exterior também ficaram mais caras. Com isso, os gastos no exterior voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximos de US$ 3 bilhões.

As despesas de brasileiros no exterior voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano somente em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento. Em 2007, 2008 e 2009, por exemplo, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões.

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