23/01/2013 17h02 - Atualizado em 23/01/2013 22h18

Sindicato recua, mas GM avalia proposta por empregos insuficiente

Sindicato propôs redução de 40,6% no piso inicial na montadora.
Para direção da GM, propostas precisam garantir competitividade da planta.

Suellen FernandesDo G1 Vale do Paraíba e Região

Luiz Moan, representante da GM, durante entrevista coletiva após a reunião. (Foto: Suellen Fernandes/G1)Luiz Moan, representante da GM, durante entrevista coletiva após a reunião. (Foto: Suellen Fernandes/G1)

A decisão sobre o futuro dos 1.598 trabalhadores da General Motors de São José dos Campos , que estão com os empregos ameaçados por conta da possibilidade de fechamento do setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA), foi postergada para o próximo sábado (26). Apesar do avanço, a empresa avalia as propostas apresentadas pelos sindicalistas na reunião desta quarta-feira (23) como insuficientes para evitar as demissões.

No encontro, o último oficialmente previsto na rodada de negociações, o sindicato apresentou formalmente propostas como a redução do piso salarial para novos funcionários - dos atuais R$ 3.100 para R$ 1.840 -; flexibilização da jornada de trabalho com a possibilidade de inclusão diária de duas horas-extras adicionais (desde que solicitadas com pelo menos uma semana de antecedência); além da inclusão na convenção trabalhista do acordo para regulamentar o trabalho aos sábados de forma alternada.

 O sindicato também sinalizou a renovação de acordos como o da jornada 6 por 1, com domingo incluso em sistema de hora-extra, desde que com folga prevista durante a semana.

Um acordo também poderia ser fechado para evitar novos processos judiciais no chamado 'in itínere'  - que são horas consideradas extras que se caracterizam pelo tempo gasto no trajeto entre a empresa e o trabalho - e viabilizar acordo judicial para processos anteriores às negociações.

A extensão da licença remunerada dos 780 trabalhadores que estão em 'layoff ' (suspensão temporária dos contratos de trabalho) desde setembro também esteve em pauta. A medida asseguraria os empregos até que a empresa reorganize o planejamento para novos investimentos na planta.

Insuficiente
Os itens da pauta serão apresentados à direção da empresa nesta semana e uma decisão será tomada até sábado. Inicialmente a empresa pretende fechar o MVA, uma das oito fábricas do complexo industrial em São José dos Campos e que produz atualmente o Classic. 

Para que o acordo seja possível, a GM sinalizou que será necessária uma flexibilização maior das propostas.

Um dos itens que continua sendo alvo de impasse é a permissão para que a empresa possa adotar o banco de horas. "O mercado automobilístico é extremamente volátil. Tem fases de alta na produção, que seria só estender a jornada; mas tem fases em que há queda e, por isso, o mecanismo do banco de horas seria importante", disse Luiz Moan, gerente de relações institucionais da GM durante entrevista coletiva.

Segundo ele, o banco de horas já é adotado em todas as unidades da GM no país e também na maioria das montadoras concorrentes. Ele classificou as propostas como 'absolutamente insuficientes' e disse que, caso o acordo não seja fechado, as demais fábricas do compexo em São José também estariam ameaçadas no futuro.

Do lado de fora, manifestantes protestam pela manutenção dos empregos na montadora. (Foto: Carlos Santos/G1)Do lado de fora, manifestantes protestam pela manutenção dos empregos na montadora. (Foto: Carlos Santos/G1)

Além disso, Moan questiona o novo patamar salarial proposto pelos sindicalistas, que ainda está acima da média no Estado de São Paulo, que é de R$ 1.740.

Sindicato
Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos ,Luiz Carlos Prates, o 'Mancha', foi preciso fazer as concessões para continuar as negociações. "Estamos no limite, mas estamos dispostos a negociar", disse durante a coletiva. 

A categoria continua a cobrar a intervenção do governo federal na questão. "Independentemente do desfecho, vamos cobrar a Dilma para que empresas que recebam incentivos fiscais, como as montadoras, não possam demitir", disse Antônio Ferreira de Barros, o 'Macapá', presidente do sindicato.

Moan, da GM, cola adesivo contra as demissões na montadora em seu terno (Foto: Carlos Santos/G1)Moan, da GM, cola adesivo contra as demissões na
montadora em seu terno. Na foto, ele cumprimenta um 
representante do sindicato. (Foto: Carlos Santos/G1)

Para o líder sindical, a reunião desta quarta representou um avanço. "A empresa tinha como certa as demissões e o fechamento do MVA. É a primeira vez que a empresa vai levar o assunto para rediscutir com a direção. Enquanto isso vamos continar nossas mobilizações", afirmou.

Agenda
Às 10h teve início a prévia da reunião quando o secretário nacional de Relações do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo conversou separadamente com representantes da GM e, em seguida, com os representantes do sindicato. Todas as partes se reuniram, de fato, a partir das 11h15. O encontro terminou por volta das 16h15.

Entenda o caso
Desde agosto de 2012, ocasião em que foi anunciada a intenção de fechar a Montagem de Veículos Automotores (MVA), a empresa mantém 780 funcionários afastados em layoff - suspensão temporária dos contratos de trabalho. Outros 818 são mantidos na linha, que terá as atividades inicialmente encerradas no próximo dia 26 de janeiro.

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